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Pedro Sevylla de Juana
nasceu em plena agricultura, lá onde se
juntam La Tierra de Campos e El Cerrato,
Valdepero, província de Palencia, em
Espanha; e a economia dos recursos à
espera de tempos piores ajustou o seu
comportamento. Com a intenção de
entender os mistérios da existência,
aprendeu a ler aos três anos. Aos nove
iniciou seus estudos no internado do
Colégio La Salle de Palencia;
seguindo os superiores em Madri. Para
explicar as suas razões, aos doze se
iniciou na escrita. Cumpriu já os
sessenta e nove, e transita a etapa de
maior liberdade e ousadia; obrigam-lhe
muito poucas responsabilidades e sujeita
temores e esperanças. Viveu em Palencia,
Valladolid, Barcelona e Madrid; passando
temporadas em Genebra, Estoril, Tânger,
Paris, Amsterdã, Villeneuve sur Lot e
Vitória ES. |
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PEDRO SEVYLLA
DE JUANA
Brasil - Sístoles e diástoles
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Editorial
Verbum Colección Poesía
Dirigida
por Pedro Shimose
La colección Verbum Poesía ha
mantenido desde sus inicios la vocación de dar a
conocer voces poéticas de sostenido prestigio en
sus países de origen, pero poco o nada conocidas
en España (Gastón Baquero, Hugo Gutiérrez Vega,
Santiago Sylvester, Mario Merlino, Leopoldo
Castilla, etc., de Hispanoamérica; So Chongju,
Chunsu Kim, Yun Tong-ju, Chon Sangbyon, Yi Sang,
etc., de Corea; Tawara Machi, de Japón; Tugrul
Tanyol, de Turquía; E. E. Cummings, Steven White
y Louis Bourne, de Estados Unidos; Veronique
Tadjo, Babacar Sall, Jean-Luc Raharimanana,
etc., de África); así como de autores españoles
(Carlos de la Rica, Luis Antonio de Villena,
Jesús Hilario Tundidor, Antonio Gamoneda, Pablo
Guerrero, Ana María Facundo, Antonio Colinas y
Vicente Cervera, entre otros).
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PEDRO SEVYLLA DE
JUANA
BRASIL
-
Sístoles
e diástoles
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“Isto
que vejo, tão complexo, tão exuberante, tão
diverso, tão pobre, tão rico, tão escuro, tão
colorido, tão árido, tão fértil, tão débil, tão
forte, tão violento, tão terno; isto e mais: um
conjunto de energias que somam e restam, um
enigma intrigante que devo interpretar por mim
mesmo; todo isso e bem mais, que não vou
compreender nunca, é BRASIL”.
Matéria
e energia, em sua cópula engendraram,
sístoles
e diástoles:
o
primeiro hálito de vida.
PSdeJ
Dedicado
a Ester Abreu, extraordinária pessoa;
e aos
amigos de língua portuguesa.
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Anotação do autor:
A minha poesia nasceu do
impulso do leitor e escritor que ia sendo. No
princípio foi o verso; e em contato com a
realidade, o verso se fez prosa. A prosa
primeira foi prosa poética; e o passo do tempo,
com sua insistente roça, fez dela contos,
ensaios e novelas. Mas na profundidade da mente,
o verso dormitava. Cheguei a Brasil, a sua
literatura originaria e modernista, regressou o
verso, e três anos depois se corporizou este
livro. O portugés que utilizo na tradução, é
solto, ágil e tão livre como Brasil o aceita,
como Brasil o quer.
Conheci
a Francisco Aurelio Ribeiro na sede do Instituto
Histórico e Geográfico do Espírito Santo, em
Vitória ES. Pronunciava ele uma palestra, onde
fazia uma análise crítica da obra dum
prestigioso poeta. Ali percebi sua capacidade de
síntese e análise, sua olhada certeira e a
expressão ajustada à realidade contida nos
poemas. Encontrei-o de novo na Academia
Espirito-santense de Letras, onde presidia uma
sessão de trabalho com vários académicos.
Trabalhador consciencioso, intelectual sólido,
pessoa singela, culta e cabal em todos os
aspectos. Li, depois, o seu ensaio sobre uma
novela publicada com sucesso. Nesse trabalho
estuda a obra em seu contexto de género
literário, e no espaço e tempo abarcados pelo
argumento, estilo e pensamento. Compreendi
então, que Francisco Aurelio devia escrever o
prólogo do livro que estava terminando. Pedi-lhe
o favor, aceitou, e aqui está o resultado:
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Prólogo
Por Francisco Aurelio Ribeiro
Pedro
Sevylla de Juana, escritor espanhol nascido em
Valdepero, província de Palência, na Espanha, me
pede para fazer o Prefácio para seu mais recente
livro, esta obra magistral “Sístoles e
Diástoles”, que tendes em mãos.
“Sístoles e Diástoles” é uma obra híbrida em
todos os sentidos, pois mescla espanhol e
português, poema e prosa, filosofia e
literatura, realidade e imaginação,
subjetividade e objetividade, individualismo e
socialismo. Pós-moderna em sua essência,
apresenta a inquietação própria de nossa época,
o deslocamento clássico de estilo, “em que o
individual e o coletivo, o expressivo e o
linguístico, o mimético e o abstrato conheciam
um relativo equilíbrio“ (cf. SUBIRATS), no
ecletismo linguístico e temático em que se
estrutura.
Na
primeira parte, “Sístoles”, constituída de 16
poemas em tamanhos diversos e um texto em prosa
poética (“A visita do Deus”), o poeta busca
recriar o que chama de “movimentos sistólicos
(que) concentram o universo, desde um instante
anterior ao ponto de não volta na expansão, até
conseguir que toda a matéria e a energia toda
ocupem um espaço mínimo”. Assim, os poemas
iniciais têm uma marca filosófica do princípio
gerador do universo e seus títulos dialogam com
o conteúdo ontogênico dos seres: “O homem
essencial”, “O primeiro princípio”, “A
humanidade e as suas coisas”, “O mito da amada”,
“O triunfo da primavera”, “O jogo da vida”,
dentre outros.
O que
caracteriza a poesia essencialmente como gênero
literário é a sua natureza mimética (Platão e
Aristóteles), ética (Horácio) e estética (de
Vico aos nossos dias). Como “Vida é obra, e obra
é vida”, a poética de Pedro Sevylla de Juana
aglutina todos esses elementos. No primeiro
poema, por exemplo, há a temática da criação do
homem, o que remete ao mito bíblico, sob uma
perspectiva socializante: o homem é fruto do
trabalho de Deus, pão cuja única diferença é a
cor/crosta, cuja substância não varia. Esse
homem criado por Deus luta com a natureza e cria
os rituais de celebração, as leis e os ofícios,
“a organização social, a administração da
justiça, a liberdade de eleição e a igualdade na
linha de partida” (“O primeiro princípio”). E
assim surgem a família, os clãs, as castas, a
humanidade, a hierarquia, o comércio e o preço
das coisas. O poeta/profeta, no entanto, alerta
em dicção profética: “Mas se queremos que a
gente modifique sua maneira de ver as coisas e
avalie atributos primordiais como a beleza das
linhas, a utilidade prática, o som do vento ao
abraçar sua superfície, a suavidade do tato, a
natureza da substância originária, devemos tirar
o preço que um dia se pôs às coisas” (“A
humanidade e as suas coisas”).
Pedro Sevylla de Juana vai elaborando sua
poética e reconstruindo em cada poema elementos
dos textos bíblicos, do Gênesis ao Apocalipse,
revelando-nos que não são as coisas, por si
mesmas, que provocam o ser humano, mas os
aspectos transitivos das coisas, através dos
quais elas se materializam e se manifestam,
provocando nossos sentidos, nossa sensibilidade
ou nossa consciência. Em alguns poemas, há o
predomínio do eu, da subjetividade, “O rebanho
ao que pertenço”, “O economicismo e eu”, em
outros, é explícita a preocupação com o outro, o
olhar sobre o mundo: “Fome”, “As mães famintas”.
A primeira parte encerra-se com um texto em
prosa poética, “A visita do Deus”, que trata da
criação do elemento divino e de suas
repercussões entre os homens. Texto mitológico,
onírico, apocalíptico, estranho como o próprio
homem, o único animal realmente fantástico
segundo Sartre, pelo uso da imaginação.
A
segunda parte, “Diástoles”, que, segundo o
autor, é “tendência centrífuga cujo ponto
extremo resulta impossível de manter no tempo
sem escapar à lei da Gravitação Universal,
momento no que se iniciam os movimentos
sistólicos de concentração. E assim uma e outra
vez”, o poema inicial é “Vida é obra, obra é
vida”, que tem como tema a professora e
escritora brasileira Ester Abreu Vieira de
Oliveira. Não por acaso, o poema está no centro
da obra e inicia o segundo movimento da obra de
Pedro Sevylla de Juana em que português e
espanhol se amalgamam como no princípio dos
tempos em que era uma e mesclada. Os outros
poemas “A vitória do desejo”, “O sonho do
escravo”, “A eterna fugacidade”, “Transparente
confusão” e outros tematizam figuras, imagens,
recorrências de dois mundos, Europa e América,
de dois tempos, passado e presente, de dois
enfoques, o eu e o outro, não fosse toda a obra
de Pedro Sevylla um duplo, sístole e diástole de
dois mundos, o real e o imaginário.
Belo
exercício de metalinguagem pode ser lido no
texto poético, reflexivo e filosófico sobre os
“Trabalhos do Tradutor”, uma verdadeira aula de
como se fazer um poema sobre as dificuldades de
se traduzir um poema de outra língua, tema pouco
usual na poesia. Também em “O meu sonho
sertanejo”, uma excelente contribuição à leitura
da obra de Manuel Bandeira, um dos maiores
poetas do Modernismo brasileiro. Em “O último
clochard sobre a terra”, Pedro Sevylla
homenageia o homem simples, filosófico,
desapegado de bens materiais, que escolheu uma
esquina de Villeneuve sur Lot, na França para
viver seus dias, enquanto em “Solta de pombas”,
os homenageados são os poetas líricos de lá e de
cá: Joaquim Machado, Cecília Meireles, Castro
Alves. Em “O rosto desvelado”, o poeta encontra
no amor “O rosto do universo” e em “Morri”, que
pretende ser seu último poema, póstumo, faz a
síntese entre as imagens de Brasil e Espanha, de
sítios históricos e imaginários, de pessoas,
sentimentos e coisas de ambos os mundos, uma
suprarrealidade só possível pela imaginação e
pela paixão. Nele o autor se permite sonhar uma
saída para o Brasil, a mesma cruz delineada por
Gilberto Freyre: “equilíbrio harmônico,
conjunção ajustada de elementos múltiplos. E o
equilíbrio instável e ativo, recomposto depois
de cada dispersão”.
Após
mais dois poemas antológicos, repletos de
referências intertextuais, “Um passeio pelo
campo-santo” e “A lei da Gravitação Universal”,
chega-se, com pena, ao texto final “O elevado
voo do veleiro” e como um novo Rimbaud somos
levados pelas velas da imaginação do poeta e
nauta Pedro Sevylla de Juana a singrar os mares
da pura poesia. “O papel do poeta é inventar a
poesia”, disse Suhamy, e assim o faz Pedro neste
seu último poema, segundo ele, gestado por seu
iberismo cultural, seu universalismo, que o
levou a buscar as fontes de sua poesia em terras
de Espanha, Portugal, França e Bahia. No
entanto, foi o Espírito Santo, a terceira pessoa
da Santíssima Trindade, que nomeia nosso
estado,nas montanhas capixabas, que lhe veio o
sopro inspirador para criar o barco da “Nova
Era”.
Pedro,
espero que os leitores de seu magistral livro
gostem tanto dele quanto eu, e que saibam ver e
sentir nele muito mais do que consegui expressar
nestas linhas introdutórias. Um forte abraço do
Francisco Aurelio Ribeiro
(Professor e Doutor em Letras.Presidente da
Academia Espírito-santense de Letras)
Vitória
do Espírito Santo, fevereiro de 2016.
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Pedro
Sevylla de Juana
EN EL
CORAZÓN DE BRASIL
Epílogo de
Renata Bomfim
Como has
podido ver, lector, “BRASIL, Sístoles e
diástoles” es un libro singular, decisivo,
concluyente. Originalidad al servicio de una
prosa y una poesía hermanadas: relatos autónomos
cerrando cada apartado, y un poema con
introducción y conclusión explicativas. Destacan
en el libro, aspectos como el engarce de los
elementos constituyentes, la cimentación de una
cosmogonía que convierte al yo lírico en
poeta/profeta, poniendo la mirada y la intención
en cuestiones sociales como la pobreza y el
hambre, de modo que enfrenta a los lectores con
sus propios conceptos y sentimientos humanos. El
ejercicio convivencial se instaura en la
interrelación y en las palabras que la
propician, empujando a los humanos -viajeros
estelares- por caminos inusitados.
Un texto
debe ocultar a la primera mirada, al primer
encuentro, “la ley de su composición y las
reglas del juego”, como destaca Jaques Derridá
en “La Farmacia de Platón”. Así nos encontramos
con un Pedro Sevylla muy diferente al de sus
obras poéticas anteriores: artífice múltiple,
objeto de interpretaciones diversas y
complementarias. La especial característica de
esta obra me inclinó a optar por una lectura
crítica, que no pretende desnudar sus
significados más íntimos, ni dominar su
entramado; antes bien fluir con el lirismo
fluente, degustando el sabor agridulce de la
escritura.
El escritor
español, al referirse al Brasil, muestra sus
vivencias, fruto de la captación de los ritmos,
sabores y colores de un País, el mío, que no
permite una fácil definición. Para ese cometido,
fue preciso que Pedro Sevylla explorase el
devenir brasileño, caminando por campos y
ciudades, entrando en el pensar de las gentes,
lo que permite a las palabras expresar la
agitación del corazón. Estoy segura, lector, que
como yo, usted sintió la energía que une
amorosamente, los campos de trigo de Valdepero,
en España; con la Mata Atlántica, en Brasil.
Me siento
feliz por haber recorrido la senda creativa del
autor en la composición de esta obra. La
curiosidad por la cultura, permitió escrutar,
como buscador de oro, plata o diamantes, las
riquezas de cada región brasileña, hasta llegar
a Vitória, ES, atraído por la Ley de la
Gravitación Universal; desde cuya Bahía ascendió
el “Nova Era”, su velero cósmico.
Estamos
ante el creador de un hombre análogo y diverso:
pan hecho de las harinas de todos los cereales
–igual composición distinta estampa- cuando aún
no existía la especie humana. Conformado el
hombre, viene la necesidad de crear a Dios. En
el poema “El primer principio”, la mente
descansada crea un Ser “único y primigenio”, y a
partir de ese acto fundacional, puede poner en
marcha, con todas las prevenciones posibles, la
“Sociedad Global”.
En las
“noches mágicas y míticas”, la mujer amada surge
en los sueños imprecisos y repetidos del yo
lírico. Soñando con el eterno femenino el
milagro sucede: “El triunfo de la primavera”.
Música, color y bienestar, pasan a formar parte
de ese Universo que, antes solo conocía los
“hielos invernales”. Al fin, el paraíso está
completo y Pedro Sevylla nos facilita la
introducción a un nuevo “Génesis”, basado en
“parábolas ya olvidadas y viejos símbolos
actualizados”.
La “Utopía
llega a ser alimento y esperanza de criaturas
quebradizas” que, sedientas de amor y justicia
distributiva, ansiosas de sembrar ”la paz, el
perdón, la valentía, la libertad”, inician un
camino en busca de sí mismos. El “economicismo”
hace que el corazón del yo poético “se agite de
agonías”, la economía de mercado empuja la
deriva de los continentes y “acelera el paso del
Universo”. El “hambre” dos sílabas tan solo, se
vuelve palabra de orden en un “recuento
incesante de la realidad trágica”.
Ante ese
escenario el yo lírico se posiciona. El poema
“Vengo a decir” apunta al origen del problema:
“las carencias de los necesitados parten de la
mala distribución de la abundancia”, el yo
poético exige leyes que acaben con la
acumulación y el despilfarro. Es el “grito” del
hombre decidido, el que da voz a las criaturas
humanas y no humanas. La humanidad necesita
avances, ese es el movimiento de Diástoles,
expansión que convierte la vida en arte y el
arte en vida. La proximidad ansiada acerca al
poeta al “Solar da Ester”, Ester Abreu,
anfitriona solícita; y al espacio acogedor de
los amigos brasileños. Emergen como espacios
privilegiados de la inspiración de Pedro
Sevylla, Os Sertões, São Paulo, Rio, Bahia,
Pernambuco, Espírito Santo y, especialmente, la
Isla de Vitória. Es ahí, donde conoce a personas
admirables, cargadas de ilusión, visitando las
turbadoras Comunidades Verticais; y a esforzados
intelectuales de la investigación, la creación y
la docencia.
El poema
“La Victória del deseo” revela el ambiente
plural y misterioso, en el que Leda ama a los
Cisnes Blanco y Negro. Quizá el bien y el mal,
buscando sintonía, se equiparen en una poética
que pide equilibrio y armonía. “La eterna
fugacidad” del encuentro y del amor se explicita
y, así como la brisa, el objeto amado se va,
dejando en el aire solo un rastro perfumado. El
yo lírico explaya sus sueños y dialoga con
Manuel Bandeira, Carlos Drummond, Cecilia
Meireles, Hilda Hilst, Castro Alves, Gilberto
Freyre, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa; a
quienes ha leído y traducido al castellano como
testimonio de admiración y aprecio literario.
Conferenciante, también, sobre su propia obra en
la Universidade Federal de Espírito Santo; el
conocimiento de sí mismo acerca al poeta a la
revelación: momento epifánico en el que
vislumbra “El rostro del Universo”: carne,
sangre, espíritu; belleza que es el canto del
alma innombrada. Pero, esa no es aún la visión
concluyente del misterio universal, pues,
acercándose a la faz de la belleza, el poema se
acerca a la hondura de un beso de eternidad,
donde vislumbra también, el imposible fin de
ciclo. El poema Morí lidia irónicamente con la
Gran Dama de dedos de terciopelo: no hay miedo
ni arrepentimiento ante la muerte.
Transmutado
por las experiencias vividas a intervalos
desiguales: amor, dolor, desilusión y esperanza;
siguiendo impulsos razonados y emocionales, el
yo lírico cumple su destino. Todo fin presupone
un nuevo comienzo. Así, el poeta intensifica “la
búsqueda de la cruz de la armonía/ vacilante/
equilibrada/ activa”, lanzando la rúbrica de su
firma como una flecha. Da soporte a todo gesto,
el propio principio activo: “Lucha hasta el
equilibrio es mi divisa”.
“El vuelo
del velero Nueva Era”, largo poema épico, da fin
a la parte poética del libro. Entre vibrantes
ejecuciones musicales, describe la desesperada
huída y el esperanzado retorno a este planeta
nuestro, herido de muerte por la acción
destructiva del hombre. Un hombre que es
culpable y víctima inexorable. Un planeta sumido
en la angustia de la mayoría, empobrecida por la
acumulación extrema de las riquezas. El vuelo
del velero recorre el espacio existente entre la
escapada del desastre y el regreso a un planeta
reverdecido, casi intacto.
Renata
Bomfim
Es Mestre e Doutora
em Letras pela Universidade Federal do Espírito
Santo/UFES. Escritora, ensaísta, poeta e
acadêmica da Academia Femenina Espirito-santense
de Letras, cadeira 16. Membro do Instituto
Histórico e Geográfico do Espírito Santo e da
Academia Mateense de Letras. Educadora
socioambiental e editora da Revista literária
Letraefel.
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Palavras
finais
Cerebro y corazón a partes
desiguales, los poemas de Pedro Sevylla de Juana
en este su vigésimo cuarto libro, son flexibles.
Sístoles y diástoles en
la forma, se van conformando a borbotones
ordenados. Expansión y contracción del tiempo y
del espacio, el poeta persigue un imposible
punto de fusión definitivo. Trata de ser su
poesía imagen y expresión del Universo íntegro;
y el yo poético, sincero como premisa única,
persigue expandirse en plena libertad.
Sinceridad y Libertad le traen donde está. Y
asegura que entre sus convencimientos y él,
elije a sus convencimientos. “Conquistó mi
reverdecido interés el Universo inconcluso.
Trazando van las estrellas su vía esplendorosa
hacia la nada inagotable, estadio final que no
es más que el principio de una evolución sin
término -sístoles y diástoles, rotación y
translación- eternizada por la sublime entrega
del general convenio, a la euritmia que origina
las conocidas músicas estelares, luz de luces
titilando.
A grande
hispanista brasileira, Ester Abreu,
escreveu: “Pedro Seylla de Juana: tem uma
linguagem poética autêntica; é move as palavras
com a propriedade de um regente de orquestra,
para produzir harmonia; é lançar silêncios em
palavras, e palavras que subam, que voem até as
nuvens e aos espaços siderais, e desçam ao
interior da terra, aos pântanos, aos mais
infernais caminhos dantescos; é assim
representar e imaginar no “irreal’ e projetar-se
na verdade de uma maneira peculiar. Elas vêm à
luz na recriação do mundo por um ato livre e
voluntário que se liberta do inconsciente nas
palavras para serem absorvidas pela ação do
leitor, como nos mostra o conceito de poemas de
Pedro Sevylla:
“Los poemas
son jaulas que el lector abre, para que el
águila o el colibrí escapen.”
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Brasil -
Sístoles e diástoles
Seleção |
O
primeiro princípio
Assim
que a indómita Natureza
facilitou ao homem abatido e exausto
um
momento de trégua,
as
inteligências reflexivas dedicaram suo denodado
esforço
a escrutar enigmas de
enganosa aparênçia:
o sopro vital de
mente e corpo,
os pontos de saída e
confluência
e o sentido último do
Universo.
Desse
processo intelectual
surgiu
um Ser único e primeiro,
arranque
e fim de tudo o existente e existido
por desejá-lo eterno;
e por considerá-lo infinito:
um Ser
enorme que contém em seu seio o Firmamento
O homem
identificou ao Ser com o bem soberano,
tão
generoso que permite a existência do mau,
tão
forte que o vence a cada dia.
Em
lugares elevados
ou em
cruzamentos de caminhos,
erigiu
altares bem dispostos
para
oferece-lhe dons e sacrifícios
Fundou ordens de
ungidos sacerdotes,
de sacerdotisas
intactas e obedientes;
encarregados de pronunciar -os menos lerdos- a
última palavra
sobre o
bom, o mau e o indiferente;
e de arrecadar -os
mais fornidos- primícias e dízimos
com os que levar o
credo a todas as gentes.
O homem
comprovou com satisfação velada
que a
existência do Ser dava resposta a qualquer
pergunta,
a qualquer inquietude
humana:
a organização social,
a administração de justiça,
a
liberdade de eleição e a igualdade na linha de
partida.
O homem
se dedica desde então por inteiro,
a pôr em marcha a
sociedade global,
a da
tribo única e o regrado pensamento,
sete mil e quinhentos
milhões
de ativos
consumidores e votantes satisfeitos.
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A união
e a força
Chuvasco, aguaceiro, chuvarada:
se ouve
o murmúrio da chuva nos cristais,
dilatadas pupilas da casa;
rítmico
repenique, monótono, insistente
furioso
em algumas ocasiões
sossegado às vezes.
Como se
foram essas aves viageiras,
que
empreendem o périplo migratório
prelúdios de inverno ou primavera;
como
estorninhos dispostos a iniciar seus vôos
acrobáticos,
as
diminutas gotas esperam atadas umas a outras,
unidas
às telhas do telhado,
ao vidro
agarradas, submissas às esplendorosas folhas
dos
choupos erguidos no plano.
A lei
reprova sua conduta, ´
restringe valiosas liberdades,
e as
gotas reclamam o direito de fusão
para
formar gotas mais grandes.
Quando
seu número basta
e chega
ao peso crítico o volume congregado,
se
deslizam rápidas
janela
abaixo, parede ou tronco abaixo,
para a
horizontal impávida,
tons
cinzentos ou pardos.
Refresca
o bochorno dominante
o ar
aligeira sua presença
e no
precipitado ataque,
receosas
se estrelam
-terra,
pedra ou folhagem-
contra
um solo que opõe minguante resistência.
Cessa o
repiquete
o
sussuro compassado declina,
e as
gotas grossas
-soma da
soma das mais exíguas-
extenuadas, abatidas, doentes,
reúnem
em charcos dispersos suas forças rendidas.
Chegam
daqui e dali, de todas partes;
se
juntam, formam balsas e lagos,
se
multiplicam, transbordam, invadem
e no
rego gestante de hostilidade e fúria,
incorporam o coragem a uma marcha imparável.
Vão rua
abaixo, empurrando obstáculos
rompendo
presas, abrindo caminhos,
içando
cajados,
foices,
forcas, lanças, gadanhos;
com o
bronco canto dos rebeldes
que
lavram profundo
seu
próprio
sulco.
|
|
Transparente confusão
Vislumbre sou eu no espelho de tuas dúvidas,
obelisco
de névoa na interceção de caminhos;
quebrantadas promessas
e
desvinculados compromissos.
Só, sem
ti,
na
obscuridade de tua ausência prolongada,
vazio
desse brio promissor do efeitos positivos,
sou
incapaz de ser
quem em
realidade
sou.
Sem ti
sou
quem não
quero ser
e, às
vezes,
nem
sequer isso.
Somente
em ti:
espaço,
tempo, ideias, propósitos,
vontade
e atrevimiento;
ser
humano, fêmea de lábios nutrícios,
peito
generoso
e
cabelos em cascata sobre os ombros
nus;
só em ti
sou eu,
o eu
herdado de meus antecessores sucessivos,
sentimentos tão puros
como a
aurora do dia inaugural.
Cresce
em ti minha consciência de existir,
de ser,
de ir
desde oriente para esse ocidente que orienta.
Tua
complexa simplicidade,
tua
diversidade ingénua
definem
em mim essência e existência,
as
individualizam
livrando-as de escarpas
alcantilados
e
rupturas.
Voo na
tua esperança,
vou a
ti, incólume,
vencendo
a lei da gravitação universal
que nos
atrai e nos separa
na
infinita eternidade.
Unicamente sou eu
em esse
amoroso sorriso teu
comprensivo
das
minhas insuficiências e excessos,
desequilíbrio
que
somente tu estabilizas.
No teu
interior, na fundura,
na
profundidade de teus convencimentos
encontro
fundamento firme
e sou
quem eu
quero ser
depois
do esforço
que me
leva acima.
|
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O meu
sonho sertanejo
Estrela
da manhã e Libertinagem
manuscritos,
viagem
de circum-navegação elíptica:
além do
Recife, Rio, Santos, São Paulo e Rio;
até
chegar a Totônio Rodrigues e a rua da União.
¿Que
fazia aquela noite
-poesia
e música da mão, pintura e poesia
caminhando juntas-
Bandeira, no Sertão, diálogo afetivo
com um
escritor espanhol e uma
pesquisadora capixaba?
Pergunto,
que
fazia aquela noite,
farto do
lirismo comedido
farto do
lirismo bem comportado,
do
lirismo funcionário público,
desejando ser um poeta crítico e selvagem
peixe
emergente das águas abisais
fera nas
interioridades selváticas?;
que
fazia essa noite no Sertão,
-sorriso
insatisfeito, mitológica olhada,
autocrítica memoria-
em
aparente atitude latifundista?
Sonhava
eu o sonho de sempre:
a
humanidade satisfeita de suas coisas
e os
açambarcadores devolvendo o comum;
o sonho
era meu
e
Bandeira o habitava:
Abaixo
os puristas!
Abaixo o
lirismo namorador!
Abaixo o
lirismo que capitula!
Sinto
ainda o eco de suas palavras
no
pavilhão de meu ouvido
esquerdo
-o
direito
ouve distorcido-
e faço
meu o seu protesto, praça acima,
cenáculo
literário abaixo:
-Não
quero mais saber do lirismo
que não
é libertação.
Um sonho
de liberdade e de justiça
distributiva,
o sonho
dos representantes
servidores dos representados,
era meu
sonho aquela noite no Sertão.
Discutíamos Ester Abreu e eu
sobre
alguns aspectos confusos
de Dom
Juan, baixando
aos
infernos para surgir de novo:
andrógino,
triunfante,
celestial.
Se
desenvolvia o sonho,
intemporal ou com os tempos misturados,
num
Sertão imaginário
que era
a soma
dos
Sertões de Euclides da Cunha,
Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e Jô Drumond:
aridezes
existenciais, aleph, vidas secas,
horizonte além do horizonte,
utopia.
E se
sucedesse: pensei um instante: que Pasárgada
ocupasse
um extremo imaginário do Sertão?,
o
correspondente à Utopia, exempli gratia;
ou ao
exoplaneta Gliese 581 g
onde a
felicidade pende dos galhos nos árvores,
sendo o
ar maná alimenticio;
e Manuel
chegasse alí
num
momento de fundo desânimo,
desde a
casa da Rua do Curvelo
no
interior da ânfora de sua tristeza mais triste:
Não sei
dançar,
meu
verso é sangue,
cai,
gota a gota do coração...
Grita,
ri, vive!: exclamei: Manuel Bandeira;
alegra-me que coincidamos na função liberadora,
detersoria,
da
poesia.
Fica a
vontade no meu sonho sertanejo:
convidei:
não a
Veneza americana
não o
Recife dos Mascates,
neste
Sertão de Sertões gris e gélido,
vozes
simbolistas, parnasianistas, modernistas
sequedade na garganta,
imaginando com Ester e comigo
o
triunfo último de don Juan
convertido
em fêmea
feminista.
Vou-me
embora
para Pasárgada:
disse,
mãos nos
bolsos vazios,
olhada
displicente:
poesia
ao serviço da imaginação.
E vi-lhe
marchar ao longe, sonho adiante,
convidado por Baudelaire,
quando o
sonho acordava em mim
e os
livros se fechavam:
correção
do professor Veríssimo:
Capibaribe!, Capiberibe!
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A lei da
Gravitação Universal
Quando a
minha desbordante imaginação
creu
escutar o primeiro dos três avisos
-sinos
celestiais repicando e dobrando,
apocalípticas trombetas e tambores
capazes
de encher com seu grito bronco os enormes
ocos do
silêncio cósmico;
e nel
Planeta Terra
os
recursos humanos em poder duns poucos
indivíduos desumanos-
advertências anunciadoras do fim do Universo;
minha
desbordante imaginação sentiu a necessidade
de
dispor dum Ser sábio, justo e forte
que
impedisse a continuidade do processo destruidor.
Entendi
a explicação, ao que parece, científica,
que a
imaginação teve a bem confiar sobre
a origem
do fim universal, e aqui a exponho:
Tendo
chegado a seu termo a expansão
dos
quase infinitos corpos celestes,
atingidas umas distâncias, entre si,
descomedidas,
a Lei da
Gravitación Universal,
-inevitável até então-
ficava
sem efeito e, desorientados estrelas e planetas
começaram a chocar uns com outros
a
velocidade exorbitada.
Só podia
interromper a gigantesca colisão
um Ser
tão forte ou mais que o Demiurgo Criador,
quem
deixando comandar às indecisas Leis Naturais
dorme o
sonho iniciado ao final
das
esgotadoras tarefas de arquiteto.
Pareceu-me laudável sua intenção, mas adverti
que, um
Ser assim, tinha sido imaginado milhares de
vezes,
quiçá
milhões, coletivo ou individualizado;
dispondo
ao redor dele
uma
parafernália envolvente com jeito
de
caparazão de tartaruga.
Se faz
necessária, nesse caso, respondeu,
uma
posta em ordem, uma actualização,
que
valorice os conhecimentos conseguidos
pela
perseverança posta na investigação
da parte
inconformista da humanidade.
Luz
será, expôs, já postas as mãos à obra,
todo Ele
luz: um resplendor de intensidade máxima,
que
elimine os ângulos escuros na debandada
planetaria, ou em seu regresso ao ponto inicial.
De areia
será o Ser imaginado:
de areia
recolhida grão a grão duma praia de Vitória:
a ampla
Camburi: ferro e carvão diluidos;
e nos
areeiros ásperos que, em Valdepero,
se
encontram trás o Campo-santo e a Ermida.
Areia
todo Ele, gotejando pelo orifício
central,
união separadora de dois cones opostos
em
posição mudável: aurícula e ventrículo,
continuidade, Ele, do tempo intermitente
medido e
contado em gigantesco relógio de areia.
Deste
jeito
continuava o projecto minha imaginação,
desbocado já seu impulso criativo:
Um poço
de sabedoria será; de onde o homem extraia
inumeráveis caldeiros.
Um livro
grosso onde se possa consultar
qualquer
assunto,
qualquer
data, qualquer significado
que
qualquer pessoa, animal, planta ou pedra;
necessitem conhecer para um fim preciso
ou
impreciso, próximo ou afastado.
Um
recipiente capaz, uma profundesa, também;
para que
o homem arroje todos seus desafetos;
sumidouro
de
substâncias
residuais.
Espelho
espacial no céu nítido, charcos de chuva
ou
lâminas de obsidiana em cada cotovelo, será;
para que
as criaturas animadas e inanimadas
se
possam ver como o Ser as vê no momento;
para que
a cada um saiba o que pode esperar
do Ser e
corrigir sua própia andadura
se fosse
necessário e assim o desejasse.
Já que
não pode existir democracia representativa
na
eleição do Ser, por sua unicidad irrepetível;
Ele
mesmo, elegerá conselheiros humanos, que
acrescentem
a
sensatez da Humanidade nas questões
que à
Humanidade afetem:disse,
me
assombrando uma vez mais e mais que nunca.
Cinco
únicas palavras,
unidas
numa frase engenhosa
que seja
resposta válida para todas as perguntas
formuladas pelo Ser a cada um,
utilizarão os interessados em exercer o posto
com a
sozinha possibilidade de mudá-las de lugar.
Serão
nomeados conselheiros
quantos
engenhosos tenham sucesso na prova.
E assim
sucessivamente, milénio tras milénio,
os
Conselheiros se sucederão no Conselho;
pelo que
a realidade lesiva do Ser único e primeiro
criador
da Natureza, mas desentendido de suos
desajustes,
ficará
corrigida com a penetrante perspectiva humana.
O
fenômeno teve lugar múltiplas vezes:
tudo o
existente, em aparência
estouvado, tras suas constantes aproximações
coincidirá num ponto, matéria convertida em
energia
constituindo uma esfera ingente e mínima,
à espera
duma nova Grande Explosão,
governada, uma vez mais, pela imprescindível
Lei da
Gravitação Universal
No
concernente à atual Humanidade do Planeta Terra,
pode
ficar numa inquietante tranquilidade:
se
recebeu só o primeiro aviso
e faltam
séculos
para que
se produza o segundo.
O que
não pode esperar nem uma hora mais
é o
começo da distribuição dos recursos humanos
propriedade injusta, inexplicavelmente tolerada,
duma
minoria ínfima de indivíduos desumanos.
PSdeJ
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PEDRO SEVYLLA DE JUANA
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