Escritor, desenhador, caricaturista.
Nasceu em São Brás de Alportel, a 8 de Janeiro de
1885.
Faleceu em São Brás de Alportel, a 2 de Janeiro de
1935.
Filho de Bernardo Rodrigues de Passos, homem dado
às letras, irmão do poeta Bernardo de Passos, da escultora Rosalina de
Passos e da pintora Vírgínia de Passos, Boaventura de Passos viveu a sua
infância num meio artístico propício ao seu desenvolvimento intelectual,
já que é o mais novo da família.
Seguindo as pisadas republicanas de seu pai, foi sempre
um crítico dos podres da sociedade e um contestatário.
Quando o pai faleceu, Boaventura era adolescente -
tinha 17 anos - e assistiu à seguinte cena: o padre da terra, como
represália por o morto, além de republicano ser anticlerical (estávamos em
1902), proibiu a entrada do funeral pela porta principal do cemitério,
mandando-a encerrar, para que o caixão e o cortejo tivessem que entrar
pela porta estreita, chamada "a porta dos enforcados". O povo revoltou-se
com a atitude do padre e este, acobardado perante a multidão, mandou abrir
a porta principal.
Por esse motivo, ou outros, Boaventura Passos foi
sempre um inconformista. Inscreveu-se na Maçonaria e fez críticas sociais,
através do traço e da escrita, que incomodaram alguns, pois as revistas
mordazes que escrevia eram representadas no teatro por si dirigido. Aquilo
que se dizia no palco circulava de boca em boca. A quem a carapuça servia,
não gotava de se ver retratado, nem apreciava o humor acerado do autor.
Das muitas obras que escreveu, nenhuma ele viu
publicada. Postumamente, sete anos após a sua morte, saiu o primeiro livro
Aldeia em Festa,
reeditado pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel em 1988.
Graças à iniciativa de seu filho, de nome Bernardo de
Passos, como o tio poeta, têm saído alguns inéditos de Boaventura, o que
é, sem dúvida, uma "boaventurança" para as letras portuguesas e
particularmente para o Algarve.
Os títulos saídos são, por ordem cronológica:
Rezem por Alma destes Talassas,
Aves de Rapina,
O Delírio dum Justo,
A Família Pires
e In Vino Veritas,
este publicado em 1999.
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