MARIA AZENHA
Camarada Morte, camarada Maldita!
Que vos parece este poema desfeito?
A alguns metros só vejo água ordenada
Com pontuação absurda.
É um massacre!
A Morte é uma cadela raivosa !
“Les animaux doivent avoir jeûné
la nuit précédant l’euthanasie .”
Está na mão dos políticos! Tem duas patas .
“Ele administrou drogas e sedativos poderosos
a pacientes terminais para ajudá-los a morrer. “
E julgas que não podes fazer nada…
Mas tu podes e deves ter o direito de assumir a tua vida,
reverter a (des)ordem,
Tu és um homem livre para mudar rotas.
Há milhares de estrelas que fazem barulho
com o sangue da via láctea!
Podes dizer-lhes que o sal é branco e que
o branco é negro. Não há raças no planeta!
Na europa há negócios negros com a eutanásia!
E há mortes de coração com o negro do sal!
Camarada Morte! Os ídolos não existem!
Sabias?
Fora com as marcas! Fora com os jornais envenenados
Com a pontuação e a figuração das letras.
A cocaína é um carvão branco do século!
Como diz Ferré, que é um extra-terrestre,
A desordem é a ordem menos o poder!
Não há mais nada!
O tráfico das armas é o tráfico da Miséria.
Tu és um indivíduo – não esqueças-
apesar de viveres na solidão das imagens.
E o que são Imagens?
Drogas, drogas, drogas,
a cocaína dos olhos,
os cuidados paliativos que a igreja preconiza.
Hipócritas!
Camarada Morte !
Foi o senso comum que inventou deuses para que ela sobreviva!
Marylin não é um ídolo. Não tinha vergonha.
Era uma deusa,
uma estrela que desceu à Terra, vinda de outro planeta.
Como tu, como eu… como Ferré, e tantos outros.
Sartre dizia que a literatura vacila diante de um homem com fome.
Então porque ter medo da Eutanásia?
A sociedade alimenta-se de enzimas de imagens! De fraudes escamoteadas.
É por isso que quase ninguém suporta sair das cidades.
A cocaína está em todo o lado.
Camaradas! , meus irmãos,
Nós somos de outra galáxia.
É preciso rezar contra as blasfémias, cantar
nas igrejas o barulho do mar, inventar toda a ciência, expandir
a música do sol, o véu da lua , expor o caduceu de Mercúrio
a Leibnitz com o brilho da filosofia dos astros,
com o vento marítimo e o sextante dos artistas!
Não é a cocaína que está nas montras?
Às armas! Às armas!
Os pombos das igrejas já estão domesticados. Não servem.
Dão-lhes comida naufragada.
Comem da árvore democrática com larvas.
Temos que limpar as palavras das máscaras!
Falamos a duzentos à hora!
O que é isso? Onde está Madame Eutanásia?
Comemos em pé.
Engolimos enciclopédias com vitaminas cibernéticas.
Amamos com o pescoço encurvado,
Em nome dos écrãs, das girafas.
Thank you Satan!
Thank you Europe!
A noite é uma fórmula para grandes inspirações.
Nós somos de outra galáxia, não esqueçam.
Temos que deixar as nossas marcas.
A palavra é profética.
Cintilamos em todo o lado. A nossa fórmula é
Vive la desordre!
Aterrámos há biliões de avos.
O inconsciente das nações é a nossa pista de aterragem.
Eu caso-me. Tu casas-te.
Uma bailarina ficou tetraplégica.
Sou romântica.
Je suis Madame l’Euthanasie.
maria azenha
2018, maio,29, Lx