Sendo a guerra subversiva/revolucionária fundamentalmente dirigida à conquista das populações em função do seu grau de apoio, a natureza específica do conflito colocou um grande desafio, quer às autoridades portuguesas, quer aos movimentos independentistas. A guerra em questão actua, em síntese, por:
- Acções clandestinas, visando o estabelecimento de uma organização político-administrativa;
- Acções psicológicas, agindo sobre a moral e a mentalidade dos indivíduos, grupos e massas, dentro e fora do território, no sentido de condicionar e manipular os comportamentos;
- Acções violentas (terrorismo de grupos e forças para-regulares e militares), sendo de vital importância, nestas situações, o uso de santuários para apoio operacional directo e a concomitante preocupação dos apoios a nível internacional (1).
No capítulo II, quando analisámos os doutrinadores clássicos/contemporâneos da subversão, verificámos que, desde Sun Tzu a Mao, todos focavam o factor psicológico como de vital importância. Lembramos que o conceito de guerra psicológica, apresentado no contexto do presente estudo, engloba as acções psicológicas, que procuram enfraquecer e/ou conduzir a vontade, assim como desenvolver a propaganda, de acordo com técnicas para explorar os ressentimentos contra o Poder constituído e identificar as soluções com a organização subversiva.
No presente sub-capítulo vamos focar a resposta psicológica, por parte da subversão e da contra-subversão, durante a “guerra da Guiné”, no período em estudo (1963-1974), pois tal resposta afigura-se-nos ao mesmo nível de importância (ou mesmo superior) que as vertentes social e político-administrativa e, sobretudo militar (entendida esta na acepção estritamente armada). Note-se, contudo, que, na Guiné Portuguesa, a designada Acção Psicológica era adjuvante das outras três acções da «resposta possível» e era desenvolvida, nomeadamente, através de uma intensa acção sócio-económica e em sua complementaridade.
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