Para que a Terra não esqueça

 

NICOLAU SAIÃO


  1. AGORA TUDO FICOU MAIS CLARO

Quando, no meu primeiro escrito de alguns dias atrás, referi que a situação de conflito militar que se está a viver podia levar a uma conflagração geral, um bom amigo fora do inner circle escreveu-me aduzindo que tal coisa não se poderia dar – por  não se prever que a Rússia se atrevesse a despoletar tal facto, temeroso.

Pois bem: as notícias da Última Hora, veiculadas pelas diversas fontes de informação televisivas e radiofónicas acabam de mostrar-nos que tal é uma possibilidade real. Ou seja: a Rússia acaba de declarar que está na disposição de atacar militarmente a Finlândia e a Suécia se estas resolverem aderir à Nato! Serve isto dizer que estas duas Nações, membros da União Europeia, podem estar na mesma situação em que se encontra a Ucrânia.

Putin, sem olhar a meios para tentar estabelecer de novo o velho Império Russo, está disposto a precipitar uma conflagração geral! O ditador russo vive agora, tirando definitivamente a máscara com que a propaganda o tem coberto, uma deriva demencial.

O perigo é pois bem real, uma vez que nessa circunstância as democracias ocidentais teriam que responder militarmente à situação que lhe era posta!

Devo aduzir que estas manobras da hierarquia russa, politica e militar, não me surpreendem – foi assim que Hitler procedeu nos tempos que antecederam a Segunda Guerra, fazendo sucessivas exigências que descambaram naquilo que a História cifrou.

As ditaduras, agressoras, são todas do mesmo cariz. E não nos devemos esquecer que a URSS estalinista e a Alemanha nacional socialista, pelas mãos e assinaturas de Ribbentrop e Molotov, estabeleceram o pacto germano-soviético de triste memória e consequências!

Para chegarem aos seus fins espúrios, não hesitam na loucura da guerra.

  1. TAL COMO

Tal como, em Portugal, no seu tempo homens dignos como Aquilino e Ferreira de Castro fizeram…e outros mais recentes, que nunca esqueceram que não se pode ser, como dizia Robert Desnos, “um intelectual (cientista, romancista ou poeta) e simultaneamente um canalha ou um cínico, esquecendo os seus deveres de ética para com os semelhantes”, em diversos pontos do Mundo se erguem vozes significativas, de homens e mulheres com realce público, chamando a atenção para algo que certos operadores – nomeadamente agindo nas chamadas redes sociais – tentam cavilosamente instilar na opinião corrente ao esquecerem que existe um aspecto moral inegociável. 

Tal como nos tempos de Hitler e posteriormente nos tempos do outro ditador, Estaline, o seu relativismo moral concretiza-se no que eles tentam, mediante argumentos cínicos que camuflam sob a capa de equidistância, justificar: as posições dos cleptocratas e autocratas seja da Rússia seja da China, numa evidente dependência das suas ideologias que já demonstraram o seu caracter opressor por onde quer que tenham passado.

Esses “mornos” – para utilizar uma expressão bem reconhecível – como diz a expressão bíblica, procedem assim tal como nos anos trinta do século passado a História mostrou, porque no seu fundo apoiam as ditaduras e os que as sustentam. Embora, cobardemente, busquem tapar-se com o tristemente célebre “Sim, mas…”.

Doutra maneira, corajosa e firme, agiram ontem 600 cientistas russos incluindo um prémio Nobel, que corajosamente endereçaram uma carta ao governo para que cessasse as acções militares na martirizada Ucrânia.

Tal como anteontem, 570 mil (não é engano de números!) cidadãos russos assinaram uma petição para que o ditador Putin parasse com a agressão e mandasse regressar as tropas invasoras.

O repúdio internacional tem sido quase unânime. Só têm divergido os governos totalitários ainda existentes: Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Síria, Irão, Bielorrússia e alguns menores comprados com o dinheiro Russo/Chinês.

E, naturalmente, aqueles grupos ou grupelhos que, nesta parte do mundo, fazem coro com as acções nefandas daqueles.


ns