Sim, estivemos pelas faculdades do amor e você chovia descalça.
Eu ria sequinho, de terno e idade;
mas surrupiávamos impensáveis sonhos
e de tão jovens flertes
a universidade se abria
o gramado sem precedentes acatava os meus sapatos e crescia meu olho em seus pés
Corríamos pelo verde em nossos passos de poder
(e as pedras então?)
Místicas passarelas por onde desfilávamos a inocência do amor em pressa
Nas suas faculdades de saber chovendo
correndo meus olhos crescidos em seus pezinhos nus
Sabíamos algo, calculo pela celeridade da nossa fuga entre meninos
Jóias daquela pureza não nos resfriariam escondidas
Que sentido isso faz numa faculdade amando as chuvas?
Quando num súbito que não se apreende em hora de aula
E tampouco nos formaríamos despertos ou sonhantes amados no pequeno flagrante chovido em tempo
A fonte não envenenada estudava a ciência da corrida
Lições da tarde em terra
E meu coração de olho nos seus pezinhos em carne d´água.
(Mário Montaut)
Falo até Deus, em nome da nossa Fé
Independe
das pendências fraternais do uso
que toda uma raça
partilha pelos espaços múltiplos
(cheios de coisas)
no Tempo
uma das dimensões de Deus
não sei se você me entende
independe
até mesmo desta jóia pensamental
no intenso âmago do Templo onde ela pulsa
reflete
e pende
independe
das teclas onde digito a música
também dela isto independe
estando eu quase sozinho
você pensando em nós
independe
a pulsação do meu
com o seu coraçãozinho
e sem resquícios de saudade
nossa Fé
já claridade
independe
(Mário Montaut) |
MÁRIO MONTAUT é brasileiro, paulistano, de ascendência italiana, espanhola, indígena, moura, francesa e outras. Desenvolve uma sequência de composições que vêm à luz, já em dois trabalhos: "Bela Humana Raça", Dabliú, 1999, e "Mário Montaut: Samba De Alvrakélia", a sair nos próximos dias pelo selo MBBmusic. São muitos anos de vivências artísticas, num panorama que inclui Dorival Caymmi, René Magritte, Manoel De Barros, João Cabral De Melo Neto, Borges, Chico, Caetano, Gil, Dalí, Fellini, Buñuel, Webern, Cartola, Breton, Blavatsky e muitos amores mais, indispensáveis à sua criação, que abarca, além das canções, poemas, textos, roteiros e outras coisas interessantes. Mário Montaut é basicamente um parceiro de todos os seus contemporâneos e ascendentes, humanos ou não, saibam eles ou não. Índios, Negros, Europeus, Sem-terra, Brisas, Baleias, Maremotos, Chuvas, Livros, Discos, Beijos e Trovões Em Todas As Roseiras. Atualmente grava um disco de parcerias suas com o poeta Floriano Martins, onde a talentosíssima intérprete Ana Lee canta grande parte do repertório. Mário Montaut é um pouco de tudo isso. E muito mais, com certeza, pode ser descoberto em seus discos lançados, em suas tantas canções já gravadas, poemas, textos, e múltiplos achados. |