Um felino agachado
entre as árvores
um animal feroz e fabuloso
uma lenda surgida da espuma
do desejo carnal que arde
nos sonhos, tua perfeição
feroz de fuga e duelo
a ousadia de ser parte de um duelo
na qual tu como Fênix
levas tesouros guardados em tua
garganta
de tigre e semental
o mais formoso
habitante de todos os desejos:
Quem fala por tua espinha dorsal?
E por tua frente,
Por tuas pernas
Vergas de tornozelos com pulseiras
douradas do mítico mistério
que se estreita na cintura escultural
que eleva o tórax mais perfeito
que conhece o escultor fecundo
em seu elemento,
fascinado por ti
vertiginoso, como a fonte pura
de tua fronte e teu rosto de enigma
e de mistério, Leo Peixoto,
tigre e sombra que o poeta
teme nomear para
evitar a profanação dos
templos, lacrados pelos deuses
que alimentam a escarpada cabeça
com que investes e rompes
o equilíbrio do hexâmetro
oh tu, Leo Peixoto
O animal do luxo e a ferocidade?
Leo Peixoto que seduz e mata
A quem mira teus olhos de serpente
O pecado está em ti: tu o sustentas.
E minha carne é a tua e é meu sangue
o que bebes como elixir para seguir
guardando os tesouros que
povos idumeus deixaram
em tuas garras tão perfeitas
como teus lábios de animal
e de homem pois tu és
o mítico e o novo,
o ser que resplandece em
tua cintura frágil
e teus pômulos fontes
aonde bebem e afogam
as pombas pousadas
na fonte do mítico mistério
que rodeia com uma aura de luz
beleza plena
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