REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 40 | agosto-setembro | 2013

 
 

 

 

JACK KEROUAC

Haikus

Tradução de Francisco Craveiro

Jack Kerouac, 1922 – 1969, foi um romancista e poeta americano. Ligado à Beat Generation, é sobretudo conhecido pelo livro On the road.

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
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Dir. Maria Estela Guedes  
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                                                              Then I’ll invent

                                                              The American Haiku Type:

                                                              

                                                              Simple 3-line poems

                                                                                            Jack Kerouac

 

 

A árvore parece

um cão

A ladrar ao Céu

*

Terça-feira – mais uma

gota de chuva

Do meu telhado

*

Encontrei o meu

gato – uma

Estrela silenciosa

*

Nenhum telegrama hoje

Só caíram

Mais folhas

*

As solas dos meus sapatos

estão lavadas

Por caminhar à  chuva

*

No escuro

pássaros a cantarem

No amanhecer chuvoso

*

Abelha, porque estás

a olhar para mim?

Eu não sou uma flor!

*

Não acertar com o pé

na porta do frigorífico

Fechou à mesma

*

A lua é branca –

as lâmpadas  são

Amarelas

*

Crepúsculo – o pássaro

no arbusto

À chuva

*

Durante todo o dia

a usar um chapéu

Que não estava na minha cabeça

*

Um atrás do outro

os meus gatos páram

Quando troveja

 

Os pinheiros

deslocam-se

No nevoeiro

*

Andei à boleia mil

milhas e trouxe-te

Vinho

*

O som do silêncio

é a única informação

Que vais ter

* 

Neve no meu sapato

Ninho de pardal

Ao abandono

*

Domingo –

o céu está azul,

As flores são vermelhas

*

À sombra da árvore

O gato branco é verde,

Como o cavalo de Gauguin

*

O filho que deseja isolamento,

Embrulhado

Pelo seu quarto

*

Ah os pássaros

de madrugada,

a minha mãe e o meu pai

*

Noite de verão

Ponho lá for a

A garrafa de leite vazia

*

Olhando-se fixamente um ao outro,

O esquilo no ramo,

O gato na relva

*

Depois do terramoto,

Uma criança a chorar

No silêncio

*

O pássaro ainda está no cimo

daquela árvore

Bem mais alto do que o nevoeiro

*

À espera de que as folhas

caiam;-

Lá vai uma !

*

Do telhado

uma gota de chuva

Caiu na minha cerveja

*

Um pássaro no

ramo lá fora

-  Eu acenei-lhe

*

Por momentos

a lua teve

As barbas de um gato

*

Totalmente silenciosa

na noite estrelada,

A pequena árvore

*

Ao procurar o meu gato

entre as ervas,

Encontrei uma borboleta

*

A ler as minhas notas –

A mosca  a subir da

Página para o dedo

*

As árvores, já

vergadas na planície sem vento

de Oklahoma

*

Pássaros em direcção ao norte –

Onde estão os esquilos? –

Lá vai um avião para Boston

*

Olhando para o ar para ver

o avião

apenas vi a antena de televisão

*

Ao sol

as asas da borboleta

Como um vitral de igreja

*

Sol matinal –

As pétalas roxas,

Caíram quarto

   
 
 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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