Pantera Pandora

 

ZUCA SARDAN


1-  ELEGÂNCIA FATAL

Dona Pandora, em vestido lamê,

parece Madame Recamiê, ladeada

de dois potes celadon Ming da China

com molosso poisado no tapete persa


2-  PASTA-SANFONA

A pasta de Waldir, em antigo

couro de crocodilo egypcio

é de tipo sanfona-lastex

de fechecler alemão


3-  REPORTER VOLANTE

Vespina já partiu VROOOOOMMMMMM !!!…

Pandora leda abre a porta, na hora

e Joana… VROOOM !!!… irrompe

salâo a dentro em bela motoca


4-  ENTREVISTA

“Merci, Dona Pandora, de oferecer

entrevista pro nosso pasquim”

“Pasco Bexiga, meu jornal favorito.

Waldir, cu-de-ferro, lê o Prego Palermo”


5-  NOSSO PASQUIM

“Acho Prego Palermo um saco fedido…

Pasco Bexiga sim, aquela malícia !…

aquela catimba… bem brasileirinho…

safado, sem-vergonha… um tesão !…”


6-  FRISSON

“Lar, pra ser doce, precisa de frisson…”

“Isso mesmo, Dona Pandora!… lutar

pelo tesão da mulher a domicílio…

Lutar pra se poder gozar no Brasil !…


7-  SACANAGEM CASEIRA

Erotizemos o lar, Vespina !

Sadia sacanagem caseira

novas variadas posições

também têm suas graças


8- HERÓI DA PÁTRIA

“O segredo do congelamento

de preços, a ser descoberto

pelo indômito Joyce-Waldir

nas cafundas da calota polar !!!”


9- PENÉLOPE PANDORA

“Sou uma Penélope itinerante.

Nâo largo o meu Joyce-Waldyr”

“A Senhora é uma Anita Garibaldi,

lutando a cavalo de blusa grená !”


10- VESÚVIO

“O Vesúvio anda rugindo esquisito…

E de vigília, controlando o bruto…

o Sentinela de Pompéia !… Vi

o filme ! Gostosão, que coxas !…”


11-  LA VITA

“Belíssimo ragazzo !… mas ficou

de papo com a Silvona Magana,

se distraiu de lança entalada

e se danou. Così cè la vita…”


12-  TORRE DE PIZZA

“A Torre de Pizza… meio torta,

de sete andares, toda anelada,

erótica ! no filme de Tina Cuore

e Martelo Pirolho… Que frisson !”


ZUCA SARDAN

veteraníssimo vate, dada-surrealista,

nasceu no Rio de Janeiro, em 1933.

Canhotão, quebrou várias amphoras  

trácias, moringas marajoaras e egypcias.

Arquiteto, rabiscou caretas nas pranchas.

Diplomata, perdeu várias pastas importantes,  

inclusive a do Tratado da Zbórnia-Zgarbuzina.

Aprontou e segue aprontando uma série

interminável de pasquinosos panfletos

e alguns livros: Osso do Coração, 1993;   

Ás de colete,1994; Mystérios de Ishtar, 2004;

Eccolequá, 2017; Paradiso Perduto, 2019;

A Hyena, e Não o Cão, 2019


DÉCIMO ENCONTRO TRIPLOV