É impressionante como a Igreja Católica impingiu na mentalidade do mundo ocidental o martírio anual de Jesus Cristo. Até no Oriente Médio, onde tudo se passou, e até no extremo oriente aonde a Igreja Católica chegou, se crucifica Jesus Cristo todo ano. O argumento para tanta demonstração de violência - mesmo que estética ou simbólica - é o discurso da ‘reverência’ ao senhor Jesus Cristo. Acho que se Jesus aparecesse por aqui novamente e perguntassem a ele se gosta dessa carnificina na Semana Santa como devoção e cultivo de sua lembrança, talvez ele dissesse que gostaria mais de ser lembrado pelas ações que desenvolveu junto ao povo e principalmente junto daqueles que precisavam de sua palavra e de seu exemplo.
Acho uma tremenda falta de perspectiva essa matança, mesmo que simbólica como forma de mostrar como ele sofreu por nós. E nós, do alto da nossa ‘piedade’ o matamos todo ano, dias seguidos, pra mostrar que sentimos muito tudo isso e por isso o fazemos cada vez mais com recursos e requintes de crueldade. O filme de Mel Gibson é o exemplo mais recente. Quem viu saiu de lá com o estômago revolvido e a culpa aumentada em alguns milhões de toneladas nas costas. O porquê disso, a psicanálise bem que podia explicar pra todo mundo. Mas fazer psicanálise no Brasil ficou para quem tem condições de revolver suas culpas e dinheiro pra pagar.
Esse ano resolvi iniciar uma campanha internacional com o título: Deixem Jesus Cristo em paz! E, evidentemente extensivo ao nosso erário público. Pois vejo que o Estado Brasileiro, os seus governos, gastam alguns milhões de reais todo ano na Semana Santa pra ajudar a ‘matar’ de novo Jesus Cristo. Esse espetáculo sado-masoquista pago com o erário público deveria acabar. Já os espetáculos pagos com o dinheiro da igreja ou de algum mal cristão que queira continuar matando Jesus Cristo de novo em cada dia da Semana Santa. Se quiserem continuar com essa pouca e criativa forma de se lembrar de Jesus Cristo, por favor, pague pelo menos a conta. Vamos deixar de hipocrisia com o dinheiro público. Acho que eles - os nossos impostos - deveriam ir prioritariamente, e nessa ordem, para a geração de empregos, educação, saúde e segurança. Evidentemente que tudo isso passa por uma boa infra-estrutura e tecnologia de ponta.
Portanto, nessa semana santa, cultive o Jesus Cristo que se preocupava com o bem estar de todos. Aquele que educava com o exemplo de humildade, decência e retidão de caráter. Aquele que sabia perdoar e enxergava nos homens e mulheres o seu vir a ser de pessoas decentes, justas e solidárias. Deixemos o culto ao espetáculo que aquelas pessoas ruins produziram naquela época, no esquecimento da história. Rememoremos sim o exemplo de um Jesus Cristo em atos criativos/solidários que gerem bem estar e alegria aos humanos de hoje. Pois essa forma, mesmo ‘artística’, ‘cultural’, ‘teatral’ de se matar Jesus Cristo todo ano é uma tremenda babaquice que precisa ser denunciada, pois não ajuda em nada, nem religiosamente falando, nem como crença, nem como resultado de fé, em atos que nos leve a ser melhores. Deixem Jesus Cristo em paz! E o erário público também. Amém. |