A importância geo-estratégica do continente africano, para além da sua orla mediterrânea, foi praticamente posta em relevo, após a II Guerra Mundial e, especialmente, após a constituição da NATO. A África passou, desde então, a ser um teatro de operações ambicionado pelas superpotências, que tinham em vista atingir objectivos decisivos para a dominação mundial. Estas apoiaram as ideologias e os movimentos independentistas que lhes facilitavam a expulsão dos colonizadores europeus.
No campo político, pode dizer-se que foi a criação da ONU, em 1945, e a luta pelo voto que ali imperou, sobretudo a partir dos anos 50, que impulsionaram a descolonização de África. As independências do continente africano assegurariam um manancial de votos, na Assembleia Geral das Nações Unidas, àquele dos dois blocos que conseguisse captar a simpatia dos novos Estados.
Foi da formação de dois blocos opostos, e em equilíbrio de forças, que surgiu uma nova estratégia, que consagrou formas subtis de acção indirecta e que relegou para segundo plano a estratégia clássica. Esta estratégia trouxe um elemento novo, “(...) a penetração ideológica e a subversão revolucionária (...)”(1); com ela, a guerra transbordou do campo das armas para o campo das ideias e da reivindicação social, passando então as guerras a processar-se em âmbitos territoriais nacionais mas com amplitudes internacionais.
Assim, foi desenvolvida e apoiada em África a acção subversiva (que tal como um incêndio se propaga lentamente, com um foco aqui, outro além, acabando por “carbonizar” o Poder instituído) (2), conduzida por Estados que consideram a “(...) subversão em terra alheia como contributo útil para «a formação de um novo mundo» (...)”(3).
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(1) António de Spínola, “O Problema da Guiné”, pág. 13, Agência Geral do Ultramar, 1970.
(2) Carl Von Clausewitz, ob. cit., pág. 578.
(3) Franco Nogueira, “Salazar - A Resistência (1958/1964)”, pág. 80. |