TERESA FERRER PASSOS
TRÁFICO DE CRIANÇAS
com a conivência da sociedade civil...

Uma ONG (Organização não governamental) francesa denominada Arca de Zoé pretendeu sair do Chade (país centro-norte africano) com 103 crianças. Tinham elas idades compreendidas entre 1 e 10 anos e, sem qualquer documentação que o legitimasse, íam metê-las num avião, comandado por um piloto belga e com tripulação espanhola, com destino a França.

As autoridades do país (antiga colónia francesa) consideraram este procedimento como ilegítimo e altamente condenável pelas leis pelas quais se rege o Chade, uma das, não muito frequentes, democracia africanas.

 A acção levada a cabo pelos franceses da ONG foi, desde logo, considerada um rapto de crianças com o fim de as traficar, ou seja, de as vender por boas somas de dinheiro. De facto, a ONG pretendia vender as crianças a famílias francesas que as queriam adoptar, pois tinham sido informadas de que se tratava de crianças órfãs, vindas de uma região mártir da guerra, a região de Darfur. Esta é uma região sudanesa, com a qual o Chade tem fronteira.

 No Chade muitos refugiados de Darfur têm encontrado guarida. Mas, as crianças eram mesmo chadianas e tinham as suas famílias. Esta ONG considerou talvez que tivessem, ou não tivessem pais, isso não era muito importante; serem órfãs ou não, que importava? O que importava mesmo era satisfazer os pedidos dos clientes...

  Se não fossem as medidas imediatas do Presidente do Chade, Idriss Deby Itno, estas crianças teriam sido, na sua quase totalidade, retiradas aos seus pais e mães, evidentemente famílias pobres, mas que não os abandonaram à sua sorte. Querem os seus filhos, consigo, porque lhes deram a vida.

Este país, um dos mais pobres de África, coloca ainda os valores da família, ou seja, da maternidade progenitora, em lugar mais alto do que as «vantagens» da vida da sociedade consumista-materialista dos países europeus, sob a supervisão da globalização, a descaracterizar o sentido superior da família autêntica e, ao mesmo tempo, a querer mesmo apagar a sua importância no universo da vida humana!

 O princípio pelo qual se rege a adopção não pode colocar famílias ricas acima das famílias pobres. É preciso não esquecer que foram estas que, mesmo pobres, deram a vida aos seus filhos. Por isso, lhes chamam filhos.

O conceito de verdadeiras mães e verdadeiros pais está em crise na sociedade Ocidental. O conceito de que só há uma verdadeira mãe, tenha ela as características sociais que tiver, não pode ser escamoteado em função dos interesses egoístas das famílias bem instaladas na vida e financeiramente abonadas que consideram que o filho de um estranho, pode bem substituir um filho verdadeiro, ou seja, dado ao mundo através do seu próprio corpo.

O países pobres que abundam na África ou na Ásia ou nas Américas Centrais ou do Sul, estão a ser vítimas de organizações que, para ganhar fortunas, esquecem que Mãe há só uma!

3 de Novembro de 2007

Teresa Ferrer Passos

«Harmonia do Mundo» - www.harmoniadomundo.net