Eu era cego e tu me revelaste
a cor oculta: jacarandás floridos.
Presentes nos jardins onde crescemos,
contemplando seus roxos esvaídos.
Eu era mudo quando me ensinaste
a clamar, com júbilo, este fascínio.
Contigo, aprendi a deslumbrar-me,
a olhar árvores como corpos femininos.
Eu surdo era diante dos cicios
de frondes violetas pela brisa tangidas,
de sinos violáceos tocados pelo estio...
Sei hoje ornar-te com pétalas de versos,
e recolho, nas áleas, corolas caídas.
Jardineiro me tornei do paraíso! |