Há uma triste garoa
há um réquiem de muitos
silêncios
há uma homenagem solene
para uma revoada de melros
mortos
Há alguns suicídios por
tédio
há a gênese de novos
tumores
há escolha para síndicos de
prédios
para uma revoada de melros
mortos
Há uma dança macabra
há um cortejo fúnebre
há amigos de muitas
solidões
para uma revoada de melros
mortos
Há um chorar condoído
há rumores apocalípticos
há adágios para o nascer do
dia
para uma revoada de melros
mortos
Há glaciares se derretendo
há muitos olhares
incrédulos
há destinos se precipitando
para uma revoada de melros
mortos
Há uma bandeira à
meio-mastro
há transatlânticos
ancorados no porto
há rancores multiplicados
entre nuvens
para uma revoada de melros
mortos
Há canções para o morrer da
noite
há tremores de mais asas
débeis
há impenetráveis cegueiras
vivas
para uma revoada de melros
mortos. |