Nas membranas do olhar, a noite rescende, entre luas,
miosótis, abrindo-se, entre estrelas e corais,
orquídeas do mar.
Na cintura imaculada dos salgueiros, junto aos rios,
descobri que as tuas mãos são vogais que se abrem,
na sombra das palavras inúteis.
Que resta então senão atear o silêncio onde apenas
a música assoma?
À noite, há serpentes líquidas despontando, à mesa,
entre cálamos e plumas, marcas misteriosas,
entre ampulhetas de sombra onde descubro
um mundo novo (um mundo apenas),
no lume leve das formas inocentes
que habitam a incerteza, o sortilégio, o ardor,
nas rodas incessantes cobertas de ilhas, mapas,
navios nocturnos transportando o olhar,
esvaziado até à mudança,
por entre as cítaras mágicas, os remansos claros
e as sílabas que se alongam
por entre notas musicais.
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