
Desciam a rua, devagar. A mulher do lado de fora da calçada, e o homem do lado de dentro. A mulher parou, acendeu um cigarro, puxou uma tragada, e o homem parou também.
— Quê que você tem, hem?
A mulher encolheu os ombros. O homem acendeu um cigarro, e puxou uma tragada.
— Tá desse jeito só porque eu perguntei se você ia ficar, ou…
A mulher puxou uma tragada, e o homem puxou outra.
— Me diz, mas fala a verdade. Você vai ficar, ou…
A mulher começou andando. O homem agarrou-lhe um braço, e a mulher parou.
— Me diz. Se você não queria ficar, por quê que ontem disse que ia ficar, hem? Você falou por falar, ou…
A mulher ia começar andando, mas o homem parou na frente dela.
— Me diz. Você vai ficar, ou…
A mulher puxou uma tragada, começou andando, e o homem correu atrás dela.
— Você tá desse jeito por não querer ficar, ou…
A mulher olhou o homem, olhou a esplanada do bar, um pouco à frente, parou junto de uma mesa, e sentou. O homem puxou uma tragada, jogou o cigarro no chão, sentou também, chamou o garçom, pediu dois chopes, e se debruçou sobre a mesa.
— Me diz. Você vai ficar, ou…
A mulher puxou uma tragada. O garçom trouxe os chopes, o homem acendeu outro cigarro, puxou uma tragada profunda, e soprou o fumo com força.
— Ou você me diz, ou…
A mulher bebeu um gole, puxou outra tragada, soltou o fumo devagar pelo nariz e pela boca, e olhou o homem.
— Ou, o quê, hem?
O homem não respondeu. Puxou uma tragada, e bebeu também um gole.