ANTÓNIO BARROS
“Mágoa_Water Event” é mais uma edição de um objecto_livro na linha dos anteriormente publicados onde é possível habitar o lugar gerando experienciais diálogos com o texto, palavra e a letra. O envolvente com os volumes_palavras, matéria dizendo de si, objectos_falantes. Silêncios.
Na guerrilha urbana os constrangimentos obrigavam a imprimir os livros a uma só tinta, preta, sobre o branco suporte, papel ou parede conforme a magra economia o permitia. Não uma arte funerária ou estilo, mas a escassez dos meios. Os habitantes residentes, os objectos, são fundamentalmente os vivenciados, e não os encontrados (Marcel Duchamp). Objectos que ganham novas semânticas, outras condições metafóricas (Joan Brossa). Objectos comungados resgatados a gestos tangíveis, performativos. Objectos obgestos.
E estamos perante um livro editado a preto e branco. Como os anteriores que procurei gerar onde “Valsamar”, esse vaso tumular materno se inscreve. Mas o tema água desafiou buscar uma segunda cor. Marinha. O azul Marinho. Azul Naval. Contudo hoje, e recolhendo os desígnios que a sociedade nos traz, foi difícil ser indiferente (numa arte de compromisso fluxista depois de George Maciunas até Yoko Ono) à condição simbólica da cor resgatada para a composição. Esse azul. Para exemplo, e passado o referente cromático e o que traz a matéria, aqui duas imagens apenas:
Numa dor sem medida, o manto azul com que o pai envolve a filha de 12 anos, Rahaf al-Dayer acabada de falecer morta pelo bombardeamento israelita há poucos dias (numa foto de Anas Baba).
A outra imagem recente é de uma paleta de azuis com um ponto rosa em contraste, e que Natércia Xavier me sinalizou o vestuário político da auto_ridade. Esse onde a cor azul resulta outra vez comprometida. Sem luz, sem sol, como até o azul se funde a uma só tinta. Escurecida. Bem negra.
Na guerrilha urbana os constrangimentos obrigavam a imprimir os livros a uma só tinta, preta, sobre o branco suporte, papel ou parede conforme a magra economia o permitia. Não uma arte funerária ou estilo, mas a escassez dos meios. Os habitantes residentes, os objectos, são fundamentalmente os vivenciados, e não os encontrados (Marcel Duchamp). Objectos que ganham novas semânticas, outras condições metafóricas (Joan Brossa). Objectos comungados resgatados a gestos tangíveis, performativos. Objectos obgestos.
E estamos perante um livro editado a preto e branco. Como os anteriores que procurei gerar onde “Valsamar”, esse vaso tumular materno se inscreve. Mas o tema água desafiou buscar uma segunda cor. Marinha. O azul Marinho. Azul Naval. Contudo hoje, e recolhendo os desígnios que a sociedade nos traz, foi difícil ser indiferente (numa arte de compromisso fluxista depois de George Maciunas até Yoko Ono) à condição simbólica da cor resgatada para a composição. Esse azul. Para exemplo, e passado o referente cromático e o que traz a matéria, aqui duas imagens apenas:
Numa dor sem medida, o manto azul com que o pai envolve a filha de 12 anos, Rahaf al-Dayer acabada de falecer morta pelo bombardeamento israelita há poucos dias (numa foto de Anas Baba).
A outra imagem recente é de uma paleta de azuis com um ponto rosa em contraste, e que Natércia Xavier me sinalizou o vestuário político da auto_ridade. Esse onde a cor azul resulta outra vez comprometida. Sem luz, sem sol, como até o azul se funde a uma só tinta. Escurecida. Bem negra.
“Mágoa_Water Event” também é lugar sintonizador de plurais inquietações hermenêuticas que a todo o momento nos assaltam secando. Trazendo sedes diversas. Apre(e)ndendo o que a arte deve – “L’art doit discuter, doit contester, doit protester” – como até o político soube assinar (Georges Pompidou).
Mágoa_Water Event | de António Barros | de 28 de maio a 25 de julho 2021