Nas asas do amor soberano, ditosas foram um dia
os poços, as fontes.
Nas praças, esvoaçavam libélulas, flores de laranjeira,
limoeiros frondosos.
Gazelas airosas, nos jardins amenos, recitavam
o vinho, a seda, as roséolas da aurora.
Num gahzal antigo, os alaúdes cantavam,
as pedras o seu destino azul confirmavam,
e as raparigas, em safiras brilhantes, sua herança
de luz transmudavam,
porque, das redomas de paixão, contemplando
a sua amada, Al Mu’tamid, dissera:
—Vem noite, sumptuosa e opulenta,
roseta de espirais fantásticas, flor de mel e carícias,
nas minhas pálpebras, acende os nenúfares,
as águas, os dedos de cetim.
Canta, para sempre, o paraíso que roubei ao tempo,
nos segredos brandos que guardei,
nos archotes túmidos
dos teus bosques de encantamento.
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