Na Linha Férri o negror desaglutina. Albumina? Melanina? Memória das 304 cruzes ao longo do asfalto cadáver, por onde locomotivas, casais e uirapurus; alegria nos atropelamentos de trem é estatística PONTO 1, bem como o futebol, no além-gramado. Férri, era neto da minha loucura, mas dizia-se espanhol, catalão ou napolitano; não me lembro bem noites de insônia ou cápsulas de vitamina azul: impotência da razão – deu-me o cargo de vigia, nas manobras da contravenção das linhas; Bisturi, meu apelido – em código espanhol? Nicaraguês; só sei-me em ondas, de vulcões superlatinos – SUPER HERÓI BRAVO, REDONDO DE SOL E BRANCO. Com muitas partes do corpo queimadas: registro de óbitos vesuvianos; uma lava pega o trem, o tempo não é linha reta; bombástico como cabeça preste-explódi, num giro de doer a nuca encontro relógios e algumas aves, ponteiras da estação, pousadas em pedras de atrito: foguinhos leves – brandas refeições das águas (elas também comem, rios, praias, enfim águas de toda cor banqueteiam no trem levando tanques, cântaros, potes de flagelação e rêgo, para o bem de todos os mortos em flores: FÊRRO VÉIO FÉRRO VIO, e Rio bastante bêbado, corro minha substância para longe das plataformas do início, e desanuveio:: Nuvem em Banda, Cigarras De Fole, Garceons Prateados e outros instrumentos de restaurante; os homenageados desembarcam. São 15:05 hrs. Prova de minha Lucidez Relativa – Ver Horas, embora Perdida Mulher.
(Mário Montaut)
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MÁRIO MONTAUT é brasileiro, paulistano, de ascendência italiana, espanhola, indígena, moura, francesa e outras. Desenvolve uma sequência de composições que vêm à luz, já em dois trabalhos: "Bela Humana Raça", Dabliú, 1999, e "Mário Montaut: Samba De Alvrakélia", a sair nos próximos dias pelo selo MBBmusic. São muitos anos de vivências artísticas, num panorama que inclui Dorival Caymmi, René Magritte, Manoel De Barros, João Cabral De Melo Neto, Borges, Chico, Caetano, Gil, Dalí, Fellini, Buñuel, Webern, Cartola, Breton, Blavatsky e muitos amores mais, indispensáveis à sua criação, que abarca, além das canções, poemas, textos, roteiros e outras coisas interessantes. Mário Montaut é basicamente um parceiro de todos os seus contemporâneos e ascendentes, humanos ou não, saibam eles ou não. Índios, Negros, Europeus, Sem-terra, Brisas, Baleias, Maremotos, Chuvas, Livros, Discos, Beijos e Trovões Em Todas As Roseiras. Atualmente grava um disco de parcerias suas com o poeta Floriano Martins, onde a talentosíssima intérprete Ana Lee canta grande parte do repertório. Mário Montaut é um pouco de tudo isso. E muito mais, com certeza, pode ser descoberto em seus discos lançados, em suas tantas canções já gravadas, poemas, textos, e múltiplos achados. |