REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 49 | dezembro-janeiro | 2014-15

 
 

LUÍS SERGUILHA
A vidraceira lahrsista

Texto sobre EXPOSIÇÃO da ARTISTA MANUELA CASTRO MARTINS

Luís Serguilha (Portugal). Poeta, ensaísta. Autor de 14 obras de poesia e ensaio. Participou em encontros internacionais de arte e literatura. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Criador da estética do LAHARSISMO e responsável por uma colecção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Pesquisador da Poesia Brasileira Actual. Curador do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO.

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
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Dir. Maria Estela Guedes  
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As palavras sorvem a luz da fenomenalidade das rotas do estrangeiro que confortam os braços dos destroços da artesania( a vidraceira ausenta-se nos osciladores da língua do deserto): dizem que são as cortaduras de adaga na dialética das trepadeiras das estações secas sem origem( as OSTRAS dos aforismos movediços enrodilham-se anestesiadas pelas rédeas dos olhares enfermos rodeados de luminárias em jejum e o magnetismo da secura indetermina-se nas transmutações das vozes furtivas que amontoam em si a germinalidade dos ecos inóspitos, os abecedários dos animais iluminadores de expansividades em fusão descomunal): dentro do prolongamento dos contrários, da potência do retorno vitrificado e da errância paroxística, estes arcos de pedra-dos-larvários absorvem os cultos da reflexividade do indizível fortemente desfocada pelo fogo inobjectivável: as ciladas transfronteiriças procuram a indeterminação dos vocábulos arqueológicos percutidos sob as atonias dos maçadores-de-desaparições( contaminação dinâmica da celularidade enfeitiçadora das criaturas em deserção e as absorvências do vidro irrompem nos atravessamentos encantatórios das faces multiformes, na aventura infinitesimal do holomovimento das nervuras da artista com lahars-babélicos-multifocais______sem repouso_____)submersão dos abalos a reabilitarem a escuta vadia da estética das falanges com erosões insondáveis a provocarem a exaltação circulante do mundo, das teias das magnitudes dos epicentros da orfandade: eis as dilacerações em intermitência colossal a fazerem dos interstícios incicatrizáveis as forças circulatórias dos fósseis fundidos nos transbordos esfíngicos das áreas atemporais de todas as forças indiscerníveis: chicotes imprevistos das desescritas entrecruzadas nos renascimentos móbiles da sedução e das capturas oscilográficas que nos levam para o estonteamento da ritmicidade atmosférica dos corpos sismológicos, fortalecidos pela perplexidade dos raptos intangíveis das cartografias da mestiçagem( os andarilhos das falas indeterminantes atraiçoam esteticamente as origens de outras vozes esquecidas nas singraduras ziguezagueantes para interrogarem os desaparecimentos lúdicos dentro das deformidades e os miasmas dos alquimistas gritam pela não-pertença das engenheiras giratórias noutras direcções das pirâmides escalonadas)____sim___o paroxismo das gelosias desfere as feridas das composições intersticiais com o anonimato das navalhas pisoteadas entre os moscardos esfomeados e desovados nos pulsos obsequiosos da vidraceira que é em si uma não-habitação, uma não-paisagem que recupera o som do fogo invisível com o seu próprio desnudamento, com a inacessibilidade libertadora de arrasamentos-cantantes e criadores de tensões soberanas que fazem da transição dos visitantes um advir-lávico de interrogadores sonâmbulos ( a palavra sem fronteiras tenta percepcionar sua velocidade por meio dos recomeços desse fogo enregelado, umbroso, destruidor de julgamentos, rompendo babelicamente gorgulhos uivantes com o núcleo da inapreensibilidade da vida recuperada pelo abandono do silêncio, pelo verbo accionador da vidraça feita de falhas subversivamente murmurantes onde ressurgem os outros rumores dos enfrentamentos da arte conectados aos cânticos mais interiores que reconhecem os povos desérticos fora de nós-mesmos_________reinaugurar a negação institual do mundo em desassossego com o vidro impregnado de trilhas-Aion, de golfadas de êxodos entrançadores de epifragmas hidrodinâmicas): eis a repercussão das falanges poliédricas e desorientadas nas suas próprias migrações onomatúrgicas, no seu próprio silêncio absoluto: eis os pulsos-fluviais das vocalidades a reiniciarem-se no acabamento da escultura provocadora de dissipações de vozes sagradas e pulverescentes, sem qualquer serventia, desfigurando cadafalsos com os batedouros animalizantes de toda a magia piramidal dos arquitectos dos espaços de acidentalidades_______tudo se transforma numa personagem irrealizável, numa inscrição de delírios colectivos incapazes de dizer___subsolo____nos olhares subversores da vidraceira, porque as raias e as redobras estão repletas de espelhamentos concomitantemente inexpressivos e contagiantes: um olhar das forjaduras do deserto que nos ultrapassa indiscernivelmente porque vivemos nele absolutamente estranhos-heraclíticos e sem procura( vitrificações suspensas nas síncopes meteóricas de todos os volteadores que circundam as oficinas da ausência de nós-mesmos: os assaltos das vozes geográficas tornam-se sinoidais-ondeantes com fundações em risco caleidoscópico, em risco silenciador de conexões placentárias, de confabulações sinérgicas: a vidarceira acontece sempre nas forças invisíveis que vivem dos ecos dos forasteiros desnorteados): esta dobradura vertiginosa antecipa-nos adentro da antiguidade ambígena para aquilo que não sabemos, para a sublimidade da cavalgadura inexplorável onde o corpo se recompõe sob a plasticização caótica______nada é controlado e acontecemos intraduzíveis sempre no sussurro prístino de outros pensamentos cheios de erotizações vidraceiras, de circuitos faiscantes que nos levam para os baques de alcançar devires sem memorações, apenas sacralizamos a violência das fissuras das insularidades que as zonas intensivas das bocas da vidraceira potencializam em forma de extracções contaminadoras de escreveduras em movimento onomatopaico: pernoitamos longe de nós próprios trespassados na subsistência do transe-arrebatante da inoperação-do-mundo_____o fogo evade-se meditabundo____outras transversões do fogo alçam-se em todas os rumos pigmentados no corpo surfante da vidraceira com a máxima sumidade-ciclópica: nada lhe cabe, nada fica encarcerado nos rompimentos do vidro, resta-nos mergulhar irreflectidamente nas plasticidades urentes: o vidro caóide galopa na radicalidade e produz multidões na voltagem das línguas, vive deslocado no que há de vir, porque se nega e prevê permanentemente a sua própria solidão como um acoplamento selvaticamente divinatório e inexpressivo: ele sabe que vem do nada, vem do refúgio anterior aos meridianos do vidro, por isso se escoa isoladamente, oscilando no corpo-fasciculado da vidraceira, já desviante, sulcada pelos espectros orbiculares que a reinventam indefinidamente, impulsionando vozes profanadas e sem limites trans-históricos )_________vejam as peles-de-vidro do jaguar a cerrarem incrustações falciformes e a esquiarem pântanos dentro de um sol de alheamentos, de existências codilhadas que projectam sombras espeleológicas nas matemáticas usurpadoras de devaneios onde repousam as encarnações iniciantes da vidraceira com a paz nas bordas do abismo, com os últimos rasgos-espiralados-de-terras-baixas( a vida da inquietação do fogo jamais repousará nas dobraduras dos percursos e a dispersão energética faz do espaço verbal a antecipação do exílio pleno de encurvas-moventes, de fluxos vazadores de instabilidades hibridas): tudo é negado sob a fecundação dos rumores démicos dos olhares recriados pelos golpes das perspectivas, pelas peregrinações das catástrofes( a vidraceira sente a morte de deus com suas sombras reconstruidas por outros deuses corporificados por quem recebe a arte dos gregos____a memória dilata-se, torna-se descomunal para regressar às desleituras submersas da infância-livre: eis, a incerteza do seu livro mais interior quase traduzido perante a interacção dos felídeos que ainda se reflexionam nos intervalos da oficina)_____: milhares de acarinas tentam mesclar minúsculas sepulturas rentes aos desfiladeiros da luzência intensíssima que ainda revessa anonimamente as precipitações das forqueaduras de e da vida nos pensadores fora das suas ciclicidades e com ressonâncias uterinas sem indagação porque sofrem transladações descentradas, indistintas onde a vidraceira questiona o mundo e perde o rosto nas sombras cosmogónicas dos seus próprios povoamentos com peugadas Sisífias______ela vive no abandono da sua própria morada, libertando-se sob antiquíssimos palcos conventiculares: aqui a vidraceira rapina a combustão dos homicidas do impensável para transmitir secretamente clareiras inacessíveis e fricções jazzísticas que ocasionam outros corpos xamânicos sob as mutações das recolhas genitais da palavra, sob corredores epilépticos flexionados no pousio dos sudários dos corvos bruscamente abalados no indizível-móbil do fogo revelador de paradoxos e de destronamentos ininterruptos: as multidões anónimas são projectadas o mais longe possível para a verdadeira entonação da recusa, filha das línguas desviantes a interpenetrar na fertilização da cerâmica epifânica onde acontecem as travessias elipsadas da vida e as geologias expandidas do poema( vascularização e recriação do mapa cósmico da vidraceira que coloca seus pensamentos nas gesticulações descontínuas): obsidianas em transversalização escoam-se no entrecorte das zimbraduras, nas azulejarias das máscaras de serpentina para porem em risco toda a escrita da escrita fruto dos astrólogos oxidados pelos fisionomistas sexíficos que incorporaram as germinações obscuras do fogo nas ampulhetas do repouso castigador do lado norte dos propulsores da mercância( sarcástico tubérculo a fracturar horóscopos incuráveis articulados aos cadáveres plantadores de espelhos nos unguentos de outras carcaças que latejam enclausuradas nos gemidos das agulhas dos vultos com xadrezes estiolados nos seus testemunhos herdeiros de nocturnos farmacêuticos)____________vestígios trepidantes rastejam ociosos de ventres viscosos e de enervamentos das incubações dos redemoinhos dos novos afectos_______: a sismicidade da vidraceira vagueia com cabeças de reverberações atmosféricas, com intersecções zoológicas que derivam das cisternas prestidigitadoras de Prometeu, por isso sente o odor geométrico no fogo necrológico sempre ausente de qualquer conhecimento dos enforcados, somente os espôndilos dos círculos concêntricos saltam dos fornos em forma de máscaras de jade e um baralho de tarot empalha os disfarces das vísceras embainhadas nas circunvoluções dos unicórnios onde as instabilidades teátricas se transvazam para devorarem a propagação dos sentidos do mundo: TUDO-ESCAPA_____( o intermediário do pânico será sempre o enxofre incombustível das chagas afrodisíacas e as amplitudes desmontáveis da artista se dilatam e se evaporam perante os olhos do seu território-copulador-feiticeiro incorporado permanentemente nos fenómenos ígneos das vigílias que tentam abolir as escrituras nos respiradouros in-transmutáveis: esta veracidade invisível faz-nos retornar às evasões do vidro, ao lar glacial dos cânticos espirituais onde as animais se queimam sem brilho porque levam para dentro de si próprios uma luz-canibal inesgotável)_______inomináveis círculos de arraia, interiormente tensionados por outra negação aberta às verrumas de osso retraçadas entre os ensaios das vizinhanças microfísicas e as ossadas coalhadas dos caçadores de subúrbios esporádicos( á-bê-cês desmembram-se nas ameaças cambiantes das falanges misturadoras de mitografias e o vidro desliza para desaparecer na sua própria defluxão): estes efeitos im-profícuos e estas excepções exíguas de um corpo em mudança, em sinuosidade abissal, povoam e despovoam conjuntamente os acontecimentos do insuportável porque acreditam no resvalamento da ética-estética em novos espaços desejantes-vivificantes, em acolhimentos iridescentes captadores de arquipélagos desregrados e de topologias excitatórias defrontando as renascenças das ritualizações náuticas de loucos arenários______sim______ as forças afectivas fazem sobressaltar e circundar as bigornas-répteis da palavra que se esvazia, se mundifica nos talhadores de cirandas-de-vestígios para prosseguir, ondulatoriamente até aos batentes dos desenhos da vista newtoniana: aqui as cabeças incontáveis do poema-dos-estendais-de-vidro se abismam em queda infinita-cromática e se entregam diferentemente ao corpo das calefacções de efígies, assim, as inversões da penas de Quetzal estão sempre inacabadas numa extensão varada e raiada sem respostas porque desejam sustentar as luzes inevitáveis das pedras das itinerâncias com os grunhidos das ulcerações sem destino_______ um eremita dissipador de colapsos se greta no simulacro polifónico das coagulações ópticas________lá vem a artéria psicotrópica da vidraceira a decifrar as vozes restauradoras do alvoroço dos mecenas purgatoriais

( os jorros dos epigrafistas transformam os amuletos em vórtices alucinatórios e tudo se abre no avermelhamento da cegueira irrefreada que vê os arcos avernais nas técnicas agrícolas dos moradores de naufrágios): é na visão escorregadia das serpentes-entre-mundos que os poemas fortalecem a experimentação da incompletude relampagueante, removendo fragmentos abobadados e escadarias mitológicas no grito detalhado, subvertido e desdobrado em todos os rostos dos escribas cosmovisionários, em todas os promontórios narcóticos devoradores de agnições do carbono 14: oh caos coreografado pelas variações dos silêncios das semeaduras centrífugas, das anomalias feitas de rumores transumantes das águas de Urubamba que arremessam os olhares-da-quase-visão-inesperada para fora de si próprios, infiltrando as imanências dos ourives dos portos devastadores e das esferas multifacetadas das vidraceiras nos tendões das estepes da dramaticidade neuronal que ainda traça as escalas dos lapidadores de cordilheiras com os istmos dos solstícios de inverno: aqui os ctônicos brotam-se no JÁ e abandonam as orações das rosas-em-simulacro, embaladas pelos dédalos polinizadores da vidraceira, arrancados às reservas do desapego em retorno onde as traqueias das alegorias exploram a história de Heráclito sob lendas encadeadas nas paixões geórgicas e nos despojos das sinódoques : intervalos ovóides da trepanação que invade as talhadeiras da veemência do mundo onde ninguém pertence, desensombrando os revezamentos das cavidades do absurdo com as oportunas linhas dos utensílios dos templos solares( turbulência dos prodígios da transitoriedade órfica onde a aparição é feita de entrepausas do imperceptível ): os alvos da palavra sazonada contornam as técnicas metalúrgicas das mulheres celibatárias que absorvem completamente outras mulheres para se derramarem no ritmo do outro: aqui, elas circunscrevem-se, fragmentam-se com o vazio golpeado que as observa rés ao intangível da mobilidade dos cepticismos______o horror submisso ao zonamento do horror abre-se a todas as relatividades barrocas, a todas as conjecturas camaleónicas entre os passadouros das rubescências rudimentares e os códices dos Astecas em semiânimes genuflexões( trópicos da observância adivinham os despojos lançados aos exploradores de fotografias em despojamento, em regeneração grotesca e fundente onde a fractalização do vidro se antropomorfiza sob cenofobias metabólicas: a vidraceira autofagicamente escorraça-se a si própria esculpindo-se na transitibilidade irrefreável do polimorfismo): pasmo no rumo dos pasmos incendiários que antecipam o arrasto lutuoso das usinas dos monstros em repetência-criativa onde há a acidentalidade absoluta de golpear, derrubar, dobrar os conceitos-do-não-regresso sob camadas insculpidas na interrupção do lançamento de áreas afectivas, ou serão bruxuleios cinzelados na perscrutação dos estandartes corpóreos? Eis, a exigência de encarnar as superfícies hibridizadoras dos escalpelos através das travessias subterrâneas e dos discos auriculares das múmias árticas que petrificam as manchas do encavalgamento dos olhares ainda hoje perseguidos pelas progenitoras extintas( resgatar o irreal às alavancas mineralógicas do irreal________sim______as curvas luciferinas das mães mortas esmaltam e expelem os estiletes transformados em incisões rectangulares das dores compulsivamente arquejantes sobre o vómito anacrónico de milhares de profetas estetizadores da in-temporalização): são boomerangues in-visíveis das cascavéis das criptas temerárias a trilharem, a deformarem, a articularem e a tencionarem as dimensões-texturas da fascinação renovadora de eixos repletos de mandíbulas de coiotes e de reentrâncias em desamanho que prosseguem e acuam aquém da possessão dos traçados da língua_____o tradutor da vidraceira expande-se convulsivamente e dissolve-se dentro dos meios dos choques-das-misturas( eis a densidade da deflagração a participar vertiginosamente na imergência da matéria afectiva e das alterabilidadees instintivas compositoras de centopeias-de-policristais). O texto das vidraças se revela na tensão abismal-membranar e jorra, solavanca, rebenta-se na soberania das transformações dos plexos que esculpiram o não-dito no fulgor do avizinhamento orgiástico, nas urdiduras e nos retraimentos faunígenos que são em si a lonjura-em-jogo-moldável-entre-cor-som-e-ruptura-polissémica onde tudo é coarctado e libertado simultaneamente até à recusação dos tapamentos mais convexos _______a vidraceira embarga-se novamente no vazio invocante dos trilhadores de aluimentos, destruindo o seu poder de atomizações conflitivas, porque o seu corpo magicamente fissurado pela convertibilidade das perxinas sente as cartografias das precisões das máscaras de OLMECA para lá de qualquer visão putrescente, para lá das tribalizações mimicas____vive dos batimentos das crisalidações transcorporais e dos mergulhadores de contrastes( infundir os rasgos das caçadas adentro dos olhares compulsórios com todos as centúrias nas margens do absurdo catapultador de animalidades plurivocálicas onde o lapso pendular é a incandescência da fractura abdutora dos hemisférios melismáticos do vidro que se des-cavalga ouroboricamente, rizomaticamente nas fissões das divindades estranhadas): a desescrita nomeia-se no inominável de si mesma, esta contraversão opaca faz da tentativa de navegar no centro florestal do poema-VIDRO o informe fantasmático lançado pelas línguas dos movimentos dos povos, por todas as línguas com ressonâncias inesperadamente glamorosas, por todas as acrobacias dos leitores atravessados por plantas alucinógenas, por todos os gumes das espadas presentes nas fendas translatícias de todos os basaltos negros( o cinematógrafo dentro do cinema trufaudeanamente atinge o último sangue da gravidade das antecâmeras que levam o arbítrio geomorfológico à equação das peçonhas dos pássaros-por-vir) : aqui, o poema-vidro-lúbrico acontece na acoplagem de matrizes dos fascínios das des-montagens que arietam hipóteses dentro dos reversos das memórias depuradoras de fenecimentos iconológicos onde a receptividade abismática, nomeia a crueldade intraduzível dos silêncios rés aos ardis anónimos dos manufactos afrodisíacos, explorando, desfeando os infinitos dos instantes com o esquisso da obscuridade, do ilimitado, da esfinge__________palavra interpolada morre na zona de transição gentílica__________( reconstruir a anterioridade do vidro-palavra com os próprios andamentos dos lançadores de fracturas)_________sim______ a volumetria fabuladora do poema se regermina na vesana transmutante dos sádicos, dos narcotraficantes, dos salteadores boomerangues: incessantes fissuras das vozes de interfaces medusantes exigindo as ressonâncias das povoações alienígenas: são trepidações-líquidas a misturarem os itinerários das buglossas antigas dentro de cicatrizes insubordinadas que se elevam no vigor silente do mundo-agressivamente-mumificado-extremado pela estética humana-animalizante( a derrota da acusação remanesce no sobrevivente inabordável, no resplendor da expectativa do desastre mais dançante): tentar refazer-se na palavra ecoante, desmontável e de transposições instantâneas que assinalam a cegueira, a ampliação dos umbrais sobre a transversão do olhar das rendeiras alteradoras de faces, de dilemas que nos retransformam em meias-luzes de intensidades orgiásticas_______sim____zonas policromáticas,sempre desconhecidas, imaginariamente tensionadas e intransponíveis______eis o derrelicção do rebeldismo incomensurável a sobrerrestar nas ruínas das expressões do arcano insolúvel: absorvedores das fragmentações rebatidas a insculpirem os alcances-rupturantes do antro fantasmagórico do mundo onde o olhar-feito-visão-indiscernível oscila entre as intersecções do animal-vegetal-petrológico-humano, aberto à captação do imemorável, da transversalidade do pavor que é palavra em ondeamento estrangulado e que se expande no terror de outra palavra submergida nos percursos sobrepostos com sinais escavados no recurso do olhar de geografias impenetráveis( a anatomia que ainda não vemos, emancipa-nos na intensa ebulição das cavernas-livres): eis os corpos clandestinos que se recolheram das profligações das tumbas cósmicas e que extraem os estilhaços da visiva à estrangulação dos anteparos labirínticos para se transfigurarem novamente num mosaico de línguas em fracturamento, em pistas assimetricamente entrincheiradas por gestos eléctricos: tudo é encorpadura compacta, tatilmente afectiva entre visões insolúveis, mostradores de crepitações e deslocamentos revolucionários aspersados por gestações tenebrosamente regeneradas pelos avessos e pelas bifurcações migrantes: a voz torna-se impossível, devasta-se no rastro anterior a si própria e afecta loucamente o corpo de outra voz semantúrgica: o poema-VIDRO acontece nesta efracção oscilante que nos afasta e nos aproxima em potência incorporante, mudando a prolepse do mundo para regressarmos à recusa daquilo que nos olha dentro da nossa própria visão, enquanto intensidade rupturadora que se faz jogo modular da alienação, se faz vida ritmicamente perseguida por todos os espaços anteriores aos poderes heréticos, refazendo dobradiças-dos-engolfamentos-geográficos (a desincorporação das antecâmeras dos olhares é permanente porque somos feitos de interrupções libertadoras de vozes rodopiantes, emancipadoras de metamorfoses carnais,cismáticas, que in-finitizam o nomadismo do cadáver viés ao cadáver jogador de verdades opostas que nos fazem escutar os itinerários indecifráveis, indiscerníveis da vida sob as causas-desdizentes diante do infinito da resistência dos epifragmas: a palavra-vidro em forma de helminto se delonga nos gestos da denegação e se torna verbalizável na dança paradoxal dos gritos-em-eclipse: o poema-da-vidraceira sobrevém no corpo instável, no alicerce vertiginoso e é estranhamente, concomitantemente compacto e translúcido, vivendo na imanência placentária, nas arestas da elasticidade do nada, na expansão imunológica, na recolha de um caos tacteante que esquece o conhecimento em forma de catástrofe, em planos de procriação de raias do diáfano onde se desmantela a ferida-língua entre as lousas das transpassagens e os reflectores transterritorializantes__________o poeta desaparece sempre na tentativa de transformar a geometria materna, de buscar a opticidade inelutável, os triângulos-tetaedros por meio de camadas cibridas( a experiência circula na ficção injectada de sangue e o corpo seduz a rejeição da loucura, enlouquecendo no desconhecido dotado de presenças prometidas à elasticidade cerebral) : a língua, o poeta, o vidro e a palavra respiram em traço-do-traço-entre-traços, em não-pertença porque há a urgência da autonomia da desorientação: os miradouros abrangem a recusa da palavra, extraem composições informes e arrancam os rostos ao macaréu dos eclipses que alargam sombras no fulgor do poema-vidrado para o retirar da sanguinidade da língua e o circundar nas probabilidades-criadoras de zonas sulcadas pelos desvios espaciais onde descampa a reinvenção do pensamento sob formas de combinações-moxinifadas-fugidias: estes traços-olhares transpõem os silabários dos parasitas-predadores que habitam na solidão da oficina dos falares perdidos, do texto-quase-vivente, sempre em decomposição estocástica________ a fala projecta-se longe de si, para se transgredir indeterminadamente e transpor sonâncias, tumultos através do designer-musical-desfocado: este murmúrio desordena as raias da escrita sem repouso e o texto-da-vidraceira é em si a mutabilidade, a fluxibilidade, a incurabilidade que se regermina nas forças indistintas do devir da cisão que vive dentro de nós caçando latitudes e longitudes tremendamente fosforescentes: é nos intervalos-moventes do texto que o corpo dança com os fenómenos das luminárias no dorso e se abre à tradução do mundo, às distracções da imanência, aos jogos da mestiçagem, ao instigador de contágios( olhar o vido olhado): pospecção e irradiações de forças esteticamente captadoras de visões-misturadas que se autonomizam do e no corpo para se extraírem a si próprias e repulularem entre experimentações biológicas-cosmológicas da escritura-sem-origem, convertendo o leitor-da-vidraceira na aventura violenta da palavra, na transmutação cúbica dos devaneios( rastros das perspectivas): são as multiplicidades de inversos experimentadores de batentes comutativos a fluírem na matéria-espiritualizadora______a morte destacada faustosamente e os encalços transformam-se em signos infractores-interditos sob a metamorfose dos rumores petrificados pelos golpes mágicos da espera de quem nunca vem_____golpes que trilham espirais infinitas alicerçadas nas palavras mutiladas porque se urdem intensamente a si próprias: esperar nas encurvas dos nervos os arremessos dos fazedores de fogo onde recomeçam os contrastes da vida como calamidade espontânea-criativa aproximando o vácuo da palavra de quem não vem, de quem se deflagra na fronteira estranha, na nas vizinhanças das visões em colapsos penetrantes que nos fazem sustentar o redobramento das disrupções sobre um poema-VIDRO em intermitência diametralmente quase-circular, quase mercurial porque a inferência é roubada à obscuridade transmitindo-nos a expiração glacial: vejam, o poema dentro da vidraceira a acontecer na erosão das forjas imprevistas herdadas das transfronteiras mitopoéticas e dos génios das incertezas que jamais escaparão ao fogo espontâneo das feiticeiras: assim a vidraceira viverá inapreensível e será círculo de uma experiência contínua, projectando sempre seu espaço de incompletude no enxofre da luz primitiva nos nossos olhares: eis, o emaranhamento das passagens adversadas, infinitamente flutuantes, incomensuravelmente neurotizantes_______a perplexidade das falanges variáveis continuarão a fazer parte das catástrofes sensoriais como um recomeço dos derrames dentro da vastidão que nos colocará sempre nas travessias suspensas sem pontos, sem linhas, sem fisionomias____estomas vulcânicos____: o algoritmo do olhar é já o vidro em brasa paradoxalmente esfericizado pelo excesso e pela expansão da memória contrariando, invadindo as resinas das vedações dos deuses que devoram deuses____a vidraceira é a própria ciranda da perda, esboçando-nos na falha plurímoda onde as rotações do jogo das forquilhas e das lâminas de silex nada dizem, sentimos o povoamento da clandestinidade dos pontos de luz e de quem acumula em si os desejos incendiários dos animais: esta transgeografia de um fogo imperceptível que atravessa o útero insuspeito do mundo da vidraceira, tornando-a inumanamente alucinante: esta tensão eruptiva que se apropriou invisivelmente de nós em tempos de barbárie fecunda_____________esta gestação de dobraduras do nomadismo imensamente escultórico e incontrolável, aspergindo golpeaduras eruptivas, cisões metamórficas dentro dos mosaicos das sensações narcóticas puramente incorporadas na vidraceira de loucuras acústicas onde tudo se desagrega e é prolongado para as cirandas da transcodificação das tatuagens: a vidraceira do fogo remove as cordas dos vestígios com as múltiplas ressonâncias da supremacia felídea, com as sonoridades das flamâncias que solidificam as latências selváticas entre as espessuras infractoras dos escaladores de espelhos oblíquos _______ela sempre ocasionou obscuramente a desordem criativa do fogo até ao rebentamento de todos os ensaios de quem acrescenta plausibilidades à visão, à tentativa do impalpável, às consequências galopantes das relações perceptivas________as córneas da vidraceira fecham os olhos de quem se aproxima e atravessa-os iluminadamente tacteando todas as manchas geométricas que passam no vazio, no reentrante da agramaticalidade que é em si um acossamento das ruínas a oscilar nos meios das rendeiras cósmicas: o esvaziamento jamais cessará na esteticidade do fogo das vidraceiras filosóficas que colocam nos nossos olhos tudo aquilo que o vazio vê…

 

Luis SERGUILHA

 

 

© Maria Estela Guedes
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