MAGNO URBANO - CYBERDESIGN
 

MAGNO URBANO
E O GOOGLE

Entrevista por Maria Estela Guedes

 

Magno, antes de entrarmos no teu último livro, "Google - Guia de consulta rápida", queria que actualizasses a tua nota curricular: tens vindo a escrever para revistas. Quais e sobre que assuntos?

Eu escrevo regularmente para a Revista Super Foto Prática. Tenho duas secções que totalizam aproximadamente 6 páginas mensais, que são utilizadas para escrever artigos sobre Photoshop e Paint Shop Pro. Já escrevi também para a Revista PC Guia, em um especial de Photoshop que fizeram. Aliás, este mês (outubro 2004) e durante 1 ano, estarei a publicar, no DVD da revista, um curso chamado Photoshop Basic Light, orientado a ensinar a base do Photoshop e do grafismo, para os que querem aprender de raiz. Este curso difere do curso Photoshop Basic comercializado pelo meu site ( www.efeitosvisuais.com ), tanto na duração quanto na profundidade dos temas.

O Google é uma ferramenta que todos sabemos usar. Ou estarei enganada? Qual a tua grande motivação para lhe dedicares um livro?


Normalmente as pessoas sabem usar o Google de forma superficial. Colocam as palavras na caixa e carregam no botão. O Google é muito mais do que isso. Para começar, existem comandos específicos reconhecidos pelo motor, que facilitam em muito uma busca. Além disso, existem maneiras de pesquisar, que podem fazer o utilizador chegar rapidamente ao resultado. Para que vejam um exemplo de comando do Google, dou o seguinte exemplo: digamos que deseja procurar páginas sobre Fernando Pessoa, mas apenas está interessado em descobrir se existem páginas no site da Universidade de Lisboa ( www.ul.pt ) e na universidade de Coimbra ( www.uc.pt ) . Então, a maneira correcta de pesquisar é

"Fernando Pessoa" site:ul.pt site:uc.pt

Outro exemplo: gostaria de encontrar páginas que falem de apartamentos em Lisboa, mas gostaria de ver páginas sobre apartamentos T3 ou T4, mas não T2. Então, poderá pesquisar da seguinte forma:

apartamentos lisboa +(T3 OR T4) -T2


O Google possui várias dezenas de comandos e maneiras como estas. Pode inclusive ser usado como um poderoso sistema de cálculos. Experimente digitar

(sin(pi)) 2

para ver quanto é o seno de PI elevado ao quadrado.


Como investigadora, o meu grande problema é o acesso aos textos dos naturalistas. O mais natural é estarem em bibliotecas virtuais, mas através da pesquisa normal não chegamos lá, porque as bibliotecas não disponibilizam ao Google os seus ficheiros. Gostava que comentasses o facto. Há algum truque para o Google nos prestar estas informações?

Se a biblioteca bloqueou o acesso ao Google, não há hipótese de conseguir passar. As pessoas normalmente desconhecem que existe mais na Web do que a simples navegação por HTTP (protocolo normalmente usado pelos browsers). Sistemas como o Gopher (Veronica e Jughead), Telnet, FTP, news, etc., podem permitir o acesso a bibliotecas. Normalmente os acessos Gopher, por exemplo, muito anterior à Web, já foram convertidos a HTTP e normalmente as bibliotecas fornecem acesso pelos browsers normais neste protocolo.

Quanto a ti, Magno, quais são as principais maravilhas do Google?

O Google possui dezenas e dezenas de comandos. Aquilo de que eu mais gosto é da velocidade. Segundo estimativas, de forma inteligente, eles optaram por colocar milhares de computadores de média capacidade em vez de comprar um supercomputador. Pelos cálculos dos especialistas, são de 10 a 15 mil computadores PC ligados em cluster (aglomerados) e comandados por um sistema operativo próprio, baptizado de GoogleOS... que, segundo boatos, estará em breve a concorrer com o Windows nos PCs... Segundo consta, o GoogleOS foi criado em cima do Plan9, sucessor do UNIX, em fase experimental (o Plan9 foi criado pelos mesmos sujeitos que criaram o UNIX, melhor sistema operativo actualmente.)



Há um dispositivo do Google que uma vez me deste, em forma de link; permitia ver a secção da rede em que está inserido o TriploV: com quem temos links e quem fez links para nós. O que é isso e que utilidade tem?

A utilidade maior é para quem possui o site, de saber quem está a fazer link para o site. Em termos de estatística, pode-se avaliar o alcance do site.


Outra maravilha que trouxeste para o TriploV foram as duas caixas de pesquisa: a de textos e a de imagens. No caso das imagens, é preciso dar-lhes um nome para serem apanhadas pela pesquisa? Estilo: "crocodylus_niloticus.gif". Se o nome estiver só no texto e a imagem tiver "crocodilo1.jpg" por nome de ficheiro, o Google apanha-a?

Sim, o Google encontra a imagem por qualquer palavra que exista no nome do ficheiro correspondente, no tag ALT da imagem (texto que se coloca vinculado à imagem para ajudar pessoas com deficiências visuais e pessoas com browsers sem suporte à imagem) ou mesmo nas imediações da imagem, como um título por exemplo.

Como é que se faz para encontrar o email ou o telefone de alguém através do Google? E patentes, leis?

Isso tudo está no livro... se eu contar tudo... :-)

Tivemos aí um ataque ao CarbonoBlog, só possível devido a uma vulnerabilidade do Google. Não cheguei a saber qual era o ponto fraco...

O Google tem algo chamado PageRank, que avalia a posição e relevância de uma página na comunidade. Essa relevância é tanto maior quanto mais páginas fizerem link para uma página. Descobriram isso nos EUA e, para brincar com o Bush, criaram centenas de páginas com o título MISERABLE FAILURE e vincularam-nas ao site da biografia do Bush na Casa Branca. Hoje, se procurar a expressão "miserable failure", encontra em primeiro lugar a página do Bush e em segundo a do Carter.. É o chamado Google Bomb... ou seja, fazer o Google explodir na cara de alguém...

As pessoas sentem medo de usar cartões de crédito na Internet, ou mesmo de a usar para pagar contas através de multibanco. Como é? Há perigo ou não?

A transmissão dos dados pela Web é inviolável, desde que o cadeado no canto inferior do browser esteja "fechado" a indicar que o site é seguro. O problema está no cartão ficar armazenado no site do vendedor, que pode ser invadido e roubado e em programas na máquina do utilizador (spyware) a transmitir para fora esses dados.

Para terminar, Magno: disseste que estavas a abrir um novo site, ainda não vi nada... Dá o link...

Ainda não posso pois está em fase experimental... mas saberás em primeira mão.