Na morte do poeta não há morte:
há candura,
um gesto dentro do azul
e o perfil recortado à tesoura.
Na morte do poeta não há morte:
há apenas cansaço
e à despedida, um abraço
para nova aventura.
Na morte do poeta não há morte:
há vida em excesso,
as mãos no sexo
e uma festa rediviva.
Na morte do poeta não há morte:
há viveiros de versões do mesmo tema
e um filosofema
em ferida.
Na morte do poeta não há morte:
há vivências que ninguém adivinha,
poemas pescados à linha
debruçado na torre sanguínea.
Na morte do poeta não há morte:
há só desejo de morrer
para poder viver
cada vez mais forte
Lxª. 9.XII.06
António Barahona |