internidade
equinocial
"a mãe abre as
costas placentárias."
ranhura, carlos vinagre
o areal distendia-se
no reflexo dos pés deixava marcas trilhadas
de esquecimento enquanto reflectia a noite
no estômago do mar
por perto as estrelas
pendiam a espuma
os ventos sulares eriçavam
a epifania da água quentes jorravam
no estalo da equidistância pela humidade abrasiva
que transbordava para dentro desenhando o limite das
algas
nas pontas dos pés
o rugido era vagaroso
como a vaga que ronrona estendia-se perante a
pulverização
da roupa a nudez era muda
tocada pelo aguaceiro da chama constante
como tudo o resto que o não era
o corpo ígneo correu
para o líquido amniótico encontrou a fetalidade da
memória
que não tinha lembrou-se do que nunca percebera
porque nascia em dança salgada
erotizada de lua
existiam gritos que não se ouviam
no choque das ondas e maternidades que não se dão
quando a onda se entrega liquefacções dos átomos
que ainda não se repulsaram estão na centelha da
eternidade
eternamente perdida
a noite afaga o corpo húmido
na internidade de um cosmos vazo o caos sereno faz
detonar
gestos arrebatados vibram pela epiderme fecunda
de quem não existe o prazer culmina
no esperma misturado
de espuma salina
o rumo inverso demonstra
que o trilho não existe que a erosão revolve pegadas
para o caos liso como o veludo celeste
pintalgado de verdes que cintilam
o obscuro é alquimia da noite em dia
de doses iguais
o corpo revolve
para a memória
e descobre que não existe tudo o que estava
permanece
na mutação mas o corpo soube que quando esteve foi
deus até que a areia lhe saísse dos pés
para o esquecer
sentiste o corpo
regressar ao útero mãe?
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