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TERESA TUDELA
“Entendimento, sabedoria e arte
– o contributo poético”


(Comunicação  apresentada no Colóquio Internacional António Gedeão / Rómulo de Carvalho – “Novos Poemas para o Homem Novo”, Porto, ISMAI, 24/Nov., 2006)

PEDRA FILOSOFAL

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão, "Movimento Perpétuo", 2004: 105

 

Tenho por certo que, quando hoje em dia se pensa em Gedeão, há um núcleo de sentido, que ocorre indissociavelmente, é o de que “o sonho comanda a vida”.

Quer nos apropriemos desta atracção magnética, tornada numa espécie de máxima empírica benévola, de forma popularizada, de forma politizada, ou de forma “platonizada”, ela comanda as necessidades apolíneas que se vão prefigurando à frente dos desconfortos existenciais de cada um.

Eu, que sou também professora, (e por acaso “estreei a minha vida oficial de professora, no Liceu Camões, [não em] 1934”, mas em 1974) e que sou forçada, na presente mutação fordista do ensino, a exercer-me como tecnocrata, numa espécie de pedagogia administrativa orientada por grelhas e cruzinhas em matrizes, sinto na apropriação popular deste poema um inegável refrigério.

Será este um papel primeiro da poesia. O de dar voz, e portanto corpo, (acrescentarei balsâmico), à necessidade, também ela pericial, de devolver à vida a sua basilar e Aristotélica sensatez.

Poema dirigido à nossa sombra, à “zona de clandestinidade do desejo”, nas palavras de José Gil (2005: 64), a “Pedra filosofal” é uma verdadeira zona T (Lupascu, 1951, 1987), uma lógica de afectividade estética de não-contradição, aposta à dicotomia aparentemente contraditória que decorre da proposição encerrada no título: entre a máxima densidade matérica da “pedra” e a densidade mínima das formas velares do pensamento, em “filosofia” poética. 

Até porque, (cito):

Sob o arco da aliança
Da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação do caos
à confusão da harmonia.
Movimento Perpétuo, 2004: 104

E a necessidade de “arrumação do caos” parece ser tão mais premente, quanto mais se fala de “Homem Novo” e de mudanças de paradigmas, isto enquanto as instituições de ensino, de facto, continuam a manter o modelo clássico de classificação e compartimentação do conhecimento herdado do século XVII e consolidado no século XIX.

A este “velho” modelo, acresce agora a ênfase desenfreada no desenvolvimento da capacidade de dar respostas a questões e o próprio sistema de avaliação e de validação é concebido com base neste modelo.

Acontece que, com o início da aceleração e da multiplicação do conhecimento, este paradigma começou a dar sinais de exaustão já há algumas décadas. Todavia, as instituições reafirmam o modelo de conhecimento vigente, enfatizando uma especialização cada vez maior e uma correspondente compartimentação crescente do conhecimento.

Enquanto especialistas das mais variadas áreas alertam para a necessidade de inovar e de se adaptar às mudanças para sobreviver, cada vez mais os gestores e decisores são desafiados a lidar com informação e conhecimentos de áreas cada vez mais distintas e até díspares, para os quais não foram preparados nas suas formações iniciais.

Fala-se hoje, novamente, em forjar um perfil generalista, mas ao mesmo tempo não se quer abrir mão do domínio de mercados por afiadíssima especialização.

A busca pelo profissional apto e pronto a dar respostas tem levado a que os requisitos de contratação exigidos pelo mercado sejam cada vez mais eivados de exigências absurdas e sem sentido.

Urge que se entenda qual é o conhecimento de facto relevante e, principalmente, qual é a competência mais eficaz para os nossos dias, uma vez que a competência de simplesmente dar respostas a questões apresentadas, há muito deixou de reflectir eficiência.

Cada vez se fala mais em desenvolvimento de competências, mas parece longe de estar claro que tipo de conhecimento deve ser aprendido e que tipos de competências são relevantes para a mudança.

Como encontrar respostas, enquanto, como Armstrong “espetando uma bandeira no chão poeirento da lua” (Gedeão, 2004: 299), simplesmente se estiver a reproduzir velhos paradigmas para um novo contexto?

O crescimento sem precedentes dos saberes da época actual torna legítima a questão da adaptação global a esses saberes. A harmonia entre mentalidades e saberes pressupõe que tais saberes sejam inteligíveis, compreensíveis, para se tornarem assimiláveis, quer a nível individual, quer a nível de consensos comunitários.

A imprescindível necessidade de ligação entre as diferentes disciplinas e áreas do saber traduziu-se na emergência, (desde meados do século XX), das noções de interdisciplinaridade, que diz respeito à transferência dos métodos de uma disciplina para outra, e de pluridisciplinaridade, que diz respeito ao estudo de um objecto de uma única e mesma disciplina efectuado por diversas disciplinas ao mesmo tempo.

Sendo que o saber sairá assim enriquecido por cruzamento, esse “algo mais” não altera todavia a sua finalidade, que permanece restrita ao âmbito de pesquisa da actividade ou da disciplina em questão.

É nossa premissa que a postura programática que envolve aquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de toda e qualquer disciplina, é a transdisciplinaridade. (Nicolescu, 2000).

Conforme indica o prefixo “trans”, (tornar-se “outro”, constituir-se como “outro”), na visão transdisciplinar, “a pluralidade complexa e a unidade aberta são duas facetas de uma única e mesma Realidade.” Citando Nicolescu:

«Um novo Princípio de Relatividade emerge da coexistência entre a pluralidade complexa e a unidade aberta: nenhum nível de Realidade constitui um local privilegiado de onde seja possível compreender todos os outros níveis de Realidade. Um nível de Realidade é o que ele é porque todos os outros níveis existem ao mesmo tempo. Este Princípio de Relatividade é fundador de uma nova maneira de encarar a religião, a política, a arte, a educação e a vida social. E quando muda a nossa maneira de encará-lo, o mundo muda. Na visão transdisciplinar, a Realidade não é somente multidimensional – ela é também multirreferenciada.»

Afirma, ainda, Nicolescu que os diferentes níveis de Realidade são acessíveis ao conhecimento humano graças à existência de diferentes níveis de percepção, que se encontram em correspondência biunívoca com os níveis de Realidade. Estes níveis de percepção permitem uma visão cada vez mais geral, unificadora e globalizante da Realidade, sem jamais a esgotarem inteiramente.

A coerência dos níveis de percepção pressupõe, como no caso dos níveis de Realidade, a existência de uma zona de não resistência à percepção (Stéphane Lupascu).

Pretendo argumentar, sobre este varrimento do nosso estado do mundo, que o que o Físico, Rómulo de Carvalho, faz transcorrer na sua escrita e apresenta como geo-referência humanista, “pedra filosofal” poética é, para além de uma relação multidisciplinar, científica, didáctica e humanista com a realidade, uma relação transdisciplinar, de lógica quântica, em que a percepção poética se constitui como zona de menor resistência.

E ainda que, se tal como ele próprio sustém, não se opere em Rómulo de Carvalho a “adherence to a belief” (C. S. Peirce, 1877) e, porventura tão-pouco, aquela “willing suspension of disbelief” (1), preconizada por Samuel Taylor Coleridge (1817) para a viabilização do conhecimento por “intuição poética” ou “poetic faith”, independentemente do que Rómulo de Carvalho afirma sobre as suas relações com Deus ou, se quiserem, à revelia dessas mesmas afirmações, pretendemos evidenciar a lógica de “terceiro incluído” (Lupascu, 1960) contida no consensual humanismo poético de Rómulo de Carvalho, tal como é manifestado na poesia de Gedeão.

 

“O real é a intersecção da pluralidade dos mundos possíveis”, (Barbosa, 1995: 160). Citamos Pedro Barbosa] e, ainda de Metamorfoses do Real, referimos que é nas relações entre o mundo imaginário oferecido pelo poema e o mundo empírico factual do leitor que se situa o grau de mimesis mantido entre a obra de arte e o mundo real ou seja, quando a pseudo-referencialidade (do poema) se torna simulacro auto-referencial (para o leitor), a prefiguração de mundos possíveis permite o jogo de indagação às estruturas do real, numa tensão (Rorty: 1988) prospectiva em direcção ao aqui e agora, ou seja ao presente Aristotélico.

Assim o poema se torna verdade “substantiva”, porque deixa de ser imaginário, para ser referencial, em detrimento do real empírico, ou numa nova concordância com ele (Putnam, 1981).

Quando esta recolocação da verdade se opera, a verdade como correspondência, numa relação "agreeable to reason." (C. S. Peirce, 1877) – os enunciados verdadeiros correspondem a factos pressupondo que estes, enquanto correlatos dos enunciados, existem no mundo real, (C. S. Peirce,1934), estamos perante o outro papel da poesia – a sua função libertadora.

Sendo que, mesmo depois de construído, qualquer universo imaginário terá que ser testado em função da sua referencialidade, o poema torna-se, assim, o veículo e o testemunho da “íntima comunhão com o mundo” de que falava Vergílio Ferreira (também ele professor no Liceu Camões) e que se oferece ao leitor, para que o leitor dela se torne fruidor e com ela possa comungar desta forma de mediação directa entre o homem e o mundo; desta verdade vivida por dentro, através da voz sensível da poesia.

Temos, portanto, a interioridade (do poeta) respondendo à objectividade (do cientista), ou como nos diz Umberto Eco “o uso emotivo das referências e o uso referencial das emoções” (1971: 83), operando uma mediação de encontro por transcorrência; uma mediação de acessibilidade ao grande plasma universal através da co-experimentação estética, por mediação electiva.

Parece-nos, claramente, uma mediação de teor de terceiro incluído, como enunciado, por exemplo em Movimento Perpétuo:

Chamei o meu ser que pensa
Para ralhar com o que sente.
Sempre que os ponho em presença
Sorrio piedosamente.
Movimento Perpétuo, 2004: 103
(sublinhado nosso)

Para nossa feliz fruição e enriquecimento, o sorriso sábio de António Gedeão, algo como o da Mona Lisa, transforma-se em poesia, transversalmente apreendida até ao grau de popularização que Rómulo de Carvalho almejava, não para si, mas para a sua função didáctica.

Como afirma numa carta a Jorge de Sena:

“Tenho insistido em certo ritmo de verso, em certo trabalho de rima, em certa medida, tudo por calculada tenção didáctica. A mentalidade pouco tra­balhada do nosso público precisa de engodo para ser trazida até nós. Depois de inclinada para a nossa expressão poderá entender-nos de outros modos. Tenciono alargar bastante as regras da minha poesia, mas não do todo porque sou um espírito eminentemente didáctico. É por didactismo, e não por amor da tradição, que insisti em formas clássicas de poesia. (2004: 321).”

Argumentamos que António Gedeão acede intuitivamente aos ingredientes que fazem a sua poesia um mediador, cujas regras Rómulo de Carvalho pretendia abduzir (C. S. Peirce).

Rómulo de Carvalho pretendia instaurar ritmo e rimas para forjar um “engodo”.

Ora este “enfeitiçamento” do povo, que o pedagogo queria inteligir e operar, já o menino Rómulo de Carvalho demonstrava saber, logo no seu primeiro poema, a primeira quadra que fez, aos 5 anos:






Era uma vez um menino
Que não era nada feio
O que tinha de extraordinário
Era um feitiço no meio

Como faz notar Natália Nunes nas Notas Introdutórias: “o que os Leitores poderão apreciar no fac-simile do manuscrito da quadra, incluído na Obra Com­pleta, é que o pequeno poeta teve uma hesitação: escreveu primeiro, no último verso, «era uma coisa no meio», depois riscou o termo coisa e substituiu-o por feitiço” (2004: 21).

Socorro-me de Sophia de Mello Breyner Andresen para consubstanciar a importância deste meu ponto. Na Correspondência, também a Jorge de Sena, em comentário ao verso dele: “As crianças nascem com uma coragem que perdem.”, Sophia afirma: “o poeta é o homem que não perde a coragem com a qual nasceu.” (2006: 28).

Pretendemos argumentar que, nesta questão de “engenho” e “arte”, o “engenho” de Rómulo de Carvalho o deixa aquém do poder de “enfeitiçar”, ou seja da “arte” de António Gedeão. A tal ponto, que o faz interrogar-se sobre a perda de si.

Perda, ao ponto do “ingénuo” suicídio, referido em carta a Sena (2004: 320), ou ao ponto da cedência ao relacionamento com o real por hegemonia da erudição, que trará o vector da ironia à sua poesia e interrogações recorrentes do teor destas:

Onde?
Na cidade do corpo onde é que mora
a fonte da Poesia?
Em que lugar, neste momento agora,
anónimo colóide se decora,
[...]
no despertar insone, morno e plácido,
de algum aminoácido
insuspeito?
Linhas de Força (2004: 207)
(sublinhado nosso)

Ou ainda, sobre a tal natureza viscosa, pegajosa, “colóide” do raciocínio:

Suspensão coloidal
Penso no ser poeta, e andar disperso
na voz de quem a não tem;
no pouco que há de mim em cada verso,
[...]
tudo se escapa ao autor dos meus poemas.
A ele e a mim.
Máquina de Fogo (2004: 193)

Socorro-me novamente de Sophia de Mello Breyner Andresen, na Correspondência a Jorge de Sena: “... perco-me um pouco na erudição. Rigorosamente eu procuro só a “Sophia”, isto é, conhecimento que é con-nascimento. Por isso prefiro a poesia das Metamorfoses. Não sei se me explico bem.” (2006: 76).

Não sei se Rómulo de Carvalho se explicou bem. Em carta a Sena menciona: “... tive uma trágica conversa comigo mesmo, a sós, e resolvi nascer de novo” (2004: 320)

Este re-nascimento, este diferente “entendimento” de si, referi-lo-á com a idade simbólica de 33 anos (soma hermética = 6: devoção) (2), num poema datado de 19-02-1939 (soma hermética = 7: transmutação), da seguinte maneira: 

QUIS O DESTINO DAR-ME O ENTENDIMENTO
33 anos, 19-2-39

Quis o destino dar-me o entendimento
que aos outros nega ou muito regateia
para sofrer do mal que nos rodeia
mais talvez que do próprio sofrimento.

Entendo a voz do mar e a voz do vento,
ferocíssima voz de raiva cheia.
Sinto o pudor que a pétala incendeia
no fecundante e trágico momento.

Percebo a Natureza em tudo quanto
são cuidados, tristeza, inquietações,
heróica dor sem lástimas nem pranto.

Sacrário aberto às rudes aflições,
oiço falar os homens e entretanto
não lhes entendo as falas nem razões.

Da Juventude, Anexos, 2004: 661
(negrito e sublinhados nossos)

Nascido, por destino, com o dom, o talento, do entendimento “sagrado” (“sacrário”) ou seja, a “coisa”/”feitiço” dos 5 anos, (na referência anatómica ao “centro sacro”), é agora, aos 33 anos, o todo-homem-“sacrário”, que lhe permite a percepção, a união de conhecimento com a Natureza, com o Universo, mas não com os homens, em sociedade. Não-conformidade, esta, que tanto lhe amargaria a existência (Ek-sistenz, Heidegger, 1943), facto de que temos notícia nos entrelaçamentos de ironização poética.

E ainda o mesmo “trobar clus” (3), na melhor tradição trovadoresca e camoniana, em “Aquela que em meus sonhos tem guarida”, novamente aos 33 anos (= 6: devoção), datado de 1939 (= 4: o humano):

AQUELA QUE EM MEUS SONHOS TEM GUARIDA
33 anos, 1939
Aquela que em meus sonhos tem guarida
é tão cheia de encantos que a comparo
a tudo quanto é belo, estranho e raro
sem recear que a tomem por vencida.

Dela recebo a lei que torna a vida
amargo desprazer ou sonho claro
pois quando a vejo em tudo sinto amparo
e, se a não vejo, a mágoa mais sentida.

Outros, a quem Amor não deu quebranto,              / : 6 (espiritual)
dir-me-ão que tais graças lhe entrevejo
porque a prefiro e porque a adoro tanto.

Que importa ao meu cuidado e ao meu desejo
que aos olhos da razão lhe falte encanto
se é com olhos de amor que sempre a vejo?         / : 4 (humano)

Da Juventude, Anexos, 2004: 662
(negrito e sublinhado nosso)

Sendo este um poema exemplar de “ocultação”, porque esta exposição já vai longa, iremos apenas evidenciar a intenção na alternância da grafia Amor / amor – que denota, intencionalmente, o espelhamento, a simetria entre Amor espiritual e amor humano.

Amor, a ferramenta de abordagem ao conhecimento que prevalece na sua poesia e igualmente indica, nas cartas a Sena, como ingrediente humano prioritário na sua recepção (cito) “(d)o sentimento do mundo através de uma viva interpenetração de todas as coordenadas humanas, todas, sem excepção.” (2004: 316).

Assim fez. A isto chamamos, no início, “transdisciplinaridade”.

 

Para concluir, e tentando fechar o arco que temos vindo a desenhar, diremos que no «entendimento» do cientista, do professor e do erudito se forja a generosidade de intenção e de intervenção socio-cultural de Rómulo de Carvalho. Na «magia» do poema se encerra a «sabedoria» que seduz o senso-comum e lhe revela o sentido de transcendência da realidade empírica, que tornam António Gedeão uma voz transfinita, uma consciência universal, um homem de todos os tempos. É esta a “alquimia”.

Bibliografia

António Gedeão, Obra Completa, Relógio d’Água Editores, Lisboa, 2004.
Aristóteles, Ética a Nicómaco, 2ª ed., Quetzal Editores, Lisboa, 2006.
Basarab Nicolescu, O Manifesto da Transdisciplinaridade, 2ª ed., Triom, São Paulo, 2001, tradução de Lucia Pereira de Souza. Também Hugin, Lisboa, 2000, tradução de Bardus.
Basarab Nicolescu, Stéphane Lupasco - O Homem e a Obra, ed. Triom e Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2001, tradução de Lucia Pereira de Souza.
Charles S. Peirce, Collected Papers, vol. V (1934), Vol. VI (1935), 4ª ed.,Harvard University Press, Cambridge (Mass.), 1978.
Edgar Morin, La tête bien faite - Repenser la réforme, réformer la pensée, Éditions du Seuil, Paris, 1999.
Helena G. Langrouva, De Homero a Sophia, Viagens e Poéticas, Angelus Novus, Coimbra, 2004.
Hilary Putnam, Reason, Truth and History, Cambridge University Press, Cambridge, 1981.
Hilary Putnam, Representation and Reality, Cambridge, Mass.: MIT Press, 1988. Reeditado em 1991.
José Gil, Portugal Hoje, O Medo de Existir, 5ª ed., Relógio d’Água, Lisboa, 2005.
Manuel Maria Carrilho, Verdade, Suspeita e Argumentação, Editorial Presença, Lisboa, 1990.
Maria Andresen de Sousa e Mécia de Sena, (org.s), Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena, Correspondência 1959 – 1978, Guerra e Paz Editores, Lisboa, 2006.
Pedro Barbosa, Metamorfoses do Real, Arte, Imaginário e Conhecimento Estético, Edições Afrontamento, Porto, 1995.
R. Rorty, «Solidariedade ou Objectividade?», Crítica/3, 1988: 48 ss.
Russell Ackoff , Redesigning the future: a systems approach to societal problems, Wiley, New York, 1974.
Samuel Taylor Coleridge, BIOGRAPHIA LITERARIA (1817) - Chapter XIV.
Stéphane Lupascu, Le principe d'antagonisme et la logique de l'énergie - Prolégomènes à une science de la contradiction, Col. "Actualités scientifiques et industrielles" , n° 1133, Paris, 1951 ; 2ª ed. Le Rocher, Col. "L'esprit et la matière", Paris, 1987, prefácio de Basarab Nicolescu.
Stéphane Lupascu, Les trois matières, Julliard, Paris, 1960. Reeditado em livro de bolso, em 1970, na colecção “10/18”; 2ª ed., Cohérence, Strasbourg, 1982.
Stéphane Lupascu, O Homem e as Suas Três Éticas , com a colaboração de Solange de Mailly-Nesle e Basarab Nicolescu, Instituto Piaget, Lisboa, 1994.
Umberto Eco, Obra Aberta, 2ª ed., Editora Perspectiva, São Paulo, 1971.

Fontes de informação

Basarab Nicolescu, «Le tiers inclus - De la physique quantique à l'ontologie»
Basarab Nicolescu. «Toward a Methodological Foundation of the Dialogue between the Technoscientific and Spiritual Cultures»

http://perso.club-internet.fr/nicol/ciret/bulletin/b13/b13c11.htm

Charles S. Peirce, «The Fixation of Belief», Popular Science Monthly 12 (November 1877), 1-15.

http://www.peirce.org/writings/p107.html

Notas

(1) "(...) it was agreed, that my endeavours should be directed to persons and characters supernatural, or at least romantic, yet so as to transfer from our inward nature a human interest and a semblance of truth sufficient to procure for these shadows of imagination that willing suspension of disbelief for the moment, which constitutes poetic faith." SAMUEL TAYLOR COLERIDGE, BIOGRAPHIA LITERARIA (1817) - CHAPTER XIV.

(2) Terminologia escolhida por se harmonizar com «A Ciência hermética», que publica na «Cosmos», em 1947. 

(3) Referenciamo-nos pelo conceito de Raimbaut d'Orange.