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MÁRIO MONTAUT |
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CANTOS PARA O OLHO DE BATAILLE
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EU TE AMO Não; excrevizár-me: baião de touro, xote da luz e mangue, EU TE AMO alpiste e bem-te-viste-nua-às ondas...colírias para igreja, irrompem-se calabares de berros grades de ar: Livre, EU TE AMO e duro na alforja de pau negro, com estrelas a prumo de minha glande enlanguecida, EU TE AMO Vingança da Beleza em ondas dos teus ruivos cabelos, e lábios cor-de-gelo, EU TE AMO quand´xingas mantras do xadrêz Deus uniforme; EU TE AMO informe exato:::: adeus das margaridas, e areias mouras, EU TE AMO coroutona d´invernias consagradas, EU TE AMO encabulados terraços de arenas polvas, tubaranas e o chope, bento mar de alcool suave e guelras, garras de carinho e saudade, EU TE AMO mato crescendo da pele d´água alcochambrada, EU TE AMO Vênus, Myrtes, barroco Netuno em filtro de vidro amarrado em corda de hérnia violina, EU TE AMO abajur de nossos filhos chispam beiços, águas de flúor, águas de choro, águas de beber renasçam, EU TE AMO perto dos olhos mar e tranças, dinastias do esquecimento, EU TE AMO e o promontório veste o ocaso chapéu de nuvem, ensolarada alegria do medo, e o sol tomba perfeito, EU TE AMO enquanto beiços hunos, unam nus lábios de estrela, índios; EU TE AMO ricos de constrangimentos, e a pupila da música atroz nos dedos, EU TE AMO Fuga, de glória e beijo dente raiz e folhas, EU TE AMO premiada contemplação das vestes na areia sem a moça que os passos nos ouçam bem, EU TE AMO dedilhadas palhetas d´unha em tambor fino de tua carne amor; Respiro... EU TE AMO e sem nunca confundir, teu gozo, com a ausência de rios nas veias, de estrelas no oásis, EU TE AMO com o ouro da saliva, e a remela dos diamantes, com o espírito de um negro, EU TE AMO com câncer e hortelã aids e pimenta com ranhos de estrela d´alva, EU TE AMO ácido úrico e tremores líricos, Flauta e Revólver Bach, EU TE AMO sem jamais confundir teu êxtase, com a ausência de Deus no Ânus, EU TE AMO em Kether e em Malkuth, Jardim Ângela e Itapoã, EU TE AMO Cristo e suas abelhas com o mel da contra-fé e negros anjos da carne azul, EU TE AMO sem confundir teu cadáver com a ausência de todas as encarnações, EU TE AMO vida plena, valsa algoz, ira serena, EU TE AMO Joana D´Arc Madalena, e na forca de Marcela, fio do manto de Iansã, EU TE AMO na gangrena dos cristais, na aleluia dos corais, via-láctea e cafezais, EU TE AMO nos abertos céus convulsos, em confusos girassóis, EU TE AMO com aquilo, isso ouriço e muito mais.
(Mário Montaut)
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MÁRIO MONTAUT é brasileiro, paulistano, de ascendência italiana, espanhola, indígena, moura, francesa e outras. Desenvolve uma sequência de composições que vêm à luz, já em dois trabalhos: "Bela Humana Raça", Dabliú, 1999, e "Mário Montaut: Samba De Alvrakélia", a sair nos próximos dias pelo selo MBBmusic. São muitos anos de vivências artísticas, num panorama que inclui Dorival Caymmi, René Magritte, Manoel De Barros, João Cabral De Melo Neto, Borges, Chico, Caetano, Gil, Dalí, Fellini, Buñuel, Webern, Cartola, Breton, Blavatsky e muitos amores mais, indispensáveis à sua criação, que abarca, além das canções, poemas, textos, roteiros e outras coisas interessantes. Mário Montaut é basicamente um parceiro de todos os seus contemporâneos e ascendentes, humanos ou não, saibam eles ou não. Índios, Negros, Europeus, Sem-terra, Brisas, Baleias, Maremotos, Chuvas, Livros, Discos, Beijos e Trovões Em Todas As Roseiras. Atualmente grava um disco de parcerias suas com o poeta Floriano Martins, onde a talentosíssima intérprete Ana Lee canta grande parte do repertório. Mário Montaut é um pouco de tudo isso. E muito mais, com certeza, pode ser descoberto em seus discos lançados, em suas tantas canções já gravadas, poemas, textos, e múltiplos achados. |
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