Antes que do desconhecido surja...
Antes que do Desconhecido surja
a inevitável Ave de Rapina
e me capture e leve, em suas garras,
ouso erguer - pássaro fugaz eu sou —
para meus poemas novo ninho.
Onde, emplumados por versos e ideias
e a salvo da prosa predadora,
cresçam alguns, e dele partam voando,
atingindo os bosques de outras mentes
nos quais prossigam gorjeando.
Mago sou, mas não remunerado.
No trémulo esplendor de sete décadas,
cantando e refulgindo estou.
Gero cada dia estrofes
Onde me sinto balouçando.
Assim, recriarei o fascínio do amor
- único voo que vale a pena! -
ebriedade lúcida, incessante,
e seu insólito fulgor, inútil e lancinante...