Que nos seja permitido determo-nos um instante sobre o hieróglifo do Corvo, porque ele esconde um ponto importante da nossa ciência. Exprime, efectivamente, na cocção do Rebis filosofal, a cor negra, primeira aparência da decomposição consecutiva à mistura perfeita das matérias do Ovo. É, no dizer dos Filósofos, a marca certa do futuro sucesso, o sinal evidente da preparação exacta do composto. O Corvo é, por assim dizer, o sinal canónico da Obra, como a estrela é a assinatura do tema inicial.
Mas esta negrura que o artista aguarda com ansiedade, cuja aparição vem satisfazer os seus votos e enchê-lo de alegria, não se manifesta apenas durante a cocção. O pássaro negro aparece em diversas ocasiões e essa frequência permite aos autores lançar a confusão na ordem das operações.
Segundo Le Breton, «há quatro putrefacções na Obra filosófica. A primeira, na primeira separação; a segunda, na primeira conjunção; a terceira, na segunda conjunção, que se faz entre a água pesada e o seu sal; a quarta, finalmente, na fixação do enxofre. Em cada uma destas putrefacções produz-se a negrura.»
Tornou-se, portanto, fácil aos nossos velhos mestres cobrir o arcano com um véu espesso, misturando as qualidades específicas das diversas substâncias no decorrer das quatro operações que patenteiam a cor negra. Desta maneira, é muito trabalhoso separá-las e distinguir nitidamente o que pertence a cada uma delas.