Eu hoje vi uma salamandra em Britiande, pela primeira vez. E até pensei que não existissem por cá, mas não, o que é preciso é ter os olhos postos no piso dos caminhos e das estradas, é nele que aparecem os animais, infelizmente esborrachados, porque os carros lhes passam por cima, por isso compreendo que o Grupo do Lobo tenha conseguido pontes sobre as estradas para os lobos passarem por cima e não correrem o risco de ser atropelados. Parecem tolices, mas não são. Nós, humanos, não somos os únicos habitantes da Terra, não somos donos dela, não temos o direito de exterminar espécies. Depois, é quando desaparece certa espécie animal que percebemos que esse desaparecimento arrastou uma data de consequências desastrosas, como o desaparecimento de árvores e por isso da floresta. As salamandras são lindas, Salamandra salamandra gallaica é a subespécie que existe em Portugal, aliás há mais espécies de Salamandridae em Portugal, e de uma delas já eu tinha falado, pois também existe em Britiande, Triturus marmoratus. Além dos tritões, existem por cá a Chioglossa lusitanica, da família Chioglossidae, tão especial que até mereceu a Maria Estela Guedes e a Nuno Marques Peiriço a honra de protagonista do romance científico "Carbonários: Operação Salamandra - Chioglossa lusitanica Bocage, 1865" , e Pleurodeles walt. Temos ficha de todas estas espécies no TriploV, felizmente.
A Salamandra-de-pintas, também chamada Salamandra-comum, de seu nome completo e erudito era Salamandra salamandra gallaica. Neste momento, não sei, tenho de perguntar a alguém, já deve estar um bocado transmutadita do ponto de vista gramatical, pois a vi referida na Internet apenas como Salamandra salamandra. Não interessa: continua linda, com o corpo negro pintalgado de amarelo. Esta que morreu esborrachadita debaixo das rodas de um carro não tem poças de água nas proximidades, só os tanques de rega, mas ela afogava-se se fosse essa a sua origem, porque as salamandras são animais terrestres, as larvas é que se desenvolvem na água, e as mães nem põem ovos, põem as larvas, os embriões desenvolvem-se dentro dos ovos no interior do corpo das mães, por isso se diz que são animais ovovivíparos. Todos os outros anfíbios que se conhecem em Portugal são ovíparos.
A herpetofauna de Britiande começa a ficar expressiva, sobretudo depois de uma especialista, Raquel Ribeiro, me ter corrigido, dizendo que aquilo a que eu chamei Rana iberica realmente é o sapo-parteiro. Não temos a certeza, ainda é preciso confirmar. E ela identificou Anguis fragilis, a Cobra-de-vidro, numa pele que mostro em fotografia. Deve ser, mas o animal que eu tive nas mãos era dourado, portanto são duas espécies: Chalcides striatus e Anguis fragilis. Pena que eu não seja especialista para ir à caça de animais vivos e poder mostrar belas fotos, só apanho os esborrachados na estrada, e para contar belas histórias deles, sei muito pouquinho, mas, se o tempo permitir, para o ano já saberei mais um bocado.