REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 44 | fevereiro-março | 2014

 
 

 

 

LUÍS DOLHNIKOFF

Abraham Lincoln, escritor

 

 

 

 

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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1 

Nos dois primeiros anos da guerra civil norte-americana (1861-1865), as forças do Sul colheram vitória após vitória, avançando sobre o território do Norte. Foi assim que, em 1º. de julho de 1863, travou-se na Pensilvânia, nos arredores da cidade de Gettysburg, a mais importante e também a mais sangranta batalha de toda a guerra (com cerca de 50 mil mortos em três dias de luta). Se o Sul vencesse, estaria aberto o caminho para o coração do Norte, isto é, para a imposição de um armistício que contemplasse o objetivo estratégico dos confederados, a divisão do país e a manutenção da escravidão (motivo da divisão do país). Mas contra todas as expectativas, o Norte, militarmente menos preparado até então, venceu e reverteu o curso da guerra civil e da história.

Quatro meses e meio depois, em 19 de novembro, ainda no auge da guerra, mas com o teatro de operações já deslocado para o Sul, o campo de batalha de Gettysburg seria consagrado como campo santo. Ficaria na história como o local de um dos discursos mais importantes da era moderna – além de consagrar Lincoln como um dos maiores oradores de todos os tempos.

O programa do evento incluía, além de música pela banda da marinha, uma prece pelo reverendo Stockton, um discurso pelo senador Everett, um “comentário” pelo presidente Lincoln e, por fim, uma bênção pelo reverendo Baugher. O discurso principal, portanto, não coube a Lincoln, mas a Everett, senador de Massachusetts, que discursou (nada memoravelmente) por duas horas. Everett fez o discurso solene, que era, ao mesmo tempo, uma oração fúnebre (“oration”, significando tanto discurso quanto oração). A Lincoln coube o dedicatory remark”, ou seja, o “comentário da dedicação”: um comentário, uma observação, uma síntese do motivo daquele evento. Acabaria por fazer a síntese da razão da guerra e do próprio país.

Lincoln desloca seu sentido já no fim do primeiro parágrafo. O significado de consagração religiosa do solo é mudado para o de dedicação moral a um princípio: “[A nation] dedicated to the proposition [...]” (“[Uma nação] consagrada ao princípio [...]”). A partir daí, o discurso se construirá pelo aprofundamento dessa reapropriação do motivo para o qual foi encomendado.

O resultado é um texto de dimensão inversamente proporcional à sua extensão: a fala de Lincoln duraria apenas dois minutos. Mas esse minúsculo discurso de três parágrafos (dois deles muito curtos) sintetiza e evoca algumas das maiores questões morais e políticas da história moderna. Há, então, inúmeros motivos para relê-lo (e outros tantos para retraduzi-lo).

 
 

2 

Antes da reapropriação do tema da consagração do solo, no fim do primeiro parágrafo, o pequeno discurso começa reevocando o nascimento do país, dando-lhe a conotação de “conceived in Liberty”. E aqui já se insinuam as magnificências do texto.

To conceive tem o mesmo campo semântico de conceber em português: gerar seres e imaginar coisas. Lincoln faz então uso simultâneo dos dois sentidos, ao cercar e modular o verbo com reforços semânticos. Ao lado de um conceito abstrato como liberdade, conceber tende a ser imaginar; porém o verbo é antecedido, no mesmo parágrafo, pela palavra father, que faz pensar em gestação, e seguido, na frase seguinte, pela expressão “all men are created equal”, em que a polissemia se reforça e se evidencia: “criados iguais”, ou seja, “concebidos iguais”. Conceived in Liberty” se torna, enfim, concebida sob o conceito de liberdade e concebida no ventre da liberdade.

Do nascimento do país o texto passa, então, para o momento histórico presente, da guerra civil entre Norte e Sul, e daí para o seu futuro, unificando os três tempos sob os princípios iluministas da liberdade e da igualdade e, portanto, da democracia – razão da luta contra a escravidão.

 

3 (Interregno discursivo: causas e razões da guerra) 

O compreensível cinismo contemporâneo tem dificuldade de aceitar e de compreender, e de aceitar porque de compreender, que Estados não agem apenas por interesses, mas também por valores. Apesar do que reza certo marxismo vulgar, Estados não são meros reféns de empresas, muito menos são uma empresa. De fato, empresas não têm valores, a não ser os patrimoniais, portanto, têm apenas interesses, no sentido financeiro. Estados, no entanto, por não serem empresas, e por representarem, em alguma medida (com exceção dos governos totalitários), suas sociedades, incorporam, também em alguma medida, os valores dessas sociedades – para o bem e para o mal. Os navegadores portugueses do século XVI não estavam apenas atrás de ouro, mas também de almas (para converter ao catolicismo, no contexto da recente perda de milhões de seguidores para o protestantismo): a fé os impulsionava tanto quanto a ganância. Lincoln fora eleito, em 1861, presidente de um país que se estendia do Canadá ao México e ao Caribe, e do Atlântico ao Pacífico, com 33 Estados – além de um vasto Território Central (todo o Meio-Oeste), ainda não incorporado. Não pretendia, então, terminar como presidente de um país 50% menor (eram 15 os Estados escravistas do sul), numa estreita faixa entre os Estados Confederados e o Canadá. Mas também não desejava que os novos Estados, a serem criados no Território Central, fossem escravocratas. A guerra civil americana foi, entre inúmeras outras coisas, além de uma luta pela preservação (ou pela abolição) da escravidão no Sul, também uma luta pela natureza político-econômica dos novos Estados. Ou seja: ou eles ampliariam o poder e a influência da economia e da política do Norte não-escravista, ou do Sul escravocrata (entre os novos Estados criados no Território Central depois da guerra civil estão Kansas, Oklahoma, Novo México, Arizona, Nevada etc.).

Havia muitos e poderosos interesses envolvidos. Mas tais interesses, por muitos e poderosos que fossem, não monopolizavam os motivos da guerra. Ainda havia espaço para alguns – e não menos poderosos – valores. Na verdade, valores e interesses se confundiam, eram inseparáveis. Como a escravidão no Sul criava a possibilidade de ela se estender ao Território Central, os EUA corriam o risco de ver o escravismo se fortalecer, em vez de se enfraquecer, e se expandir, em vez de diminuir, apontando para a possibilidade de um país inteiramente escravocrata. Como era, aliás, o Brasil da época, uma conhecida referência tanto para sulistas quanto para nortistas norte-americanos. A escravidão no Sul era um risco e uma ameaça aos interesses mas também aos valores do Norte. Isso não era novo, mas chegara a um ponto de ruptura. Apenas a abolição no Sul, a completa extinção da escravidão em todo o território norte-americano era agora aceitável. E apenas a guerra podia realizá-la. Podemos então retornar ao discurso de Lincoln em Gettysburg.

 

4 

Discurso que se volta, afinal, para o presente mais imediato, referindo-se ao motivo de estarem ali reunidas as pessoas que o escutam – e que Lincoln declara ser inútil.

A ocasião era, como referido, a dedicação, a consagração de um campo de batalha, agora transformado em cemitério de soldados. Lincoln, porém, afirma que os presentes não podem dedicá-lo, não podem consagrá-lo, porque já fora consagrado por gente de valor muito superior, os próprios mortos que ali jazem. Resta somente uma alternativa, que se impõe então como uma necessidade moral. Lincoln retira o verbo dedicate da expressão “dedicate this ground”, “consagrar este solo”, e passa a usá-lo, polissemicamente, no sentido de dedicar-se a algo. Se os vivos ali presentes são impotentes e ociosos para consagrar ou dedicar o solo aos mortos que a ele dedicaram suas vidas, podem e, portanto, devem, consagrar a si mesmos à dedicação da causa pela qual morreram.

Ao mesmo tempo em que modula assim o sentido de consagrar, de dedicar, Lincoln inverte o movimento temporal, indo do presente imediato, a cerimônia de dedicação, para o presente mediato, ou seja, a “tarefa que permanece a nossa frente”. Essa tarefa é, na verdade, múltipla: devotar-se à mesma causa a que os mortos devotaram suas vidas; garantir que sua morte não tenha sido em vão; fazer com que a liberdade renasça e que a democracia não morra.

Se o jogo semântico entre a morte dos mortos, o renascer da liberdade e o não-perecer (literalmente, “not perish”) da democracia é evidente, nem por isso é menos poderoso. Primeiro, porque impregna de denotação a metáfora, fortalecendo o sentido metafórico (a literal morte dos mortos versus o renascimento metafórico da liberdade e da democracia). Segundo, porque assim impregna com o que é concreto, os mortos, o que era abstrato, a liberdade, e o que era ao mesmo tempo concreto e abstrato, a democracia.

A própria democracia não é, porém, jamais nomeada. Ela aparece, e só ela, por antonomásia recurso cujo nome é feio, mas cujo efeito, nas mãos certas, é ao mesmo tempo belo, eficiente e emocionante. Trata-se de um caso particular de renomeação, ou de metonímia, em que o nome da coisa é substituído por aquilo que a caracteriza. Lincoln substitui a palavra democracia por sua mais perfeita, sucinta e poderosa definição que se tornaria, a partir de então, uma das mais conhecidas: “o governo do povo, pelo povo, para o povo”.

Mas isso ainda não é o fim. Pois Lincoln promove um último salto, agora geográfico, depois de todos os saltos temporais, e saindo do campo de Gettysburg, do estado da Pensilvânia e dos EUA, envolve todo o planeta: Earth é a última palavra do texto. Numa última migração-evolução semântica, o campo de campo-de-batalha (batle-field) que se tornara o solo (ground) do novo cemitério, torna-se afinal a terra, mas no sentido do planeta – ou seja, em mais uma metáfora, a humanidade inteira.

O que começara com uma evocação do nascimento americano da liberdade culmina com uma afirmação do caráter universalista da democracia. Nada mais iluminista. Nada mais moderno. Nada mais oportuno. 

 

5 

Há, portanto, inúmeros motivos para retraduzir o “Discurso de Gettysburg”: mesmo porque, apesar de toda sua notoriedade e do grande número de traduções, ele não tem em português, até onde pude constatar, uma tradução que contemple satisfatoriamente suas sutilezas e seus rigores. Mas talvez o mais importante: como toda grande obra de arte, ele transcende os gêneros a que os talentos menores devem, ou se submeter, ou ver-se submetidos, e se revela uma verdadeira “lição de coisas” para a literatura de qualquer tempo e lugar (particularmente para a desta época).

Lição de prosa, na complexa mas clara articulação formal e semântica de suas frases precisas, no uso de palavras incomumente comuns para esse tipo de texto (principalmente em sua época) e na igualmente incomum simplicidade gramatical (sem inversões da ordem natural e outras idiossincrasias).

Lição de poesia, no extremo rigor (como num poema que merece o nome, nenhuma palavra pode ser substituída sem que o conjunto se comprometa), no controle do ritmo (das frases e dos parágrafos, que são crescentes) e no uso de figuras como a aliteração (“Four score and seven years ago”; new nation; engaged in a great; poor power) e a assonância (como na série engaged-great-dedicate-gave). Porém a figura poética dominante é, como referido, a polissemia.

Lição de retórica, na precisão e na clareza, mas também no uso parcimonioso e poderoso da anáfora (repetição em início de frase). A primeira anáfora ocorre no ponto de inflexão do texto, que ela marca e dramatiza: “Nós não podemos dedicar, nós não podemos consagrar, nós não podemos santificar este solo”. A segunda anáfora marca a reapropriação definitiva do verbo dedicar: “Cabe a nós os vivos, então, sermos dedicados [...]. Cabe a nós, então, sermos dedicados [...]”. A terceira e última anáfora, uma quádrupla reiteração em “que” (“that”), é a mais famosa da história moderna, culminando e concluindo o pequeno grande discurso. 

 

4 

DEDICATORY REMARK (GETTYSBURG ADDRESS) 

Four score[1] and seven years ago our fathers brought forth on this continent a new nation, conceived in Liberty, and dedicated to the proposition that all men are created equal.

Now we are engaged in a great civil war, testing whether that nation, or any nation, so conceived and so dedicated, can long endure. We are met on a great battle-field of that war. We have come to dedicate a portion of that field, as a final resting place for those who here gave their lives that that nation might live. It is altogether fitting and proper that we should do this.

But, in a larger sense, we can not dedicate — we can not consecrate — we can not hallow — this ground. The brave men, living and dead, who struggled here, have consecrated it, far above our poor power to add or detract. The world will little note, nor long remember what we say here, but it can never forget what they did here. It is for us the living, rather, to be dedicated here to the unfinished work which they who fought here have thus far so nobly advanced. It is rather for us to be here dedicated to the great task remaining before us — that from these honored dead we take increased devotion to that cause for which they gave the last full measure of devotion — that we here highly resolve that these dead shall not have died in vain — that this nation, under God, shall have a new birth of freedom — and that government of the people, by the people, for the people, shall not perish from the earth. 

 

COMENTÁRIO DA DEDICAÇÃO (DISCURSO DE GETTYSBURG)

(trad. L.D.) 

Oitenta e sete anos atrás, nossos pais criaram neste continente uma nova nação, concebida em liberdade, e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem iguais.

Agora estamos envolvidos em uma grande guerra civil, pondo à prova se esta nação, ou qualquer nação assim concebida e assim consagrada, pode perdurar. Aqui estamos em um grande campo de batalha dessa guerra. Viemos dedicar parte desse campo como último descanso dos que deram a vida para que a nação possa viver. É inteiramente justo e correto fazermos isto.

Mas, num sentido mais amplo, nós não podemos dedicar, nós não podemos consagrar, nós não podemos santificar este solo. Os homens corajosos, vivos e mortos, que aqui lutaram, já o consagraram muito além do que nosso pobre poder pode aumentar ou diminuir. O mundo pouco notará e por pouco tempo lembrará o que aqui dissemos, mas não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram. Cabe a nós os vivos, então, sermos dedicados ao trabalho inacabado que os que aqui lutaram levaram tão longe, e tão nobremente. Cabe a nós, então, sermos dedicados à grande tarefa que permanece à nossa frente – que dessas mortes honradas tiremos uma devoção crescente à causa pela qual eles deram a medida cabal de sua devoção; que decidamos aqui solenemente não terem os mortos morrido em vão; que esta nação, sob Deus, viva um novo nascimento da liberdade; e que o governo do povo, pelo povo, para o povo, jamais pereça sobre a Terra.

 
  [1] Score significa, aqui, conjunto de vinte, ou seja, de vinte anos, pois Lincoln se refere a uma data 87 anos antes: 4 x 20 + 7, isto é, 1776, o ano da independência dos EUA. A escolha de score é formal, pois alitera, logo em seguida, com seven.
 

Luis Dolhnikoff (São Paulo, 1961) estudou Medicina e Letras Clássicas na USP. É autor de Pãnico (poesia), São Paulo, Expressão, 1986, apresentação Paulo Leminski; Impressões digitais (poesia, 1990); Microcosmo (poesia, 1991), Os homens de ferro (contos, 1992), os três pela editora Olavobrás (São Paulo), que criou em 1989 com Marcelo Tápia, e de Lodo (poesia), São Paulo, Ateliê, 2009, além do livro infantil A menina que media as palavras (Mirabilia, 2008) e do inédito As rugosidades do caos (poesia, 2012). Tem poemas publicados em Atlas Almanak 88, São Paulo, Kraft, 1988, organização Arnaldo Antunes; Tsé=tsé 7/8 (número especial com 30 poetas brasileiros contemporâneos), Buenos Aires, outono 2000; Medusa 10, Curitiba, abr.-mai. 2000; “Moradas provisórias (antologia de poesia brasileira contemporânea)”, in Hipnerotomaquia, Cidade do México, Aldus, 2001, organização Josely V. Baptista; Folhinha, Folha de S. Paulo, 27/07/2002; e nas revistas Cult 61, SP, out. 2002; Sibila 3, SP, out. 2002; 18 IV, SP, Centro de Cultura Judaica, jun.-ago. 2003; Coyote 5, Londrina, outono 2003; Babel 6, Campinas, dez. 2003; Ciência & Cultura 56, SP, Imprensa Oficial, abri.-jun. 2004; Ratapallax 11, New York, spring 2004; MandorlaNew writing from Américas 8, Illinois, Illinois State University, 2005; Mnemozine 3 (revista online, www.cronopios.com.br/mnemozine, 2006), além dos sites www.sibila.com.br, www.jornaldepoesia.jor.br,www.germinaliteratura.com.br,
www.bestiario.com.br/maquinadomundo, www.cronopios.com.br e ablogando (ab-logando.blogspot.com). Integrou a exposição de poesia visual A Palavra Extrapolada, São Paulo, SESC Pompeia, ago.-set. 2003, curadoria Inês Raphaelian, e a mostra Desenhos, de Francisco Faria, ao lado de Josely V. Baptista, Curitiba, Museu Oscar Niemeyer, mar. 2005 / SP, Instituto Tomie Ohtake, set.-dez. 2005. Traduziu Arquíloco (Fragmentos, São Paulo, Expressão, 1987), Joyce (Poemas, São Paulo, Olavobrás, 1992, colaboração Marcelo Tápia), Auden, (Mais!, Folha de S. Paulo, 06/07/2003), Cervantes (Mais!, Folha de S. Paulo, 14/11/2004, colaboração Josely V. Baptista), Yeats (Etc, Curitiba, jan. 2005), William Carlos Williams (Sibila, www.sibila.com.br, 2011) e Ginsberg (Uivo, São Paulo, Globo, 2012). Entre 1991 e 1994, coorganizou, ao lado de Haroldo de Campos, o Bloomsday de São Paulo (homenagem anual a James Joyce). Como crítico literário, colaborou, a partir de 1997, com os jornais O Estado de S. Paulo, A Notícia, Diário Catarinense, Gazeta do Povo, Clarín e Folha de S. Paulo, além das revistas Sibila e Babel e dos sites Cronópios e Sibila. Recebeu, em 2005, uma Bolsa Vitae de Artes para desenvolver estudo crítico sobre a obra de Pedro Xisto. Entre 2003 e 2008, foi colaborador de política internacional, com destaque para as relações entre política e religião, da Revista 18, do Centro de Cultura Judaica de São Paulo.
luisdkf@uol.com.br
 

 

© Maria Estela Guedes
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