Embora, pelo rigor e pela erudição que caracterizam a introdução a cada uma das peças e o respectivo aparato crítico, esta obra se destine essencialmente aos estudantes e estudiosos da literatura e da cultura clássicas, na linha de outras publicações também oriundas do Instituto de Estudos Clássicos de Coimbra, nomeadamente Hélade e Romana, duas antologias preciosas de traduções da Professora Maria Helena da Rocha Pereira, não se trata de uma edição estritamente consignada a circular no meio académico, porque faculta ao público em geral, ou seja, àqueles que, como a maioria de nós, não têm acesso aos originais em grego clássico, a possibilidade de ler e citar, numa versão em língua portuguesa fidedigna e de valor literário incontestável, alguns dos textos fundadores na história da cultura ocidental, como Rei Édipo e Antígona, por exemplo. Não menos importante é, aliás, a divulgação de outras tragédias de Sófocles menos conhecidas, que poderão também ser utilizadas entre nós em estudos de literatura comparada.
Assim, se bem que os autores se tenham atido a uma apresentação das peças traduzidas no âmbito da sua especialidade, ou seja, da filologia e da literatura gregas, é indubitável o interesse desta obra tanto para estudiosos do sector como para os de línguas e literaturas modernas, e ainda para o leitor comum que pretenda conhecer as raizes da sua cultura.
Resta acrescentar que, em apêndice às mais de seiscentas páginas de texto, esta edição inclui "Estampas" - cinco "Ilustrações Antigas" e vinte e nove fotografias de "Encenações Modernas", reproduzindo cenas, trajos e objectos - destinadas a transportar-nos, tanto quanto possível, ao ambiente original das tragédias que, não se destinando, como qualquer outra obra genuinamente dramática, à leitura privada, encontravam a sua realização plena na declamação pública, com acompanhamento gestual e rítmico que as imagens das representações contemporâneas (abdicando embora de muitos elementos da dramaturgia grega clássica) nos ajudam a imaginar. |