Os tritões jaspeados, marmorados ou marmoreados, Triturus marmoratus (Amphibia: Caudata: Salamandridae) são muito lindos, verdes com manchas negras ou negros com manchas verdes, como se queira, e eu não faço a mais pálida ideia de como conseguem sobreviver no inverno, debaixo de gelo, devem suspender a respiração, a circulação, tudo, até ficarem só com vida latente, para no tempo de mais calor, como agora, em fins de maio-princípios de junho, virem saracotear-se para a tona de água, nos tanques de rega abandonados, onde só há insectos, porcarias e água da chuva, porque é só essa a água que têm, nos tanques que ainda se usam para regar as couves, as cenouras, as favas, as ervilhas, os feijões, as batatas, as alfaces, as abóboras, os tomates docinhos e os pimentos, nesses nunca vi anfíbios Caudata, estilo salamandras, que têm cauda, só tenho visto anfíbios Anura, estilo sapos e rãs, aqueles que não têm cauda, deve ser porque quando se abre o tanque para regar e se enche com água do poço, os ovos e os girinos saem do tanque e então não fica lá nada próprio para reprodução, e, coisa estranha, eu observo os tanques com a máxima atenção há bastante tempo, hei-de escrever sobre uma rã que conheço há três anos, e é uma rã, indivíduo, e não uma espécie, que é o conjunto de todos os indivíduos passados, presentes e futuros capazes de se reproduzirem entre si, agora já me perdi, mas é isso, eu nunca vi ovos nem girinos, quando dou conta já andam os tritões adultos ou jovens adultos a saracotear-se todos, e também nunca os vi em paradas nupciais, se algum dia vir hei-de fazer logo o vídeo, vale a pena ver então como eles saltam, rabiam, se enrolam nas fêmeas e até lhes nascem cristas nas costas, muito vivas e frementes, que é para as fêmeas as verem e darem por eles e então ficarem namorados, sim, porque sexo não há muito, não, para falar com franqueza, e espero que não fique mal dizê-lo, os tritões são muito bons nos preliminares, mas quando chegam a vias de facto, é uma tristeza, em vez de copularem com a fêmea, não, deixam esperma onde calha, nas ervas e nas pedras, e então a fêmea vai-se esfregar ali para os espermatozóides se agarrarem a ela e fertilizarem os ovos, e depois põem um ovo de cada vez, coisa parecida nunca eu vi nesses filmes eróticos e nem sequer ouvi falar de tal nos programas de educação sexual nas escolas, mas era bem preciso para todos aprendermos que há mil maneiras de fazer meninos.