NICOLAU SAIÃO
“A MINHA ALMA NÃO ESTÁ À VENDA”
Disse, num tempo ainda bem próximo, a democrata irlandesa Bernardette Devlin, que depois com este título faria sair um livro de grande impacto e que ainda hoje está disponível nos alfarrabistas.
Outras grandes mulheres, mulheres dignas e conscientes, têm seguido este preceito.
Por exemplo, é o caso de Ana Gomes que anteontem, numa entrevista notável a uma emissora televisiva, colocou sobre a mesa os dados da questão: é de um cinismo liminar querer equiparar um país agressor a um agredido, tentando fazer crer que para a Ucrânia martirizada o caminho da paz é, pura e simplesmente render-se ante a brutalidade do social-fascista Putin e de todos – lá fora e cá dentro – que apoiam os tentames do ditador russo e da camarilha de argentários que o sustenta.
E disse mais. Disse que é uma ilusão pensar-se que ainda não estamos. globalmente, em estado de guerra. Com efeito, agora já se está em estado de guerra económica. E, de facto, são as próprias palavras do autarca russo que o demonstram pois disse, despejadamente, nos dias seguintes, que as sanções que lhe estão a ser aplicadas são um acto de guerra. E voltou a afirmar, num lance chantagista, que encara a possibilidade de recorrer à arma nuclear.
Tornando, do mesmo modo, a ameaçar os países bálticos, assim como a Suécia e a Finlândia!
No caso da Finlândia, o caso fia mais fino. Certamente o povo russo ainda não se terá esquecido de que, mediante o nefando pacto Germano-Soviético em que Stalin e Hitler se mancomunaram, o exército russo sofreu várias derrotas frente aos finlandeses, tendo de retirar em petição de miséria ante a determinação daquele povo e das suas forças armadas.
(Aos que queiram conhecer melhor o que foi esse conflito, sugiro leiam o excelente livro do escritor finlandês Vaino Linna, “Soldados desconhecidos” que ainda está no stock de várias editoras livreiras e nos leilões da Internet).
Mas disse mais a corajosa Ana Gomes: referiu ainda que a Europa e o mundo ocidental não pode estar dependente – através de interesses de argentários locais, para quem o dinheiro não tem cheiro como diz o apólogo bem conhecido e tudo justifica – de ditaduras e seus autocratas. E que, adicionalmente, os diversos povos devem democraticamente exigir dos seus representantes que ponham cobro a esses manejos levianos e éticamente relativistas. Esses verdadeiros submarinos, sem pudor como o sicofanta Gerhard Schroder rendido ao ouro eslavo e que está, agora que tudo se sabe, a ser responsabilizado na Alemanha, têm de ser desmascarados e impedidos de agir assim.
Referiu ainda que os que, primariamente, tentam responsabilizar os EUA e a Nato, utilizam os velhos chavões da propaganda “soviética”, que foi repudiada e desmascarada pelos próprios factos, pelas realidades que o colapso do Bloco do Pacto de Varsóvia cifrou.
Não nos devemos, pois, deixar enganar por partidos anti-democráticos, hoje capitaneados nacionalmente pelo PC.
E, neste Dia Internacional da Mulher, queremos lembrar e celebrar as Mulheres que na Ucrânia ajudam a enfrentar o agressor, mas também aquelas que compreensivelmente abandonam o teatro da guerra, nomeadamente para defenderem as suas filhas e seus filhos de tenra idade. E, ainda e muito especialmente pela sua honradez e determinação solidária, as mulheres de Portugal que, uma vez mais, demonstram que sabem ser altas senhoras nos momentos de desgraça alheia!
ns