Para António da Costa, como se viu, a filosofia cristã está na génese da civilização do progresso. Porém, o Cristianismo pode e deve continuar a contribuir, não só como ideal, mas de forma prática como instituição social, para o aperfeiçoamento deste progresso já alcançado.
Neste sentido, D. António da Costa defende que esta contribuição decisiva do cristianismo para a realização do autêntico progresso deverá ser feita a três níveis. Um deles é a promoção da caridade que já referimos de forma desenvolvida anteriormente. Outro, é a moralização da sociedade e das relações humanas através da prática da moral cristã. Contudo, estes níveis só podem ser realizados através de um terceiro que é a educação. A educação foi um dos ideais mais apaixonantes que moveram D. António da Costa . Além de ter sido o fundador do Ministério da Educação em Portugal, escreveu vários livros sobre este assunto e defendeu determinadamente a necessidade desta para todos os cidadãos. Só a educação pode corrigir as mentalidades, aperfeiçoar a moral individual e elevar o homem ao verdadeiro progresso informado pela mensagem cristã . Entendia que os principais males do século tinham por base a ignorância. Assim sendo, lutou com todos os meios ao seu alcance pela promoção da instrução.
Tenha-se em conta que, nesta época, à educação não era dada a importância como às outras obras sociais. É por isso que D. António, sabendo o menosprezo que se dava à educação e vislumbrando a sua grande importância, lança um apelo à Igreja em Portugal na pessoa dos seus representantes quando tinha responsabilidades políticas no campo da educação: "Desejáramos nós que (...) os bispos portugueses fizessem uma cruzada de pastorais, de exortações, de conselhos, e que os párocos debaixo da direcção dos seus pastores esclarecessem os povos por todos os meios (que são muitos, especialmente nas povoações rurais), mostrando à face dos princípios cristãos o quanto a obra da instrução popular é igual às outras obras de caridade." (1)
Para nós, hoje, a educação é um sinal inequívoco de progresso. Naquela altura era uma conquista a ganhar. E nem todos lhe davam o devido valor. Convenhamos que D. António da Costa teve o grande mérito de visualizar e apostar na educação como meio indispensável para contribuir para a realização de um progresso onde o homem fosse promovido no seu todo. |
(1) Idem, História da Instrução Popular em Portugal, Porto, 1900, pp. 195-196. |