INTRODUÇÃO
Nós seremos breve e
leve. Ao longo do nosso labor, nós hemos de
aventar: é frutífera, na fronde, é frutífera
Éfrata. E vamos, então, ao missal e à messe do
Messianismo. Todas as religiões são raios do
mesmo Sol que eduzem, conduzem, ao divo e a
Deus. A Deus elas conduzem por palavras
diferentes. Ou melhor, seguindo e segundo
William Blake, o Inglês, todas elas são
expressões do «Génio poético» de cada povo,
cultura, e civilização. Elas diferem, apenas,
devido ao espaço e ao tempo, que são princípios
«a priori» da sensibilidade. Apela, o espaço, à
Geografia, e diz respeito, o tempo, à História
das palavras. Quando os homens preenderem, ou
compreenderem, este facto e o feito,
cumprir-se-ão, alfim, as profecias de Isaías,
sobre o Templo e o tempo do milenarismo: «Das
espadas fabricarão enxadas, e das lanças farão
foices. Nenhuma nação pegará em armas contra
outra, e ninguém mais vai treinar-se para a
guerra.» «Porque nasceu para nós um menino»,
continua o Poeta, ‘um filho nos foi dado: sobre
o seu ombro está o manto real, e chama-se
«Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai
para sempre», «Príncipe da Paz.»’ E citemos,
mais uma vez, o filho de Amós: «O lobo será
hóspede do cordeiro, a pantera deitar-se-á ao
lado do cabrito; o bezerro e o leãozinho
pastarão juntos, e um menino os guiará; pastarão
juntos o urso e a vaca, e as suas crias ficarão
deitadas lado a lado, e o leão comerá feno como
o boi. O bebé brincará no buraco da cobra
venenosa, a criancinha enfiará a mão no
esconderijo da serpente.» E esta, pra mim, é a
Liberdade. E esta é a doutrina da não-violência.
Fiéis, dessarte, aos seus Profetas,
cumprimentam-se, os Israelitas, dizendo, e
proferindo, a palavra «Shalom»: significa ela
«Paz» em seu sentido pleno. Mas em vez do
exílio, isto é, em vez de a procurarmos fora de
nós, começa sempre aqui, começa sempre, a Paz,
em nosso coração.
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TESE
Que o Nazareno é Nazarita e por isso o Nazireu.
E sejamos aticista, e no orbe, e urbano, não
mataremos, nós outros, ninguém, por ele não
professar o «querigma» do Cristo. E do
«querigma», e do carisma, trataremos aqui. Se a
linguagem, para Heidegger, é a Casa do Ser,
façamos, da Escritura, a habitação de Deus, a
choruda «Shekiná»: nas águas de Hipocrene, é
chama e é chamada a «Sophia» perene. Que a
língua liga, e é apanágio dos colegas. É
apanágio do ledor. E agora vamos, entanto, às
palavrinhas. Por as palavras cria o homem o
sobremundo da cultura que o separa e aparta duma
animalidade. E quanto ao Pentecostes?, pergunta
o leitor. «Pentecostes», do grego «Pentekosté»,
significa «quinquagésimo». Quero eu dizer,
finalmente: se memora e comemora, a festa
pentecostal, sete semanas depós da Páscoa. E por
isso ela é chamada de Festa das Semanas, Festa
das Primícias, ou Festa das Colheitas. Tem ela a
voz, e a vez, 50 dias depois da Festa dos
Ázimos. E temos, então, que o número 5 ( não
olvidemos que é marcante, na Bíblia, a numérica,
etérica, simbologia ), o número 5 nos remete,
por isso, ao Quinto Império, ao Éter, à celeste
quintessência. Como adiante aduziremos, esse é o
culto, imperial, do Espírito Santo. Se «Belém»
significa a «Casa do Pão», esse é o rito, o
ritual, da Paz e dos pães da proposição. E na
festa, sideral, da Colheita do Pão, assumindo,
assimilando, o Pão da Palavra, as primícias da
Colheita, elas vão para o Senhor – e assim o
professa o Levítico literal. Quero eu dizer: no
elemento, ou alimento, do Pão quotidiano, se
acura, e acrisola, o sentido de Aliança com o
«Abba» e o Paizinho – e o Pão da Aliança é
celebrado, adrede, em crisol, e cristológica,
Eucaristia.
Pois a apresentação, do Pão, a Deus Padre, é
rito antigo, avito, e deveras arcaico; usando,
Melquisedeque, o pão e vinho, Abraão, o
hebraico, era alçado e abençoado, e se o nativo
é nutrice, caminha, a nutrição, a par da
adoração – e a Palavra é deveras medicamento e
alimento.
E se a
Justiça se une à Paz, era Melquisedeque, afinal,
o Rei de Salém, o Sacerdote, no altar, do Deus
Altíssimo. E do colaço e colação, e da Colheita
do Trigo, no Antigo Testamento, se passa, nos
Apóstolos, à colecta, e à Colheita, do Espírito
Santo. Ele é a signa, a bandeira, o sinal, da
universalidade, do arcano, e Cristiano,
Catolicismo – e são por isso alteadas as línguas
de Fogo. E são por isso orações, e duas ilações
se tiram na lição. E eis a prima, a primeira, e
a primordial: a Boa Nova é doutrina pra todo, e
todo o mundo, não há, na Boa Nova, a
discriminação. Que evangélico e angélico, tem, o
Salmista, as portas e janelas todas abertas.
Pois não há, para a Verdade, nem grego, nem
judeu, nem escravo, nem homem livre, e nem
doutor, nem a estultícia – e é a encíclica, na
verve, a enciclopédia, e somos todos invitados
para o Banquete nupcial. E a sagrada, e a
segunda, proposição: o Pentecostes narrado nos
«Actos dos Apóstolos» é deveras sacrossanto, ele
significa, ou dignifica, o início, caroal, da
Igreja cristã. Mas agora, esquadrinhemos: se o
Fogo apareceu na Aliança, ou liança, do Monte
Sinai, quero eu dizer, na sarça ardente, o Fogo
nos aparece, no «liber» de Lucas, qual simpósio
e o cenáculo da Fraternidade. E difundindo, e
defendendo, a «communio» da eclésia, S. João
Crisóstomo chama aos Actos, deveras, o
Evangelho, e a Palavra, do Espírito Santo. O
Espírito que atende, ampara e preside à Igreja
Cristiana. Pois nos «Actos dos Apóstolos»,
ouçamos o discurso do Apóstolo Pedro: «Nos
últimos dias, diz o Senhor, Eu derramarei o meu
Espírito sobre todas as pessoas. Os vossos
filhos e filhas vão profetizar, os jovens terão
visões e os anciãos terão sonhos. E, naqueles
dias, derramarei o meu Espírito também sobre os
meus servos e servas, e eles profetizarão. Farei
prodígios no alto do céu e sinais em baixo na
terra: sangue, fogo e nuvens de fumo.» Ou
cotejando, novamente, com o Antigo Testamento,
em Génesis, por isso, se narra a história dos
homens que, levados pela «húbris», construíram,
dessarte, a Torre de Babel: eles queriam ser
famosos e chegar até ao Céu, mas seu orgulho,
desmedido, deu origem à queda, e à confusão das
línguas. E se o «Homo», por isso, vem do humo,
quem se humilha será exaltado, quem se exalta,
em diabril, será humilhado. Ou no lance e lição:
comunicar, no sentido pragmático, ele é qual
charla, o boato, e a denotação – mas o
comunicar, poeticamente, é qual a Nova, e a
«communio», da conotação. Contra a Marta, que
labora, adora, e ora, a Maria do Evangelho; ela
toma, pra Jesus, a melhor parte. Pois é da
Poesia o «Dasein», o «Mitsein», e o fundamento
do Ser, a porfiada atenção ao mundo do Ser.
Quero assertar, e proferir: se é existir o
«Dasein», será, o «Mitsein», o acompanhar, o
estar junto, o coexistir. E por isso o comunal,
e por isso os cristianos tudo punham em comum, e
comungavam, «companions», do Verbo sideral e do
Corpo do Senhor. E por isso, nós afirmamos, em
celeste Firmamento: tomando parte, e
participando, da unicidade da pessoa, professa o
Cristiano a autêntica existência – mas aferrado
ao véu de Maya, e ao mundo do ter, participa, o
prosaico, da existência, anónima, do homem,
dessarte, unidimensional. Mas revertendo, no
lance, o Pai assume o Filho – e ao Filho,
lilial, desce o Paracleto sob a forma de Pomba.
O mesmo Paracleto que, falante e aflante, Ele dá
testemunho do Pai e do Filho – e com o Filho
lavora, no escol e a escola da Nossa Senhora.
Quero eu dizer: na eclésia, assembleia, e na
egrégora do Cristo. Pura Poesia, afinal, o
fanal, e o carisma, da cristificação – e no
asmo, e entusiasmo, a parábola, e o Paracleto,
do mitificar. Por isso o Vate é Vaticano, e no
viático, ou vieira, o Poeta, e a Porta, é
construtor de pontes – e eis o Jano e eis o
Graal, esse o carme, e a cadeira, pontifical. Ou
falando, agora mesmo, por tópicos e tropos: ao
ser expressão do inconsciente ( e remembrando,
aqui, a escada de Jacob ), também é, a
Literatura, a cruzada e a carreira do
sobrenatural. Parafraseando, aqui, o Hoené
Wronski, não basta, ao homem, conhecer a Verdade
– é preciso também criar essa Verdade
verdadeira, e eis a escola e o escopo da
especulação. Como eis, aqui, a crística lição.
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CONCLUSÃO
E hemos dito e aventado:
é pronto e é preste, é preciso o teologúmeno.
Álvaro Ribeiro, no lance, já nos tinha avisado:
Filosofia sem Teologia não é, ela não é,
Filosofia Portuguesa. Ou melhor: se o Deus,
deveras, é o Alfa e o Ómega, não conhecer a Deus
Pai é ser, na verdade, analfabeto. Se a prece é
sobretudo uma Arte da Palavra, é precisa,
dessarte, uma oração… do coração. Nos seja
feito, por isso, de acordo com a nossa Fé: e
surge aqui a Sorte, e surde aqui o querer
consorciado com o crer. Pois no escol e na
escola do Lusitanismo, a Ideia de Deus ela é,
deveras, o arrimo e a base da Filosofia, ela é o
fundo, o fundamento e o fundamental. Em sua
gnósica prosa, Fernando Pessoa, forte e fértil,
ele tinha, dessarte, toda a razão: se
interpretarmos, hermeneuta, os Evangelhos à
letra, eles são adrede libertários, são pura e
simplesmente anarquistas – e não remembras,
aqui, o caso do Tolstoi??? Como quer que seja,
seremos, nós outros, os discípulos do Cristo,
conheceremos a Verdade, e a Verdade, alfim, nos
libertará. «Mas pra que serve, agora, a
Teologia?», pergunta o ledor. Um rapsodo, que
nos sopra, um rapsodo, que ressuma, nos dá a
resposta. Na vez e na voz do Poeta João Belo,
«Procurar o infinito é descobrir o impossível,
saber que não se existe é conseguir a
existência». É conseguir, deveras, o «Dasein»,
disserto eu. O desvelar, o alumbrar, o co-mover,
uma «ek-stática» insistência na Verdade do Ser.
Queluz, 17/ 05/ 2015
AD MAJOREM DEI
GLORIAM
PAULO JORGE BRITO E
ABREU
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