O jagudi ameaçado

 

MARIA ESTELA GUEDES
Dir. Triplov


O Jagudi era o nosso jornal, quando alunos do Liceu Honório Barreto, em Bissau. Os jagudis são abutres, eram, então, aves familiares, abundantes, que se aproximavam das casas, por terem adquirido hábitos antropófilos, como diria, por exemplo, padre René de Naurois, ornitólogo já falecido, que muito trabalhou no levantamento das aves das ilhas da Macaronésia, sobretudo Cabo Verde, e, fora dessa região biogeográfica, São Tomé, Príncipe, Ano Bom, que julgo chamar-se agora Pagalu, outras ilhas do Golfo da Guiné – e da Indonésia também, provavelmente Timor, pois achava ele que havia umas similitudes entre espécies asiáticas e das ilhas atlânticas que já mencionei.

Ontem, para meu desgosto, o João Firmino, meu colega no Liceu Honório Barreto, mandou-me uma foto de jagudis tirada por ele em Bissorã e o link abaixo, a informar que uns dois mil indivíduos dessa espécie tinham sido envenenados com inseticida, de propósito, para venda. Já não se trata de vender para museus, e nunca os museus precisaram de tantos indivíduos para estudo e exposição, aliás, hoje, para estudo, os investigadores recorrem a métodos que dispensam matar os animais e retirá-los do seu habitat. Apenas colhem um pouco de sangue, colocam uma anilha ou qualquer dispositivo de identificação que permita controlo remoto.