Antes que do Desconhecido surja
a inevitável Ave de Rapina
e me capture e leve, em suas garras,
ouso erguer — pássaro fugaz eu sou —
para meus
poemas novo ninho.
Onde, emplumados por versos e ideias
e a salvo da
prosa predadora,
cresçam alguns, e dele partam voando,
atingindo os
bosques de outras mentes
nos quais prossigam gorjeando.
Mago sou, mas não remunerado.
No trémulo esplendor
de sete décadas,
cantando e refulgindo estou.
Gero cada dia estrofes
onde me sinto balouçando.
Assim, recriarei o fascínio do amor
— único voo que vale a pena! —
ebriedade lúcida,
incessante,
e seu insólito fulgor,
inútil e lancinante...
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Tito Iglesias
Poeta em Português de nacionalidade espanhola, residente em Paço d'Arcos (Lisboa), de teor surrealista, com larga vivência no Brasil. Membro da Academia Brasiliense de Letras. |