É quase o corpo, movido pelos arados, cercado de agulhas
moribundas.
E a vida canta, inóspita, à beira de outras nuvens.
Pelas aras de cinza, nada me resta senão o voo invisível,
pelas margens da agonia,
e a noite incessante que me traz a terra, a espessura do sangue,
os caminhos frescos.
Agora sou o limite que emerge, o pulso, o grito,
o som que principia.
E chego, porque há novas harpas que se enredam nos dias.
Alguém me fala.
Sobre negros precipícios, há espelhos negros
e a vida mal definida que preenche as casas.
Algures os limoeiros florescem e reanimam a face lívida,
olvidada pela música.
Pelos tinteiros de luz, pinto estrelas de sombra.
As cinzas dormem e há novas raízes que se libertam,
pela mão semeada, adormecida.
É, pelo corpo, cercado de espelhos, que vivo e atravesso
o olhar, a assonância crescente, a semente do diálogo.
Alguém escutará o novo fulgor, o embate cego
contra os muros, a complexa ogiva.
Como uma lâmpada, caminhará a palavra,
pedra cintilante, nome e destino, vagido enigmático,
luzeiro obscuro, esporo de veludo,
coroado pelo vento.
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