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Pictures she
didn’t show anyone
Ouve-se com frequência que não se precisa de
muita coisa para viver. Muitas vezes a frase é dita por quem tem ou já
teve muito. Certo é, porém, que algumas vidas teriam sido
diferentes se as pessoas tivessem tido um pouco mais. E, daí,
quem sabe? As histórias de vida, nem todas, teriam sido menos
apelativas.
A primeira vez que ouvi falar
de Vivian Maier foi num curto artigo, acompanhado de três
fotografias, na revista 2 do
jornal Público, de 13 de Abril de 2014.
As fotografias caem na categoria
Street Photography, um tipo de
fotografia que tem que ver com lugares públicos, não pressupondo,
necessariamente, cenas de rua ou um ambiente urbano.
Quanto a Maier, passou a maior parte da sua vida
profissional como ama. Ao mesmo tempo, começando por volta de 1949, com
uma máquina muito rudimentar, foi desenvolvendo um grande interesse pela
Fotografia.
Ao andar de casa em casa, as
condições para desenvolver o seu
trabalho seriam precárias.
Todavia, com os Gensburgs, em Chicago, com quem esteve 17 anos,
teve direito a casa de banho
própria e, mesmo, a uma câmara escura, o que lhe permitiu fazer a
revelação e a impressão dos seus rolos. Quando as crianças da família
cresceram e ela deixou o emprego, começaram a acumular-se os
rolos por revelar ou imprimir.
O material, ou parte, resultante da sua
actividade acabaria por servir para pagar dívidas em 2007, relacionadas
com as rendas de cacifos onde o guardava,
dadas as grandes dificuldades financeiras por que passava. John
Maloof, e aqui começa a parte atractiva da história,
viria a adquirir uns 40 mil
negativos numa leiloeira, pela quantia de 380 dólares. Neste momento a
sua colecção abrange entre 100 a 150 mil negativos, 3000 impressões,
centenas de rolos etc, o correspondente a 90% do espólio. Outro
coleccionador, Jeff Goldstein,
recuperou o resto, 12500 negativos, 2000 impressões etc .
Muito do trabalho de Vivian consiste em
auto-retratos.
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Sobre a vida de de Maier não se sabe muito. Maloof
resume assim o modo como crianças de quem cuidou a olhariam mais tarde:
She was a
Socialist, a Feminist, a movie critic, and a tell-it-like-it-is type of
person. She learned English by going to theaters, which she loved. ...
She was constantly taking pictures, which she didn't show anyone.
Dedicado a Maier há hoje um
site magnífico
http://vivianmaier.com
e já foram publicados vários livros.
John Maloof editou
Vivian Maier:
Self – Portraits
e Vivian Maier: Street
Photographer.
Vivian Maier: Out of the Shadows, por Richard Cahan e
Michael Williams, é um livro mais
extenso, se não mais biográfico. As fotografias nele usadas pertencem à
colecção de Goldstein.
O
trabalho de Maier tem sido comparado com o de grandes fotógrafos como
Diane Arbus, Lisette Model e Walker Evans.
Embora
não tenha tido acesso a qualquer dos livros, não posso deixar de pensar
num outro livro de auto-retratos fotográficos,
Lee Friedlander: Self Portrait.
Não seria perda de tempo tentar estabelecer
algum tipo de comparação entre os
dois livros.
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Não
sabemos se, num qualquer momento da sua vida, Maier não pegou numas
tantas das suas fotografias e as mandou a um fotógrafo famoso, para um
jornal ou para uma revista. Custa a acreditar, melhor, a compreender,
que o não tenha feito.
Não
saberia avaliar a qualidade das fotografias que tirava? Terá sido
desencorajada, recebendo uma resposta negativa?
Ou
talvez ela corresse apenas atrás do instante decisivo e isso lhe
bastasse...
fjcc
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