doar
o centeio negro à claridade das manhãs
o que sustenta um homem contra as tempestades
não sabe ao certo do que ele é feito e no que se desfaz
partes estão sempre desmoronando coisas estão sempre deixando
de ser no corredor de ossos O Clarão e mais um filho é devolvido à relva
O pavilhão de trevas
Quase nunca é preciso soprar as cinzas
dos olhos
ninguém vem retribuir à terra a água colhida na palma da mão
tu não avanças mais cantando
há a impossibilidade da semente
vir a se tornar uma floresta sem ressentimentos
tu não avanças mais cantando
sem notar a caridade dos dias
com o direito de ocultar todo horizonte com uma elevação de lágrimas
Mas se sabia,
desde os primeiros sinais, que não vieram, que os ventos varreriam a terra, cavando,
até expor aos nossos olhos
as esmeraldas deste funeral
as esmeraldas deste funeral
o centeio negro à claridade das manhãs
já foi doado,
e embora vozes se erguessem
não deixaste
O Doador de Sombras
esses clamores vagos clarões
Nem nuvem vã desceu até teus olhos os calcanhares
com que pisaste o canto
dos que se erguiam em bando
em defesa dos dias
e o leito de sombras foi armado
lá
onde
do Alto semeamos ossos
As doações
o que sustenta um homem contra as tempestades
não sabe ao certo do que ele
é feito e no que se desfaz
Ah de quem foi este pé que se recusa a dar um passo ah
essas mãos trêmulas depostas aos nossos pés
Do Alto, semeando ossos
As doações
nós nos dizíamos
Eis o beber a seiva derramada
O Pontilhão Escuro está cantando ao vento:
um dia
a água do corpo correrá ao contrário, vindo ao teu encontro,
e tuas aves serão feitas de terra
Eis o beber a seiva derramada
ah de quem foi este pé que se recusa a dar um passo
Mas a criança há de nascer mais antiga
sob um sol de cinzas se desfazendo sobre nós
partes estão sempre desmoronando
somos, em nós, as doações recentes,
as recém-nascidas doações estão sonhando,
indo para o mais antigo Campo de Miragens nu
O
Doador de Véus
E o mais antigo desmorona
aos nossos pés
se se recusam a dar um passo antigo se
tudo passa, o lentamente,
em nós
coisas estão sempre deixando de ser
Se as Fontes imóveis de repente
cantassem em nós
ah, as cantantes caladas
oh se cantassem de repente
A verdade é que
o pé tateia o limo
a mão espera o líquen dos afagos
E tudo bem silenciosamente
Este desejo é longo quando passo
através da opaca cintilância
Ah, a Opaca cintilância
desses filhos mortos semeados pela relva
quando passo
no corredor de ossos
um olho ainda cintila
a Lã
que ama o fogo sem balir
O Clarão
o fogo-fátuo destas fontes
Eis o beber a Seiva, a seiva derramada
A água do corpo
não correrá ao contrário em nós
tremia
um mineral profundo
e mais um filho é devolvido
à relva
quando menos se esperava tanto espanto
A Voz
soluça entre gorjeios
Quem sabe a santidade ser
O osso leve
de
um filho devolvido à Relva
O pavilhão de trevas
está se abrindo
Dobrados diante dele joelhos
de fruta
Para colher a melhor flor
da estação, quantas sementes
esperando a Seiva lenta,
aguardando um pranto
Quase nunca é preciso
soprar as cinzas dos olhos
Quase nunca é preciso
lançar ossos no abismo
Estamos sempre dispostos a temer as manhãs
estamos sempre nas manhãs,
tremendo
ninguém vem retribuir à terra a água
Colhido na palma da mão tem um abismo
É essa a fonte do coração oco entre miragens
Tomo, de ti,
a tua mão na minha
Estas ruínas ficam bem
caladas quando passo
doar
o centeio negro à caridade das manhãs
Se doendo
sem dOr
partes se dando: Do Corpo do poema em si, ao fora de si, ao Que?m buscando Em sonhos, a Margem brandamente escurecida
sem o direito de ocultar a caridade dos dias
mas com direito a vislumbrar todo o horizonte velado, a Elevação de Lágrimas
Fonte do coração, do Oco
entre miragens
as esmeraldas neste funeral
As esmeraldas deste funeral
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