LIVRE PENSAR
Do ponto mais Oriental das Américas
- João Pessoa - Paraíba - Brasil |
Número 621 - 20 de fevereiro de 2005 |
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LÚCIO LINS, POETA |
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Lúcio Lins é poeta e paraibano. O Livre Pensar prestar-lhe uma homenagem, publicando seus poemas. Acreditamos que as homenagens devem ser prestadas em vida, pois essa coisa de homenagear as pessoas depois que elas se vão daqui é mera hipocrisia.
Lúcio, gostaria que você soubesse que a gente tem uma dívida enorme com você e por todas as travessias que você nos ajudou a fazer. Obrigado pelos poemas e por tudo que você fez para que essa vida tivesse mais sentido que apenas sobreviver. Que Deus na sua infinita bondade, lhe guarde e lhe cuide por todo o tempo. Obrigado por tudo. Ivg
Poemas retirados do Livro
Perdidos Astrolábios
2002 - Editora Universitária - UFPB
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História Flutuante
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não tenho horizontes
tenho sonhos à vela
e a tempestade da história
não tenho mapas
tenho cartas anônimas
e os gritos de seus náufragos
não tenho mares
tenho a garganta seca
e as palavras navegáveis
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Movimento dos barcos
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invento mares
e mais
inventos de mar
quando o tempo
em mim
naufraga o dia
meu peito
é porto
(sou partida)
o coração
não se basta
ancorado à vida
invento cais
e mares
invento
tempestades
quando o tempo
em mim
não suporta calmarias
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Intervalo das Águas
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não parto
cedo-me a âncora
feliz do mergulho
meu barco
deu-se
aos intervalos das águas
e hoje
eu nunca mais navegarei
hoje
me dirão
nos arrecifes
pelas espumas
das pedras
nesse mar
louco de pedras
meu barco
deu-se
à ferrugem dos calados
e hoje
eu nunca mais navegarei
não parto
dou-me ao mar
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Essa coluna é editada por Ivaldo Gomes e colaboradores. ivg@terra.com.br |
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"Não tenho horizontes
tenho sonhos à vela
e a tempestade da história".
Lúcio Lins
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