Agora que os meus sóis mortiços
Vão eclipsar-se definitivamente,
Como não salmodiar o deus que nasce,
Estrela da manhã, nova aurora –
E libar o seu pólen que dá vida
E clareiras de luz a um mundo ensimesmado?
Aqui bebe o mortal, não nos
Deuses crucificados e doentes,
Sim na eterna transfiguração do
Mesmo, o mesmo sol eternamente
Diverso. É Apolo e é Marsias
Em simultâneo: os anéis do seu cabelo caem
Sobre o poente como versos
De uma cadência insone que
Se ignora. Os tempos de indigência
São ingratos. Em estranhos converte
Os que gratidão e reverências
Se prometem e um pacto de segredo
Que o mundo deixaria inerte
Estabelecem.
Quatro letras, quatro signos conformam
O alfabeto que pôs um Deus na
Minha boca para que entoe o canto
Já derradeiro das ousadias
Que outrora me levaram ao Conquero. Sai
Da água, do canto emerge sempre
Como o renovado mesmo e nesta
Solidão da minha alma morre-me
O amor entre os lábios. É a vida que regressa
Quando já destes ares me despeço.
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