E apenas tu Ricardo amado dos Deuses
poderias despertar-me do sonho da morte
aonde jazo sepultado nas criptas do poema.
E apenas tu poderias ordenar-me anda
desperta e caminha pois odeio os
caminhos e empreender novamente a longa
viagem de um sonho que não termina nunca
e recordar-me logo nomeando-me em teus olhos
aqueles êxtases “del abra” apeando eu do potro
rezando frente aquela goiabeira baixo a luz
que penetrava quase irreal e entressonada
como teus verdes olhos rios dos quais flui
o sonho daquele que rumina o desejo de vida
ou as forças de renascer em ti uma e mil vezes.
Que beleza Ricardo que beleza a tua
e não há nenhum diamante igual
que se compare ao alaúde de teus lábios
quando sorris e ao temor de ser mortos
que sonham estar vivos e em instantes
desvanecem-se em teu cabelo.
Volver volver até o Oráculo de Delfos
e perguntar ali:
És o Deus que buscamos?
E ouvir que de teu riso surgem os mundos
da espuma os simulacros que em
nossos sonhos além da vida e da morte
dizem “levanta-te e caminha” que te espero. |