Morreu Saramago e, como sempre, os
habituais hipócritas ou interesseiros, vêm-lhe festejar o cadáver.
Nunca o apreciaram, mas dizem-se pesarosos. É o habitual. Eu também
nunca o apreciei - quer como escritor, quer como pessoa. Como
escritor, a despeito dos galardões, achei-o sempre limitado. Como
pessoa era envinagrado e pedante (leiam-se as memórias do comunista,
mas consistente, Orlando Neves, um dos melhores poetas lusos, e
ficar-se-á esclarecido sobre o personagem). Mas nunca o ofendi, como
muitos que agora fingem desgosto. Outros, por dever militante,
tentam forçá-lo a prestar um último serviço...à "causa". Chamam-lhe
homem livre. De facto, foi um estalinista, um apreciador de
ditadores (quem esqueceu o elogio a Fidel e ao Stalin, que segundo
ele foi um homem de pulso?) e um homem de obediencias cegas.
Mas era um ser humano, que merecia que
não lhe babujassem o cadáver com fingimentos".
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José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não perfizera três anos de idade. Toda a sua vida tem decorrido na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas e às vezes prolongadas as suas estadas na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades económicas.
No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo depois exercido diversas outras profissões, a saber: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance ("Terra do Pecado"), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista "Seara Nova".
Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa" onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do "Diário de Notícias". Desde 1976 vive exclusivamente do seu trabalho literário.
Prémio Nobel da Literatura, 1998 |