Num conflito como o de Moçambique, onde apenas a FRELIMO tinha expressão e lutava em todos os campos, os apoios internacionais provinham dos mais variados organismos políticos e económicos, percebendo-se, por estes, de quem dependia e a quem interessava o conflito. Esta é a questão que pretendemos explorar com algum detalhe, dado que nos permite perceber como se internacionalizou, de quem dependia e a quem interessava a luta no antigo Ultramar Português.
A nossa análise baseia-se em documentação, essencialmente militar, pelo que traduz a visão das respectivas hierarquias. A ideia do conflito como meramente instrumentalizado, proveniente do exterior, era predominante pelo menos na generalidade da Intelligence portuguesa. Esta não era, no entanto, a posição assumida pelos movimentos independentistas, como vimos, nem pela hierarquia católica, como veremos na terceira parte. Mas era a justificação no discurso oficial e que impregna a generalidade da documentação consultada nos arquivos militares do Estado-Maior General das Forças Armadas ou no do Exército. Aí, apenas, referenciámos um documento (já citado em 1., II parte deste trabalho, porém de origem inglesa — Foreign Office) em que a África não era encarada como a máxima prioridade da URSS para o Terceiro Mundo.
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