A Pedro Martinez
Atiradas ao fogo as memórias
os almanaques todos
aspirando apenas o frio
espectral do não sucedido
e esperando sem esperar
Eis-me aquí nesta roda
de vida-morte
como o viúvo insone
de torres de Aquitânia"
“sem alaúde constelado”
nem estrelas no céu
cerzidas pelas mãos
de um deus-criança que joga
fazer do universo
miríades de desejos
E um miura em minhas costas
muge apenas em sonhos
e o traje de alamares
tinge-se do sangue
da rosa que antanho
floresceu nos jardins
sem os porquês
de um tempo
que nos leva e nos traz
como o mar incerto
"sempre recomeçado”:
e este “falar do eterno
e as idades mortas”
e o “chorar a Adonais”
coberto já de ervas,
são o certo destino
de um livro que é o corpo:
quando a idade provecta
nos resigna ao nada
“alma minha gentil”
dá minhas saudações a Pedro,
e dei então
“quem anda
entre a violeta
e a violeta”?
“Palmas! E a doçura
de uma velhice de raizes”
aonde purificado
pelas essências áureas,
eu me elevo ao alto
do “prístino holocausto”
com vozes silenciosas
que moram em espelhos.
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