Fora do estádio
eu jogo os infernos
e o céu arde as olimpíadas do fogo
Fora do fogo sinto o frio infernal
Fora do céu minha carne é azul, minha pele branca de nuvens,
Fora do espinho sou o sangue da roseira
Fora de ti sou eu perdido em tudo isso
Fora de mim é você quem sabe, é você que me encontra, é você que me
acha, é você que
me oferta
visto a coberta do verão e tremo por dentro do meu sol,
Fora das águas sou a carência de teus elementos
Fora do pensamento sou a pura luz
Fora do sentimento sou a morte que ainda pensa nela
Fora do trânsito dirijo minhas asas e colido num silêncio cheiroso
mas estou dentro de você, de tudo isso e de mim que não se agüenta
Rebenta, Tempestade De Fora,
enquanto sou vidro por onde a espreitam seres que não eu
que não eu que não tu que não valsa que não rock
Espertas são as primaveras, que não se comovem com nada disso que estou lhe dizendo
Fora das estações...
sou a flor de rádio,
a sonora rosa dos hits vendendo as pencas, dúzias de dores
enquanto os círios cinzentos invernam sobre o mar
restaurando a chama
nas ardências gozei um pouco
nas geleiras feri meu norte
Fora de Cristo sou a cruz, puxada em todas as direções
e o centro do mundo sangra o princípio de outras religiões
Mártires, precipícios, que fazer com tudo isso,
quando se é homem?,
encarnando os perfumes do fogo, as doçuras do ar e os espaços de
qualquer tempo,
namorando as almas que se me passam distraídas,
e honrando os filhos de meu derradeiro casamento?
o que se faz com a esposa, o que se faz com o pai quando se inventa a
outra,
quando se beija a puta,
quando se cospe em Deus, nos anjos, e nos falta a saliva do mais
dizer?
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