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Oscar Portela
Narcissus

NARCISSUS - INDEX

NARCISSUS
A Rafael Lazzini
O novo Perseo
Do século XXI
Já se nublam meus olhos aonde antigamente
floresciam os dátiles silvestres e se abriam
as baias ou a inteira floresta era a voz
secreta e silente de safiras que brilham no céu.

Tudo há passado já. Tudo Já está enterrado comigo.
Sou sombra de minha sombra. Um caminhante estranho
e um mendigo. Mas tudo reunido na memória
“fala em voz baixa e em segredo”. Há um arrulho em
mim – digo presságios - faço cair as chuvas,
e, nesta noite clara quando meus olhos clamam
pela luz arde o desejo.

Aonde o diamantino espelho, aonde?

Assim falava calando quando me vi em teus olhos
rapidamente e em teu sorriso senti virar minh’ alma
Como torna para aqueles espaços sempre abertos
Era eu aquele que mirava e a mim mesmo via em teus
olhos
calmos lagos e em teu sorriso me vi outra vez, dolente
de amor, desfalecendo silente. Como perder-me já
se de teus olhos emana minha imagem claramente? Isso é
tudo Rafael.

Jamais ninguém no mundo, atônito voltou a sua pátria
Quando se viu em teus olhos novamente e tu me sorrias.

Era o Deus Prometido? Ou é Perseu que a mim retorna?
Marcando-me os rumos que acreditei perdidos para
sempre?

E Pégaso em teu rosto descobriria suas asas de cometa
Não era o sonho que um sonho me trazia. Eras tu Rafael
que das
águas da América emergias, todo magia e beleza.
Todo poder e força dos elementos. Rodocrosita para ti
Lazzini.

Belo Deus de uma Arcádia que não morreu.

E apenas em ti já me vejo. E tudo é isso. Como o lótus
se abre
Solitário assim em tua boca me abro para o afora
E estou aqui outra vez. É um destino certo. Já não
esperava.

Mas um relâmpago iluminou tua imagem de Deus e de
Homem.

E a mim mesmo vi outra vez, já submerso para sempre

E em meu próprio elemento convertido.
Corrientes, 21 de agosto de 2007 - Argentina.