intrusão
Na casa nunca se sabe que horas são.
Talvez o xadrez do chão.
Talvez as caneluras das paredes.
Talvez os caixilhos das janelas.
Talvez os varões das escadas.
Mas o conjunto, não.
Os aparadores não sabem.
Os candeeiros não acendem
Nem apagam.
Os quadros desapareceram.
E quem desce ou sobe
Não se decide a continuar,
Suspende-se
No local de todas as possibilidades.
É assim que pode entrar a luz,
O seu véu de noiva tonta, louca,
Arrojada pelo chão,
Irrompendo para onde
não foi sequer convidada.
|