O cordelista Gustavo Dourado

 

FRANCISCO BRAGA
Gerente do Blog de São João del-Rei


O cordelista GUSTAVO DOURADO, colaborador do Blog de São João del-Rei com inúmeras contribuições para a divulgação do cordel, esse gênero poético eminentemente brasileiro, relembra os atos de heroísmo de Horácio de Matos e seu primo MANOEL QUIRINO DE MATOS no romance histórico em versos em homenagem a este último (Ver: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2020/12/romance-do-capitao-manoel-quirino-de.html).

Gustavo Dourado

Nesta data, há 65 anos atrás, tombava, vítima de morte cruenta, Manoel Quirino de Matos, uma das mais destacadas figuras do alto sertão da Bahia e Chapada Diamantina, que foi imolado, no seu afã de fazer reparo em um crime de honra na sua família, portanto, em busca de justiça, não por um dos trabucos dos “revoltosos” da Coluna Prestes, mas pela arma de um meliante, João Gomes Bonifácio, codinominado “Pedrinho”. Acuado dentro de uma casa em Jacobina e ouvindo do delegado voz de prisão, o criminoso atira à queima-roupa no inditoso Capitão Manoel Quirino e, em seguida, alveja também o delegado de polícia.

O historiador Mário Ribeiro Martins, que descreveu as façanhas bélicas do Capitão Manoel Quirino, relata: “em março de 1926 foi convocado pelo seu primo Horácio de Matos para combater a Coluna Prestes. (Observe-se que o Estado-Maior da Coluna, formado de Carlos Prestes, Miguel Costa, João Alberto, Djalma Dutra e mais o jornalista Pinheiro Machado já tinha visitado e tomado café na casa de Manoel Quirino, no Município de Morro do Chapéu.)

Apesar de bem recebidos, os elementos da Coluna terminaram por saquear todas as mercadorias da casa comercial de Manoel Quirino, sob a afirmativa: “ISTO É DA GUERRA, BAIANO”.

Quando a Coluna Prestes passou por Rochedo (município de Morro do Chapéu), tentando invadir sua Fazenda Pedra Lisa, Manoel Quirino, com poucos homens, provocou baixas tremendas na Coluna, alcançando com isto muita fama. De qualquer forma, a Coluna alcançou Tiririca do Bode e invadiu Barra do Mendes (27.03.1926), prosseguindo sua viagem.

Manoel Quirino continuou ao lado de Horácio de Matos, organizando batalhões de voluntários e dando apoio logístico aos combatentes. Foram estes Batalhões que perseguiram a Coluna Prestes pelo Estado de Goiás e Mato Grosso até a fronteira da Bolívia, em La Guaiba (ou La Gaiba), o que ocorreu por volta de janeiro de 1927, já sob o governo do Presidente Washington Luís que tinha tomado posse no lugar do Presidente Artur Bernardes.”

O historiador Martins, entretanto, no seu estudo, denuncia que, apesar desses seus atos de bravura cívica, o Capitão Manoel Quirino de Matos, caiu num semi-esquecimento, não sendo mencionado no livro “Baianos Ilustres”, editado pelo INL em 1979, nem é estudado no “Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro”, da FGV, publicado em 2002, entre outras obras.


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