Sob as arcarias do segredo
hei-de levar-te a
Compostela.
Mas suportará nosso silêncio badaladas
que tombam da torre Berenguela?
Sonho de peregrino esfarrapado,
o de guiar-te até meu berço
granítico, venustamente ornado
por azeviches, contas dum negro terço.
Sou um peregrino impuro:
irei para te amar, não para preces...
Mas se houver
permanência em minha terra,
suplicarei que sempre por mim rezes!
Dos
lençóis de palavras do meu leito
não se ergue a poesia sem mistério,
qual mulher amante do recato,
ocultando a formosura de seu peito.
Enevoado permanece este enigma,
como única porta de acesso
a Santiago de Compostela,
burgo dos fins do
medievo,
com júbilo amordaçado
nos versos que não escrevo...
Homem que no caminho sempre erra,
sou peregrino
pouco puro.
Vim para te amar, não para preces.
Após a permanência em
minha terra,
suplico-te que sempre por mim rezes!
p.61 |